domingo, 21 de fevereiro de 2010

Máfia do Histórico Escolar cobra 500 reais pela fraude

Do Jornal Bahia On line

500 reais. Este foi o valor pago pela estudante A.B.S. por um histórico escolar do curso técnico em Administração, emitido pelo Colégio Estadual de Ilhéus. Em depoimento à delegada Andréa Oliveira, a estudante – que agora cursa Direito em uma faculdade particular do sul da Bahia – confessou o crime e denunciou uma ex-funcionária da instituição estadual de ser a responsável pelo esquema de fraude. Informações dão conta de que a polícia já está à procura da funcionária, demitida, anos atrás, por justa causa. Ela - que mora em Itabuna, sul do estado - está foragida.

Pelo menos vinte históricos escolares suspeitos de falsificação já estão sendo investigados pela delegada Andréia Oliveira dos Santos, titular da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) da 7ª. Corpin, em Ilhéus. A delegada é a responsável pelo inquérito policial que tenta desarticular uma poderosa - e, ao que parece, antiga - quadrilha de falsificadores que “esquenta” documentos escolares no sul da Bahia. Todos os documentos apresentados à polícia pelo atual diretor do Colégio Estadual de Ilhéus, Jailton Teles, foram questionados por faculdades particulares e até escolas técnicas de enfermagem, depois que os primeiros casos de falsificação vieram à tona e foram tornados públicos.

Desde o primeiro caso, apresentado em maio à polícia baiana pelo diretor da Direc 6, Ednei Mendonça, o “modus operandis” da quadrilha parece ser o mesmo. O inquérito foi aberto pela delegada, depois que a irmã de uma estudante de Direito, de iniciais A.B.S, de 21 anos, denunciou a própria parente por ter ingressado na faculdade apresentando documentação falsificada. No Histórico Escolar da aluna já foi confirmada a falsificação de duas assinaturas e sua ficha não existe nos arquivos do Colégio Estadual.

O Jornal Bahia Online apurou que três professores já foram ouvidos pela delegada. Há casos grosseiros de falsificação de históricos até mesmo de alunos que estão prestes a graduar em faculdades do eixo Ilhéus-Itabuna. Muitos sequer passaram pelas salas do Colégio Estadual de Ilhéus. Mas, de acordo com o documento, estiveram por lá durante muitos anos. Depois que a notícia ganhou repercussão, as próprias instituições de ensino resolveram tomar a iniciativa de solicitar informações da escola a respeito de alguns dos seus alunos. Dos 20 pedidos solicitados até o momento, todos apresentaram sinais evidentes de falsificação, garante um dos professores.

Em alguns documentos que estão em posse da delegada, os erros são absurdos. Vão desde assinaturas falsas, inclusive de servidores que já haviam morrido à época do preenchimento até equívocos em matrizes curriculares. “Tem um caso onde um aluno de Administração tem um Histórico Escolar mais parecido com o curso de Enfermagem”, disse um dos depoentes. Em outro caso, o histórico de uma aluna é assinado por um servidor que deixou a instituição, antes mesmo do nascimento da fraudadora. “Nos anos 80 e 90, os históricos eram preenchidos à mão. Mas, acredite: alguns falsificados foram preenchidos em computadores”, revelou outro depoente.

A delegada Andréia Oliveira apura se os casos de agora estão relacionados à problemas detectados, anos atrás, quando uma servidora do Colégio Estadual de Ilhéus que cuidava deste setor, foi demitida a bem do serviço público, logo após responder a um inquérito administrativo. “Lembro como se fosse hoje. Era muito trabalho a ser feito e ela usava a desculpa de levar o trabalho para casa, para adiantar”, revela um ex-diretor da instituição. Ele acredita que a polícia pode ir muito mais além, se investigar não apenas os históricos que apresentam erros grosseiros. Mas alguns tecnicamente normais, também.

Do jornal Bahia On line


“Chegamos a ter denúncias de que esta funcionária esquentava documentos sem deixar margem para identificar irregularidades”, explica. O esquema era simples: como ela levava documentos da escola para casa, preenchia tudo corretamente e dava para a direção assinar. Depois, levava novamente para casa e, dizem, completava o histórico até a conclusão dele. Na prática era assim: o histórico de um aluno da 5ª. Série era preenchido e assinado. Depois, complementado sem que o aluno tivesse que necessariamente completar todas as etapas do curso”. Tai, portanto, mais uma pista para a polícia que tenta, agora, organizar as informações para começar a desvendar um crime que parece ter grandes proporções em todo o sul da Bahia.


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