PARTIDO VERDE - Foto: site
O Surgimento do PV Enquanto Instituição Política
O Partido Verde surgiu como
instituição política na Tasmânia (Austrália). Um grupo de ecologistas
denominado United Tasmanian Group se reuniu pela primeira vez em 1972 com o
objetivo de impedir o transbordamento do Lago Pedder. Mais Tarde o grupo adotou
o nome de Green Party (Partido Verde em inglês). Na Europa os Verdes surgiram
nos anos 70 e se consolidaram como partidos políticos nos anos 80.
O Surgimento do Partido Verde no Brasil
O Partido Verde surgiu no Brasil,
em 1986, na cidade do Rio de Janeiro. A idéia partiu de um grupo de
ecologistas, artistas, intelectuais e ativistas, principalmente do movimento
antinuclear. Boa parte dos membros que ajudaram a dar origem ao PV no Brasil
passou pelo exílio durante o regime militar, mantendo, nesta época, contato com
os movimentos ecologistas e alternativos da Europa. O retorno dos exilados deu
um forte impulso ao movimento, mas não conduziu de imediato à organização de um
partido político Verde. Erroneamente, pensava se que a política Verde poderia
ser executada dentro dos partidos de esquerda, tão somente. Com o fim do regime
militar, em 1985, surgiu um novo ambiente político que acabou por estimular a
organização política dos Verdes. Dentro dos movimentos ecologistas da época, o
debate em dar forma ou não a um Partido Verde foi longo e áspero. No começo de
1986, um grupo composto por escritores, jornalistas, ecologistas, artistas e
também por ex-exilados políticos começou a dar forma ao PV. As circunstâncias
políticas da época eram muito positivas, levadas por influência das idéias
ecologistas e alternativas que vinham da Europa, especialmente dos Verdes da
Alemanha Ocidental.
As Primeiras Disputas Eleitorais
Embora legalizado o Partido Verde
não participou das eleições de novembro de 1986. Apesar disso, no Rio de
Janeiro, em uma aliança informal com o PT, o então líder verde, Fernando
Gabeira, disputou as eleições para governador do Estado. Foi uma campanha
maciça e entusiástica, porque, pela primeira vez no Brasil, nas tevês e nas
ruas, foram vistas manifestações por uma política predominantemente ecológica,
entre outras atitudes não conservadoras.
A reação foi dura e a candidatura
Verde recebeu oposição forte através da mídia conservadora. A campanha teve
seus momentos espetaculares, como por exemplo, o contingente de 100 mil pessoas
no memorável abraço ecológico à Lagoa Rodrigo de Freitas. Naquela eleição,
Fernando Gabeira obteve 7,8% dos votos e ficou em terceiro lugar. Os verdes
elegeram também seu primeiro deputado estadual, Carlos Minc, hoje Ministro do Meio
Ambiente.
Após as eleições de 1986, o
Partido Verde expandiu para outras regiões. Em 1987, foi organizado em São
Paulo e Minas Gerais e deu seus primeiros passos para o Norte e Nordeste. Foi
naquela época que tiveram de enfrentar problemas de ordem interna. Os Verdes
funcionavam bem como um movimento, fazendo ações diretas, criando fatos de
impacto, etc. Mas, quando veio a necessidade de montar as estruturas estáveis,
formais e regulares, necessárias para organização do Partido, a situação ficou
difícil.
Um dos maiores problemas foi
legalizar o Partido Verde, visto as dificuldades impostas pela legislação
eleitoral vigente. No começo de 1988 o Partido obteve seu registro legal
provisório e participou das eleições municipais. Nestas eleições, Os Verdes elegeram
20 vereadores, distribuídos entre os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo,
Santa Catarina e Paraíba. Foi em 1988 que o Partido expandiu para outras
regiões do país, especialmente na região da Amazônia, onde os Verdes tinham
como aliado o líder dos seringueiros, Chico Mendes. Ele sempre esteve muito
próximo do Partido Verde, que vivenciou seu esforço incondicional. Chico Mendes
participou, como observador, em diversas reuniões e convenções e discutia a
possibilidade de filiar-se ao PV e disputar uma vaga para deputado pelo Estado
do Acre, na eleição de 1990. Foi morto em 1988. O crime tomou a atenção de todo
o planeta.
Neste ano, os brasileiros votaram
para presidente pela primeira vez, desde 1960. O PV enfrentava um período
extremamente difícil de discussões, de esforços e de confrontos internos sobre
o que fazer. A princípio se desenhou uma campanha que teria um candidato de um
partido da esquerda para Presidente e o vice, seria do PV. O tal Partido de
esquerda se contrapôs à candidatura à vice, indicada pelos Verdes. Nesta
situação, a posição interna dentro do PV mudou e a idéia de um candidato Verde
para presidente ganhou força. O Verde escolhido foi Herbert Daniel, ativista
dos direitos civis, substituído posteriormente, por motivos de saúde. Com apenas
quinze segundos de tempo na tevê, sem nenhuma estrutura financeira, a campanha
presidencial Verde teve pouco impacto e eficácia perante o eleitorado. Mesmo
porque, a maioria habitual dos eleitores Verdes decidiu pelo voto útil,
beneficiando outros candidatos de esquerda que tentavam assegurar presença no
segundo turno. Os Verdes obtiveram neste pleito, menos do que 1% dos votos. No
segundo turno apoiaram a campanha da esquerda, derrotada por uma margem
estreita de votos.
As perspectivas para as eleições
de 1990 eram promissoras. Os Verdes esperavam eleger, pelo menos, cinco
deputados federais e dez deputados estaduais. Alguns artistas afiliaram-se ao
PV. Mas em maio de 1990, os Verdes sofreram um brutal e fatídico golpe,
provindo da Justiça eleitoral, que recusou conceder o registro provisório a
legenda. Diversos outros partidos tinham obtido este tipo de renovação antes,
mas os juízes decidiram de outra maneira e os Verdes foram proibidos de
existir, legalmente. Este episódio, decisivamente, impediu o crescimento do
partido, como era esperado. Ainda em 1990, impedido mais uma vez de usar sua
própria legenda, o PV carioca filiou um de seus ativistas em outro partido e
conseguiu, pela primeira vez, eleger um deputado federal.
A Escalada Organizativa e de Crescimento
Nas eleições municipais de 1992,
os Verdes elegeram 54 vereadores em todo o país e três prefeitos em pequenas
cidades do Estado de São Paulo. Após as eleições, alguns membros do PV foram
convidados para dirigir secretarias de meio ambiente em vários municípios,
inclusive em algumas capitais de Estado como, Rio de Janeiro, Salvador e Natal.
Em 30 de setembro de 1993, o Partido Verde obteve seu
registro definitivo junto à Justiça Eleitoral Brasileira.
Nas eleições presidenciais de
1994 o PV, novamente, apoiou o candidato das esquerdas, assim como fez em 1990.
Elegeu um deputado para o Parlamento Federal (PVRJ). Também elegeu três
deputados estaduais; um em Minas, um na Paraíba e um em São Paulo.
Nas eleições municipais de
outubro de 1996, o PV elegeu 13 prefeitos em pequenas cidades dos Estados de
São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Minas
Gerais; 189 vereadores distribuídos em 15 Estados da Federação. Em dois
municípios de São Paulo, os prefeitos Verdes fizeram seus sucessores. A maior
cidade com uma administração Verde, até então, passara a ser Rio Claro, no
Estado de São Paulo, com uma população de 160 mil habitantes, e posteriormente,
Guarulhos (1998), também no Estado de São Paulo, com uma população 1,1 milhão
de habitantes (o vice-prefeito filiado ao PV assumiu o cargo deixado pelo
prefeito em exercício).
Os Verdes definitivamente
cresceram em representatividade com a filiação do ex-prefeito de Vitória e
então Governador do Estado do Espírito Santo, Vitor Buaiz, que passou a ser o
primeiro Governador Verde do Brasil.
Em 1998 a situação política
nacional dava com folga uma vitória fácil para a reeleição do presidente social
democrata em exercício. A terceira tentativa do candidato de oposição, no
sentido de conduzir uma aliança das esquerdas foi duramente criticada e acusada
de ser mais um manobra para manter a hegemonia do seu partido do que para
ganhar realmente as eleições. Depois que as negociações políticas de alianças
com os partidos se esgotaram, mais uma vez, os Verdes decidiram apresentar
candidatura própria à Presidência da Republica. Desenvolveu-se uma campanha
pequena, de três meses, sem financiamento, que serviu mais para ajudar a
promover o programa e as agendas do PV. Em uma eleição novamente com muita
pressão pelo voto útil, dividiram-se os votos entre o então presidente e os
dois candidatos da oposição. O candidato Verde chegou em sexto lugar, entre
doze candidatos, com 213 mil votos. A contagem presidencial precedente dos
Verdes tinha sido 125 mil votos, em 89. Nesta eleição, os Verdes também
disputaram os cargos para governador e senador em cinco estados da federação.
Em 23 estados, disputaram vagas para os parlamentos estaduais e federal. O PV
RJ reelegeu seu deputado federal. Mas nos outros estados, embora alguns outros
candidatos tivessem tido bom desempenho, não foi o bastante para Elegê-los.
Quatro deputados Verdes foram eleitos para os parlamentos estaduais; no Rio,
São Paulo, Bahia e Paraíba.
O Partido Verde teve um
crescimento substancial de votos nas eleições municipais de 2000,
aproximadamente 1,5 milhões, no somatório entre os votos de legenda e nominais.
Em números de votos válidos, os Verdes ficaram com a 13º colocação, entre os 30
partidos existentes. Mas, ainda continuaram discretos em números de prefeitos e
vereadores. Elegeram novamente 13 prefeitos e elevaram suas cadeiras nos
parlamentos municipais para 315 vereadores. Assumiram, por 120 dias, uma
cadeira no Senado através do suplente (PVAC).
Em 2002, em razão das regras
eleitorais o Partido Verde ficou impossibilitado de apresentar candidato a
Presidência da Republica. Apresentou várias candidaturas ao senado e aos
governos estaduais, embora sem êxito, ajudou estrategicamente nas eleições
parlamentares. Obteve, 2% dos votos válidos para os parlamentos estaduais em
todo o território nacional, foram 1,78 milhões de votos que elegeram 11
deputados. Elegeu cinco deputados federais, em quatro estados, obtendo 1,35%
(mais de 1 milhão de votos) para o parlamento federal.
Em 2003 o PV integrou a base de
apoio do recém empossado governo federal, sendo o Ministério da Cultura ocupado
por Gilberto Gil. Filou aos seus quadros um deputado federal, elevando para
seis o número de parlamentares na Câmara Federal. O PV também aumentou seus
quadros nos parlamentos estaduais, passando de onze para treze deputados.
Em 2004 em uma memorável eleição municipal, os verdes
elegeram 773 vereadores, obtendo 2,95% dos votos válidos do país. Foram eleitos
55 prefeitos e 68 vice-prefeitos.
Em 2006 os verdes prepararam a
legenda para suplantar a cláusula de barreira até então imposta pela legislação
eleitoral (5% dos votos válidos em todo país). Atingem pouco menos de 4% dos
votos válidos, elegendo 13 deputados federais e 34 deputados estaduais. Sua
bancada de deputados federais integrou-se novamente a base de apoio do governo
reeleito, mantendo no cargo o Ministro da Cultura.
Em 2008 o PV se fez presente em
todos os estados, organizando-se em 49% dos municípios brasileiros (2.730).
Elegeu sua primeira prefeita de capital, a então deputada estadual Micarla de
Sousa, em Natal (RN). Elegem-se 76 prefeitos e 152 vice-prefeitos, e de 773
vereadores eleitos em 2002 passa para 1.237 em 2008.
Marina Silva
Em 2009 a Direção Nacional do PV
definiu como prioridade para as eleições de 2010, lançar uma candidatura à
Presidência da República que pudesse representar bem as demandas por novos
modelos de consumo e produção e que ajudasse na construção de uma nova cultura
política nacional. A partir de um convite para participação da reformulação
programática e da construção de um plano de governo, a Senadora e Ex-Ministra
do Meio Ambiente Marina Silva aceitou participar e ingressou nas fileiras
verdes. O que o Brasil testemunhou a partir daí foi uma corrida de homens e
mulheres de todas as idades e credos que pensam um Brasil diferente e querem
participar da vida nacional. O Partido Verde se transformou no novo
protagonista da cena política nacional e se prepara para o seu mias importante
embate eleitoral: 2010!
Os Verdes Internacionais
Da Austrália para a Nova Zelândia, depois para Europa e hoje
em todo o mundo. O Partido Verde está constituído em mais de 120 países.
Durante a conferência de UNCED
RIO92, a ECO 92, o PV brasileiro promoveu a primeira reunião planetária dos
Verdes. Foi a primeira vez que os Verdes de todo o planeta se encontraram para
trocar experiências. A partir de então se iniciou a formação das Federações de
Partidos Verdes com o objetivo de cooperação, troca de experiências e
consolidação programática.
Hoje os verdes estão organizados em 4 Federações: A
Federação Européia dos Partidos Verdes, a Federação dos Partidos Verdes das
Américas, a Federação dos Partidos Verdes da África e a Federação dos Partidos
Verdes da Ásia e Oceania.
Em 2001, em Canberra, Austrália,
aconteceu o Global Greens 2001, encontro mundial dos Partidos Verdes quando foi
aprovada a Carta Verde da Terra o primeiro documento unificado dos Partidos
Verdes Mundiais. O Brasil foi sede para o Global Greens 2008, que aconteceu em
são Paulo e reuniu quase uma centena dos Partidos Verdes.
Hoje o Partido Verde na Europa
participa de vários governos e é a quarta maior bancada no Parlamento Europeu.
Na Austrália é parte decisiva na política australiana tendo elegido deputados e
senadores.
*Adaptado de TURTELLI, Claudio. Partido Verde. Do sonho ao
projeto real de poder.
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