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Brasília – Durante a audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas para discutir o Programa Nacional de Mudanças Climáticas, o coordenador do Programa Nacional Rede Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Inpe, Carlos Nobre, disse que as situações extremas do clima, no Brasil e no mundo, já são consequência do aquecimento global. Ele citou as enchentes no norte e no nordeste como efeitos "certos" das alterações do clima no planeta.
As previsões, segundo o especialista, é de que até 2040 a temperatura mundial suba 2°C, mas as tragédias climáticas da atualidade já são reflexo do que vai acontecer com o mundo. "Com a elevação do nível do mar em até um metro, a baixada fluminense, por exemplo, vai desaparecer", afirmou.
De acordo com as observações do Inpe, a região sul do país deve ser atingida por períodos de chuvas cada vez maiores, o que pode causar doenças antes só encontradas na região norte, como a malária. Na Amazônia devem ocorrer mais cheias e grandes áreas devem ser submersas. Para o nordeste a previsão é de aumento da desertificação, chegando a impossibilitar a vida em muitos estados.
Na avaliação do pesquisador, a dificuldade de adaptação do ser humano às novas condições climáticas e a consequente exposição aos perigos, podem aumentar ainda mais o impacto e a vulnerabilidade humanas na Terra. Segundo o especialista, a influência da humanidade no planeta nos últimos séculos tornou-se significativa a ponto de ser considerada uma nova era geológica, denominada antropocentro.
Segundo Carlos Nobre, a proposta da Rede Clima, criada em 2007, é apresentar um modelo brasileiro do sistema climático global, o que vai permitir um salto na capacidade de oferecer novos cenários para tomadas de decisão no planeta. Ele anunciou também a compra de um supercomputador avaliado em R$ 25 milhões, com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico que vai contribuir com as pesquisas realizadas pelos institutos nacionais de mudanças climáticas. Ele disse que a Rede Clima vai apresentar, num período de dois anos, um Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, cujos relatórios vão especificar todos os detalhes das mudanças climáticas no país. "O objetivo é apresentar soluções para que as previsões da ciência possam ser revertidas".
O líder do PSB, deputado Rodrigo Rollemberg, ressaltou que as pesquisas e as políticas públicas são as saídas para encontrar soluções em energias limpas para o Brasil. Segundo o parlamentar, o foco deve ser a redução da mitigação das emissões de gases de efeito estufa e a adaptação às mudanças climáticas. Rollemberg salientou que o Brasil deve aproveitar a oportunidade de uma nova economia que deverá emergir da crise econômica e da preocupação da humanidade com as emissões de carbono. O Brasil pode agregar indústria, pode gerar renda, pode gerar empregos dentro de uma nova concepção de um novo modelo de desenvolvimento chamado economia verde, disse.
O PSB promove nesta quarta-feira 20 um seminário para debater as propostas de economia verde, com as presenças do senador Cristovam Buarque e do pesquisador Carlos Nobre, no auditório Freitas Nobre da Câmara, às 14 horas.
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