O
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se reuniu dia 31/05 com 500 empresários. Do
evento saíram duas frases importantíssimas, que acalentam o coração de quem se
preocupa com o futuro de nossa economia. A primeira foi assumir o estado em que
o país está. Nas palavras de Henrique Meirelles, o Brasil já chegou ou está bem
próximo do real fundo do poço. Isso é bom. Primeiro porque mostra que a equipe
econômica não vive no mundo da lua e o segundo, e mais importante, é saber que
o pior já passou. A segunda afirmação foi que o governo trabalhará duro para
criar empregos para os 11 milhões de desempregos da nação. Vamos comentar em
cima disso.
Segundo o
ministro, a retomada do emprego é essencial para que o Brasil saia da crise.
Parece óbvio, e é, mas também é verdadeiro. Vamos aqui explicar essa fala do
ministro.
O desemprego é
ruim por dois motivos:
- Ele tira dinheiro da economia de forma direta.
Isso acontece pois a ausência de dinheiro acarreta na falta de recursos no
lar. Com isso, o cidadão não vai às compras e isso paralisa o setor
de serviços, o que tem efeito cascata nos outros setores da economia.
- Ele gera um efeito psicológico depressivo na
sociedade.
Vamos
expandir o número dois, já que ele é mais complexo e não tão óbvio.
Pense em
uma família. Aquela é uma casa de sorte, já que os dois provedores(as) estão
empregados. Ali, não houve mudança na renda. Por outro lado, a irmã de uma
dessas duas pessoas é mandada embora. Além disso, houve aumento no condomínio
devido ao crescimento da taxa de inadimplência, pois houve um crescente
aumento no número de desempregados no prédio. Isso passa para esse casal, ainda
empregado, a sensação de que eles são sortudos e que é apenas uma questão de
tempo até que a demissão bata naquela porta. O medo do desemprego propaga como
uma epidemia. Há aqueles que estão doentes, e outros que morrem de pavor de
contrair o vírus.
Devido a
esse medo constante da desocupação, essa família, mesmo empregada, reduz
despesas. O pacote completo da TV a cabo é substituído pelo básico. Os
jantares em restaurantes aos finais de semana são substituídos por uma pizza
delivery. A troca do carro da família é adiada por mais um ano, e a viagem de
fim de ano para a Bahia é cancelada por algo mais próximo. Esses cortes de
orçamento são feitos por instinto, e o dinheiro que sobra é guardado. Isso é,
se sobrar algum dinheiro. Essa grana que deixa de circular faz falta. Quando
Maria, José, Alberto, Sabrina e milhões de outros brasileiros fazem a mesma
coisa, a grana em circulação, que já estava baixa devido ao desemprego, fica
ainda menor. Consequência? Comércios demitem, industrias também, e a
recessão só faz acirrar. Com o passar dos meses, já que a situação não melhora,
um dos dois sortudos daquela casa é demitido.
Que fique
claro, o Econoleigo não acredita e não defende que a economia doméstica dos
empregados seja a causa da crise, e muito menos que o empregado deveria gastar
em solidariedade ao desempregado. Está mais do que certo aquele que defende o
seu. A responsabilidade do cidadão é com sua própria família e a saúde
financeira do seu lar. A provedora não tem culpa que um governo falhou na
condução da economia.
Voltemos.
O governo anunciou na
semana passada (explicado aqui em post excelente no Blog do
Saul Sabbá) uma série de ajustes econômicos. Além de reduzir o tamanho da
máquina pública, Henrique Meirelles também deixou claro algumas posturas do
governo federal que mudariam dali para frente. O mercado reagiu bem com essa
medida. As agências de investimento e os bancos já reviram algumas previsões,
que de pessimistas tornaram-se levemente otimistas. Há aqueles que acreditam em
um crescimento módico ainda este ano. Uma grande evolução se levarmos em
consideração que o Brasil encolheu 4% em 2015.
Sabe a
postura do casal empregado descrita acima? Ela se aplica aos “ricos”, os
empresários e investidores. Ao verem que o governo perdeu a mão e que a
economia está indo para o brejo, quem ainda tem dinheiro deixa ele no
bolso. Isso faz com que novos empregos não sejam gerados e que dinheiro
não entre em circulação, o que movimenta toda a economia, conforme descrito há
pouco. Quando o empresariado percebe que o governo tem um plano sólido para o
país, o escorpião sai do bolso. Quem tem grana é gato escaldado e muito
experiente. O rico não colocará todo o dinheiro de uma vez no mercado. Ele fará
um pequeno investimento, algo como colocar o pé na água para conferir a
temperatura. Quando você amplia isso em escala nacional, voltam a aparecer
anúncios de emprego e de expansão de negócios. O telefone do comercial das
empresas volta a tocar.
Ao
afirmar que o governo atuará na geração de novos empregos, Henrique Meirelles
está querendo dizer tudo isso. Se ao invés de ouvir que duas ou três pessoas no
prédio ou na rua foram demitidas, o cidadão comum ouvir que um fulano qualquer
conseguiu emprego, há aquela sensação de final de epidemia. Opa, ninguém ficou
doente e que, além disso, a febre do desenganado baixou. Ciente que o pior
passou e que as coisas estão melhorando, o cidadão volta a comer fora, antecipa
a troca do carro e, ao invés de passar o feriadão em frente à TV, decide ir
viajar. Isso coloca a economia novamente nos eixos, e faz com que o empresário
invista mais e mais cedo.
Resumindo:
Às vezes o óbvio é o correto, e o fato do governo saber que tem que atacar o
desemprego é um excelente sinal, e é assim que você deve se sentir ao saber que
ao que parece, o pessoal lá no andar de cima começou a pensar.
Postado por http://econoleigo.com/importancia-de-acabar-com-desemprego/
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