Hoje me deparei com uma crítica ao ensino
público do Estado da Bahia, para ser mais exato a critica dizia o seguinte: “INEP
diz que Bahia tem a pior educação infantil do Brasil”, o crítico começa a politizar
digamos assim a situação, contextualizando que a educação infantil na
Bahia é a pior do Brasil e que situações outras continuam a piorar a Bahia.
O cidadão configura a educação infantil como um
todo, não levando em conta que segundo dados inclusive do próprio INEP, que a
Bahia tem tido grandes avanços na taxa de escolarização, que só na
alfabetização de crianças do 2º ano do ensino fundamental vem enfrentando desafios,
com apenas 36% dessas crianças plenamente alfabetizadas.
A professora Janete Rodrigues Cardone, mestre
em Educação com foco em literatura, relações ensino/aprendizagem,
psicopedagogia e neuroaprendizagem e especialização em alfabetização, traz na
matéria abaixo que fora extraída e republicada neste veículo de comunicação,
que a “alfabetização devem ser compreendida como o ingresso nas culturas do
escrito. A alfabetização é um conjunto de práticas sociais de leitura e de
escrita utilizados socialmente” que para esse ciclo cumprir sua função de
formação, se faz necessário que todas as crianças tenham como ferramentas de
alcance, tempo e condições oferecidos pelas escolas, para que os alunos se
apropriem do sistema alfabético de escrita, desenvolvendo assim práticas de
leitura e escrita. Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/22223/gargalos-da-alfabetizacao-no-brasil
É preciso ter conhecimento quando se tratar de
educação, principalmente quando o assunto é alfabetização e seu ciclo, não se
pode simplesmente pegar fragmentos de um texto estatístico e insuflar aos
quatro ventos como uma verdade de um todo. Por isso trazemos a matéria abaixo
para que nossos leitores em especial da Bahia, percebam que existem gargalos na
alfabetização que vão além, criar um texto simplesmente para criticar a
educação da Bahia, para gerar insinuações politicas negativas.
É preciso polemizar assuntos, sim, que as críticas
possam estimular o debate e a reflexão, que permitam diferentes olhares críticos,
que as perspectivas sejam ouvidas e consideradas, fundamental para o
desenvolvimento de uma sociedade, não da forma vil a que faz a crítica de um
cidadão no seu veículo de comunicação, traduzindo um bordão que muitos bem
conhecem “o poder pelo poder”, tentando fazer nos esquecer que, “o poder emana
do povo”.
Podíamos aqui trazer para reflexão que pesquisa feita pelo INEP em 2021 traz como dados que 99,3 % das escolas no Brasil estiveram fechadas no ano de 2020 por conta da Covid19, fora outros fatores que a pesquisa não retrata e que seguiram pelos os anos de 2021 e 2022, e que só em 2023 a educação no país começa a se estabilizar e retornar a sua normalidade, porém é preciso verificar os índices de investimentos no período da pandemia na educação, e como esses índices refletiram nos anos seguintes da educação no Brasil.
Por Roberto Manta.
Segue abaixo matéria publicada na página da
Nova Escola sobre gargalos da Alfabetização no Brasil.
Gargalos da alfabetização: o que impede as crianças de aprenderem a ler e escrever?
Nova Escola lança série de reportagens que investiga os desafios enfrentados por educadores para garantir a alfabetização na idade certa
10/06/2025

A alfabetização representa uma etapa fundamental na formação educacional das crianças. Durante esse período, espera-se que os estudantes não apenas aprendam a decodificar palavras, mas também desenvolvam a compreensão da linguagem escrita, integrando leitura, escrita, oralidade e análise linguística em contextos significativos. Além disso, a alfabetização é fundamental para possibilitar a aprendizagem dos demais componentes curriculares e o progresso escolar.
O ciclo de alfabetização, conforme estabelecido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), abrange os dois primeiros anos do Ensino Fundamental. Mas, segundo dados de 2023 do programa federal Criança Alfabetizada, baseado em avaliações estaduais, apenas 56% dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental estavam alfabetizados. Essa proporção é ainda menor (49,3%), de acordo com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A importância do ciclo de alfabetização
Janete Rodrigues Cardone, alfabetizadora, mestre em Educação com foco em Literatura Antirracista e especialista em Alfabetização: Relações entre o Ensino e a Aprendizagem e em Psicopedagogia e Neuroaprendizagem, explica que a alfabetização deve ser compreendida como o ingresso nas culturas do escrito. “Em outras palavras, um conjunto de práticas sociais de leitura e de escrita utilizados socialmente.”
Para que esse ciclo cumpra seu papel formativo, é essencial que as escolas ofereçam tempo e condições adequadas para que todas as crianças se apropriem do sistema alfabético de escrita e desenvolvam práticas significativas de leitura e escrita.
A professora Maria José enfatiza que não se trata de ensinar a ler e escrever apenas nesse ciclo, mas “compreender que a alfabetização é um processo contínuo, que exige acompanhamento, intervenções qualificadas e respeito aos diferentes tempos de aprendizagem.”
Além disso, é fundamental respeitar e seguir as etapas de alfabetização, oferecendo às crianças o que elas são capazes de aprender em cada período. “Partir do mais simples para os mais complexos, sempre no ritmo do aluno, ensinando-os a codificar (escrita) e decodificar (leitura), entendendo o uso e sua aplicação”, complementa Mirlene Barcelos Teles, professora do 3° Ano do Ensino Fundamental da EM Professora Mércia Margarida Lacerda Machado, em Lagoa Santa (MG).
As etapas da alfabetização
A professora Janete concorda e acrescenta que uma condição primordial para iniciar o processo de alfabetização com as crianças é saber o que elas pensam sobre o sistema de escrita e problematizar as suas conceitualizações para que avancem no seu tempo e ritmo. Ela cita como referência as pesquisas de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky na obra Psicogênese da Língua Escrita, que revelam que as crianças, mesmo antes de saberem ler e escrever convencionalmente, pensam e criam suas hipóteses. “Saber o que elas pensam e como pensam auxilia o trabalho do educador e serve como um pontapé para o início das situações didáticas”, salienta a docente.
O que se espera do professor alfabetizador
O papel do professor alfabetizador é essencial na construção das bases da aprendizagem, exigindo competências que vão além do domínio técnico. Esse profissional deve compreender a complexidade do processo de alfabetização, reconhecendo que ensinar a ler e escrever difere de instruir em outras áreas do conhecimento. “O ideal é possuir uma formação sólida em linguística, psicogênese da língua escrita, didática da alfabetização e conhecimento sobre o desenvolvimento infantil”, enumera Maria José. Para ela, “ensinar a ler e escrever é também formar leitores e produtores de sentido”.
A escuta sensível e o respeito às ideias das crianças também são aspectos fundamentais na prática do professor alfabetizador, segundo a educadora Janete. Ela afirma a importância de desenvolver uma escuta atenta ao que as crianças expressam, estabelecendo um espaço de respeito para que diversas ideias surjam e sejam problematizadas.
Muitas famílias enfrentam dificuldades econômicas que impactam diretamente no aprendizado das crianças. Muitas vezes, a baixa renda vem acompanhada da baixa escolaridade dos pais e da necessidade de trabalharem o dia todo, inclusive aos finais de semana. Isso gera outro gargalo importante: a falta de apoio familiar, dificultando o engajamento dos estudantes nas atividades escolares. Além disso, o acesso restrito à cultura escrita fora do ambiente escolar agrava ainda mais a situação. Alunos com menos contato com experiências letradas fora da escola têm maiores dificuldades para avançar.
2. Defasagem na formação docente
Outro grande desafio está na formação insuficiente dos docentes. Muitos professores chegam à sala de aula sem formação específica ou atualizada sobre o processo de alfabetização. Essa falta de preparo resulta na aplicação de métodos mecânicos e descontextualizados, com pouca capacidade de adaptar as intervenções às dificuldades dos alunos.
3. Visão reducionista da alfabetização e ausência de propostas contextualizadas
A lacuna na formação inicial compromete a capacidade dos professores de planejar intervenções eficazes e propor atividades de leitura e escrita realmente significativas. Assim, a alfabetização focada apenas na decodificação de palavras, sem considerar o contexto e o propósito comunicativo, limita o desenvolvimento pleno das habilidades leitoras e escritoras das crianças. O foco excessivo em métodos padronizados desconsidera o protagonismo do estudante na aprendizagem, restringindo as oportunidades de reflexão e construção de sentido por parte dos alunos.
4. Excesso de avaliações
As avaliações padronizadas, muitas vezes elaboradas por agentes externos que desconhecem o cotidiano escolar, não capturam adequadamente os saberes dos alunos. Isso pode gerar uma visão distorcida do progresso dos estudantes e conduzir a intervenções pedagógicas inadequadas.
Postado por https://novaescola.org.br/conteudo/22223/gargalos-da-alfabetizacao-no-brasil










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