Prédio da Associação Comercial de Ilhéus vai sediar o lançamento da frente democrática na cidade. Imagem: Ed Ferreira.
Prédio da Associação Comercial de Ilhéus vai sediar lançamento da frente democrática. Imagem: Ed Ferreira.

Por José Henrique Abobreira

abobreira artigoÀs 17 horas da próxima terça-feira, 9, na sede da histórica Associação Comercial de Ilhéus, promoveremos o renascimento do espírito irredento da nossa princesinha do sul, cidade rebelde que fez surgir para o mundo as catucadas do cafuzo Antônio Fernandes na luta pela expulsão dos franceses invasores do solo pátrio; urbe do povo oprimido do engenho Santana, o corpo escravo que produzia o açúcar e, revoltado, dobrou os feitores e senhores de baraço e cutelo e os obrigaram a uma rendição cujo resultado gerou a primeira convenção de trabalho escrita de que se tem conhecimento no Brasil, em pleno século XVIII – página da nossa história representada na ópera rock 1789, do Teatro Popular de Ilhéus.

Ilhéus é terra libertária que não assistiu passiva os acontecimentos revolucionários de 1930, 1935 e 1945 (neste episódio contribuiu com a participação de dois eminentes homens públicos que aqui construíram sua atuação de estadistas republicanos, os eternos e socialistas João Mangabeira e Eusínio Lavigne, prefeitos progressistas dessa urbe). O município que em 1964 viu seus filhos ilustres Madureira, Eronildes Abobreira, Bina, Osório Pinto, lutadores por um Brasil mais justo para os trabalhadores, pagarem com o opróbrio da prisão injusta, alcançados pelo regime de força que rompeu a legalidade democrática do país, sufocando-o com a privação das liberdades políticas.

Sim, nessa terça, mulheres e homens de espírito público reunir-se-ão para organizar o lançamento da FRENTE ILHÉUS DEMOCRÁTICA PELAS REFORMAS POPULARES. 


Ilhéus não assistirá indiferente e inerte à felonia dos congressistas Eduardo Cunha e Renan Calheiros.  Esses senhores, na contramão da história, tentam impor uma agenda extremamente conservadora, derrubando direitos assegurados na carta de 1988, e trafegam divorciados dos anseios verdadeiros da sociedade brasileira.

Da reforma política tentam uma contrarreforma, institucionalizando o financiamento empresarial de campanhas, pai e mãe da corrupção que impera nesse modelo de coalizão governamental falido. Dos direitos dos trabalhadores tentam arrebata-los e entrega-los aos patrões financiadores de suas estripulias eleitorais. Além disso, impuseram a agenda política no Congresso, mediante um parlamentarismo às avessas, extremamente conservador e emparedando o Executivo como no caso da demarcação das terras indígenas e a redução da maioridade penal.

Aliada à crise política, a crise econômica. Com o recorte neoliberal, vassalo que é do mundo financeiro, Levy (“mãos de tesoura”) impõe ao povo brasileiro um ajuste fiscal que passa longe de tocar na taxação das grandes fortunas e heranças, para atingir diretamente com o desemprego os trabalhadores brasileiros e, com a política de juros altos, provocar a insolvência das pequenas e grandes empresas, agravada pelo  aumento de impostos. A classe média, imprensada nesse bolo, segue escorchada pela tributação que incide sobre o consumo e preserva grandes rendas. Tudo isso sob o aval do governo Dilma Rousseff.

Pior: esse ajuste fiscal paralisa a capacidade de investimentos em infraestrutura portuária, rodoviária e ferroviária do Estado brasileiro. Somente em Ilhéus estão paralisadas as obras da nova ponte e da Ferrovia Oeste-Leste, cujos trilhos vindos da Espanha e Coréia apodrecem nos pátios do Porto do Malhado.

O governo da Bahia, paralisado, hesita em autorizar, por falta de transferência de recursos, obras estruturais importantes e já licitadas em Ilhéus: o novo hospital da Costa do Cacau e o esgotamento sanitário da zona sul correm o risco de ficar congelados no plano das ideias.

É esse o quadro em que nós, mulheres e homens ilheenses, lideranças sindicais, intelectuais, trabalhadores, estudantes, igrejas cristãs, partidos políticos de esquerda e movimentos sociais apartidários, devemos formar uma frente política para uma atuação conjunta, para dizermos UM NÃO SONORO a essa onda conservadora que se abate sobre o Brasil tentando provocar um retrocesso.

Baseados na CARTA EM DEFESA DO BRASIL, DA DEMOCRACIA E DO TRABALHO, haveremos de nos organizar nessa frente progressista para a construção dos consensos que por certo não se esgotarão nessa quadratura da crise. Avançaremos para um movimento unificado em direção às eleições de 2016, com um projeto mínimo de proposta de governabilidade programática a ser implantada em nossa sofrida cidade de Ilhéus.

LEMBREMOS O MUITO QUE NOS APROXIMA E ESQUEÇAMOS O POUCO QUE NOS SEPARA!

VIVA A DEMOCRACIA! VIVA A FRENTE ILHÉUS DEMOCRÁTICA PELAS REFORMAS POPULARES!

José Henrique Abobreira é auditor da receita estadual e articulista do Blog do Gusmão. Foi vice-prefeito e vereador de Ilhéus. 

Do Blog do Gusmão