Em mais uma escala na viagem pelo país organizada pelo PSB para tentar emplacar sua candidatura à Presidência da República no ano que vem, o deputado federal Ciro Gomes (PE) deixou claro ontem em Porto Alegre que o objetivo da articulação não é apenas lançar mais um nome governista - além da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff - para evitar o risco de uma vitória ainda no primeiro turno do pré-candidato do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra. A ideia também é conter o crescimento da vereadora em Maceió e ex-senadora Heloísa Helena (P-SOL) e evitar uma "radicalização" do processo eleitoral como aconteceu recentemente em outros países da América Latina.
Segundo Ciro, a ex-senadora e ex-candidata à Presidência em 2006 pode atrair os votos dos eleitores que desejam mudanças embora sejam simpáticos ao governo do PT. Na opinião dele, Heloísa tem força suficiente para provocar um segundo turno porque poderia ser o estuário de toda essa imensa corrente de pensamento que tem simpatia em relação ao governo Lula mas não acha que a questão seja pura e simplesmente conservar tudo o que está aí. mas é isso que interessa ao país, uma radicalização que no dia seguinte levaria à réplica daquilo que estamos assistindo?, indagou.
Para o pré-candidato, essa radicalização já existe entre o PT e o PSDB desde a redemocratização e abre espaços para a preservação de uma fração da classe política marcada pela corrupção pela cultura da fisiologia, da ineficiência, do desperdício, do privilégio e da roubalheira que não muda nunca. De acordo com ele, hoje, diante da falta de diálogo com os tucanos, o PT acaba justificando as alianças "mais incompreensíveis" para governar, "violentando toda a sua história".
A tese de Ciro é que ao entrar na corrida eleitoral como parte do mesmo campo político do presidente Lula, mas "para ganhar" com novas propostas para áreas como educação, saúde e segurança e para as reformas tributária, previdenciária e política, ele teria condições de ficar com os votos de quem quer mudanças no governo, que melhorou "todos" os indicadores sociais e econômicos do país, sem a volta do PSDB ao poder. Não será pela nossa conduta nem pela nossa militância que o país terá um risco de retrocesso conservador, afirmou.
O deputado negou ter acusado a ministra da Casa Civil de "não ter projeto", mas afirmou que a eleição de 2010 não pode se transformar em um "choque vazio" pelo poder entre petistas e tucanos. Ele disse que pretende montar a "maior aliança possível" para 2010, mas admitiu que está disposto a concorrer sozinho para apresentar uma "proposta genuína" e deixar para fazer as "legítimas concessões" num eventual segundo turno. "Alianças extremas no primeiro turno pasteurizam o debate porque fica todo mundo igual."
Conforme Ciro, o mesmo raciocínio vale para a eleição no Rio Grande do Sul, onde o PT tenta voltar ao governo depois de perder para o PMDB em 2002 e para o PSDB em 2006. Nome mais cotado pelos petistas gaúchos até agora para a disputa ao governo do Estado, o ministro da Justiça, Tarso Genro, já disse que só admite concorrer se for por consenso partido e com apoio de outras siglas, como o PSB, o PCdoB e ainda o PTB e o PDT.
Time que não joga não faz torcida, afirmou Ciro. Na opinião dele, o Rio Grande do Sul, como o Brasil, precisa de novas alternativas e o PSB pode concorrer ao governo gaúcho com o deputado federal Beto Albuquerque, numa aliança com o PCdoB, o PDT e o PTB. Temos grande afinidade com esses companheiros. Para o próprio Beto Albuquerque, o PSB e outros partidos não podem mais orbiitar em torno da disputa local inventada entre o PT e o PMDB. Temos conversado com várias forças políticas, com o PDT, o PCdoB, o PTB e inclusive o PP, afirmou.
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