Por: Davi Lemos
O governador Rui Costa (PT) criticou, nesta sexta-feira, 22, o "agigantamento" das estruturas do governo federal que, segundo ele, aumentam a burocracia e a desigualdade na distribuição de recursos para o desenvolvimento de estados e municípios.
"O governo federal se agigantou, não só no governo Dilma ou no governo Lula, mas há décadas", afirmou.
Segundo Rui, esse "agigantar-se" do governo federal, que ele compreende como uma centralização de decisões em Brasília, aumentou a burocracia, cujo custo pesa sobre o povo brasileiro .
Costa discursou ontem durante a cerimônia de posse do novo secretário de Desenvolvimento Econômico (SDE), Jorge Hereda, na sede da Procuradoria Geral do Estado, no CAB.
O governador descreveu o que sente ao chegar a Brasília. "Impressiona-me ver mais palácios e mais anexos sendo construídos para uma burocracia que está sendo ampliada. São os TCUs da vida e os tribunais de justiça, um mais luxuoso que o outro, isso tudo bancado pelo povo brasileiro", disse.
O petista entende que toda essa concentração estrutural em Brasília está calcada na ideia de que todos nos estados e municípios querem lesar os cofres públicos. "Portanto, precisam agigantar a máquina de controle, concentrando muitas decisões no governo federal, esvaziando estados e municípios", considerou Rui.
O governador ainda criticou a falta de investimentos na região Nordeste. "Não adianta criar uma Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) e deixá-la vazia, sem investimentos", apontou o petista, para quem a região precisa ter de volta aquilo que lhe compete.
Ele comparou o percentual de brasileiros residentes no Nordeste com o percentual de investimentos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para a região. "O Nordeste tem 29% da população, mas só recebe 12% dos investimentos do BNDES", disse o governador.
Hereda
Jorge Hereda buscou exemplo no futebol para dizer o quanto está feliz em atuar como secretário em seu estado natal. "Eu me sinto meio como o jogador de futebol que jogou em muitos times, mas nunca havia jogado no time do coração", comparou.
Hereda parabenizou o antigo titular da SICM, James Correia, pelo trabalho desenvolvido à frente da pasta, desde quando se chamava Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração.
Quanto ao cenário de crise, Hereda salientou que não é sensato subestimá-lo, mas disse que "não se pode cair na armadilha de achar que o mundo acabou". Ele, que é formado em arquitetura pela Ufba e presidiu a Caixa Econômica Federal, enfatizou ser necessário separar a "crise real" daquilo que é "efeito de disputa política".
Hereda atuou em secretarias de São Paulo, a maioria voltada para o desenvolvimento urbano e sustentável, e foi presidente da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab).
O ex-secretário James Correia também esteve presente e foi elogiado por Rui e por Hereda, dando sinais de que as rusgas da saída estão aparentemente superadas.
Correia havia feita duras críticas ao secretário da Fazenda Manoel Vitório, mas ontem contemporizou. "Exagerei nas críticas à Fazenda, mas este era um debate que fazíamos dentro do governo", disse Correia.
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