terça-feira, 27 de julho de 2010

Humor nas Eleições é garantido por candidaturas exóticas

Do Atarde On Line

Regina Bochicchio, do A TARDE

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Lula nasceu no interior do Ceará e, quando completou 4 anos de idade, a mãe decidiu vender o pouco que tinha na roça e aventurou-se com os seis filhos pela estrada para encontrar o pai, que trabalhava em subemprego na cidade grande. O garoto Luís estudou em curso técnico, formou-se, filiou-se ao PT, tornou-se líder político e hoje ocupa um cargo de poder.

Qualquer semelhança com a história de Luiz Inácio da Silva, o presidente do País, não passa de mera coincidência, porque o Lula em questão é Luís Maciel de Oliveira, 39 anos, vereador no município de Lauro de Freitas, que quer entrar no Poder Legislativo baiano. Ele é um dos 947 candidatos que disputam uma das 63 vagas para a Assembleia Legislativa ou 39 cadeiras na Câmara de Deputados.

Na Bahia, são 671 candidatos para deputado estadual e 276 para federal. Exóticos e até engraçados, eles estão em todos os partidos e querem o seu voto.

Como nem todos têm espaço na TV para pedir voto – privilégio para alguns da coligação – nem dinheiro para tocar campanha na rua, na acirrada disputa política vale quase tudo para chamar a atenção. Criar pseudônimos engraçados, fantasiar-se, expor e levantar a bandeira da orientação sexual, usar apelido de infância ou até o nome do presidente da República, que é puxador de voto imbatível, certeiro na maioria das vezes.

Ajuda, mas Luís garante que não foi exatamente esse o motivo. “Eu costumo dizer que no Brasil, todo Francisco é Chico, todo José é Zé e todo Luís é Lula. Foi uma coisa natural esse apelido, desde menino”, conta o candidato. Revela que em 1992, quando disputou vaga para a Câmara de Vereadores de Lauro de Freitas, e a eleição era ainda na base da cédula, percebeu que muitos eleitores seus escreviam o nome Lula no papel.

Embora não tenha vencido o pleito este ano, levou em frente a ideia e – outra coincidência – foi eleito somente na quarta disputa (2004) assim como o presidente, que venceu pela primeira vez em 2002. Lula, o vereador, que é militante da esquerda há mais de 15 anos, admite que o nome ajuda.

Que o digam, ainda, o governador Jaques Wagner (PT), candidato à reeleição, seu adversário Geddel Vieira Lima (PMDB) ou a candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT): todos querem aparecer como unha e carne com Lula, o presidente.

Apelidos - No terreno dos nomes de candidatos para as chapas proporcionais há um pouco de tudo a exemplo de gente que se identifica pelo ofício como Beto da Mineração (PSOL), Batista da Sorveteria (PRB), Ivo da Tubaína (PTC), Russo Barbeiro (PSDC), Zé Poeta (PSOL).

Há os que usam apelidos dos mais esquisitos ou engraçados – às vezes esses adjetivos também valem para os próprios candidatos. O que dizer de Juquinha do Trenzinho (PSDB), Nem Grande (PMDB), Bilau (PSL), Fusca (PTC), Budog (PTN), Abençoado (PSC) e Porreta da Mata Escura (PSL)?

A vereadora de Salvador Leo Kret do Brasil (PR), que também sai candidata a deputada estadual este ano, será a principal concorrente de Porreta da Mata Escura (PSL), que levanta a bandeira das travestis baianas.

Edson Silva Barbosa, 34 anos, a Porreta da Mata Escura, é “cabeleireira, bailarina e coreógrafa”, além de liderança comunitária do bairro que lhe empresta o apelido.

“É um nome artístico, como eu era conhecida quando participava durante dois anos num programa de TV local”. O programa em questão é o “Se Liga, Bocão”.

Porreta quer aventurar-se na Assembleia Legislativa para defender os direitos dos homossexuais e transgêneros, além de ter projetos em mente para ajudar crianças pobres. “O motivo de Leo Kret ter sido eleita é porque vivemos um momento de quebra de tabus na sociedade. É preciso pelo menos um representante no estado para isso acontecer na Bahia”.

Porreta, até agora, conta com apoio de “Deus, familiares e amigos”. Os dois últimos entram com algum dinheiro, arrecadado em vaquinhas. Deus entra dando “sorte”. Se tem medo da concorrência de Leo Kret do Brasil? “Nada! Ela é minha amiga, a gente se encontra em shows, por aí”.

Saiba mais:

ELEIÇÕES PARA DEPUTADOS

O que é chapa proporcional?

É um grupo de candidatos de vários partidos que se aliam para disputar as vagas para deputado estadual e deputado federal. É “proporcional” porque depende da quantidade de candidatos em cada partido da coligação e número de vagas. É o quociente eleitoral que define os eleitos numa chapa proporcional

O que é quociente eleitoral?

O quociente varia conforme número de votos válidos e vagas. As legendas que não alcançarem o quociente eleitoral não concorrem à distribuição de mandatos.

A conta para se chegar ao quociente eleitoral é: número de votos válidos dividido pelo número de vagas. O partido só elege se alcançar esse número, sendo cada vaga correspondente ao múltiplo deste.

Manuela Cavadas / Agência A TARDE


O candidato Batista da Sorveteria. Apelido vem da profissão
O candidato Batista da Sorveteria. Apelido vem da profissão
















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