POR PATRÍCIA GOMES
O mundo hoje torce pela recuperação da
jovem paquistanesa Malala Yousafzai, 14, que sofreu neste mês um
atentado enquanto ia para a escola por defender o direito do acesso das
meninas à educação. O caso de Malala mobilizou autoridades, políticos e
gente comum, que tem compartilhado sua foto nas redes sociais. A boa
notícia é que a moça não está só. Como Malala, há muitos jovens que
estão transformando, cada um a sua forma, o seu entorno pela educação.
Alguns, inclusive, estão indo muito além de mudar a realidade local. O Porvir mapeou alguns desses casos de pequenos empreendedores de mentes brilhantes. Confira!
1. Malala Yousafzai, 14A menina que só queria poder estudar
Malala é uma jovem paquistanesa que, desde muito nova, ficou
conhecida por seu ativismo em favor da educação das meninas no distrito
de Swat, dominado pelo talebã. Em 2009, então com 11 anos, ela começou a
escrever um blog para a BBC em que relatava as dificuldades de viver em
uma região onde a violência era algo normal. Na mesma época, o jornal The New York Times produziu
o documentário Class Dismissed (Aula Cancelada, em livre tradução), em
que mostrava a menina e sua família às vésperas da escola onde estudava
ser fechada pelos extremistas. No vídeo, ela e seu pai falam do sonho
que a jovem tem de ser médica e de seu medo de ser obrigada a parar de
estudar.
Confira o documentário, em inglês (cuidado, cenas fortes de violência).
Em 9 de outubro, Malala sofreu um atentado enquanto ia para a escola.
A van em que estava com outras meninas foi interceptada por homens
armados e ela foi atingida por tiros no ombro e na cabeça. A menina foi
levada às pressas para um hospital local em estado crítico e, tão logo
suas condições de saúde permitiram, ela foi removida para a Inglaterra. O
talebã confirmou a autoria do ataque e reafirmou que segue com sua
intenção de matar Malala e seu pai. Apesar disso, a parte boa é que,
segundo a imprensa britânica, o estado de saúde da garota ainda inspira
cuidados, mas ela apresenta melhoras consistentes e já consegue ficar de
pé. Uma legião de pessoas tocadas pelo que aconteceu com ela tem
compartilhado sua foto e sua história nas redes sociais.
2. Brittany Wenger, 17A jovem que ajudou a diagnosticar o câncer
A norte-americana Brittany Wenger, 17, criou um programa de computador que ajuda os médicos a detectarem câncer .... A jovem levou dois anos para concluir suas pesquisas e, em julho, foi a vencedora do 2o Prêmio
Google de Feira de Ciências, que condecora pesquisas de jovens
cientistas de todo o mundo. Pelo programa, os médicos podem inserir
características das células doentes (como aparência, tamanho e
espessura) e o app aponta sua probabilidade de malignidade. “Tive casos
de câncer na família, especificamente câncer de mama”, diz a jovem à
emissora norte-americana ABC. Brittany quer continuar seus estudos e se
tornar médica oncologista pediatra. No mesmo vídeo, sua mãe conta que,
desde pequena, a menina é questionadora. “Quando ela tinha 3 ou 4 anos,
ela sempre perguntava o porquê das coisas. As pessoas diziam que ia
passar. Hoje ela tem 17 e continua perguntando.”
Veja entrevista de Brittany à ABC.
Caso não consiga visualizar, acesse o vídeo aqui:
3. William Kamkwamba, 25O menino que dominou o vento aos 14
William Kamkwamba hoje tem 25 anos, mas seus feitos começaram quando
ele ainda tinha 14 no Maláui, no sudoeste da África. Em sua TED Talk de
2009, o rapaz conta que seu país sofreu com uma fome muito forte em
2001. Naquele ano, sua família, que vivia de plantar milho, só comia uma
vez por dia; ele e seus irmãos desmaiavam com frequência de fraqueza.
“Eu olhei para o meu pai e para aqueles campos secos e aquilo era um
futuro que eu não podia aceitar”, diz ele.
Mal tendo como sobreviver, seus pais não puderam arcar com as
despesas da educação de William, que precisou deixar os estudos. “Mas eu
estava determinado a fazer o que fosse possível para nunca parar de
estudar”, afirmou. Ia à biblioteca local e lia livros, especialmente de
ciências. Em um deles, viu o desenho de um moinho de vento e descobriu
que aquela estrutura era capaz de bombear água e gerar eletricidade. Ele
buscou os materiais de que precisava em um ferro-velho. “Eu consegui
construir minha máquina”, disse o rapaz que, com sua engenhoca feita com
partes de bicicleta, canos de PVC e um ventilador de caminhão,
conseguiu levar luz à casa de seus pais. “As pessoas faziam fila na
porta de casa para carregar seus celulares”, contou.
A história do menino que dominou o vento foi contada na biografia “The boy who harnessed the wind”
e inspirou uma onda de outros projetos pela África que buscam levar
energia elétrica a lugarejos afastados a partir de mecanismos simples.
Veja TED Talk de William (2009)
4. Daniel Burd, 16O menino que descobriu bactérias que comem plástico
O trabalho de escola do canadense Daniel Burd, 16,
fez a ciência refazer as contas. Sua descoberta transformou os milhares
de anos necessários para decompor plástico em apenas três meses. O
jovem fez um experimento em que misturava lixo, água e plástico e deixou
o tempo agir. Ele percebeu que o plástico estava, de fato, se
decompondo muito mais rapidamente que pelo curso natural. Refez o
experimento em outros meios e temperaturas e viu que o processo se
repetia. Analisando o material, Daniel identificou que as responsáveis
pela ação eram duas bactérias.
5. Isadora Faber, 13; e 6. Martha Payne, 9As meninas que denunciaram suas escolas
A brasileira Isadora Faber, 13, criou a página Diário de Classe no Facebook e
virou um fenômeno na internet. A menina começou a usar a rede para
denunciar os problemas de sua escola, em Florianópolis. Ela tirava fotos
de fios soltos e desencapados, portas quebradas, ventiladores que não
funcionavam. A página virou um sucesso instantâneo e hoje tem quase 350
mil apoiadores.
Isadora conta que sua inspiração para criar a página foi a escocesa Martha Payne, 9, que montou o blog NeverSecond para reclamar da qualidade da merenda de sua escola. Com o sucesso da brasileira, muitos outros diários de classes surgiram pelo Brasil e hoje Isadora lidera movimentos em prol da qualidade da educação pública no Brasil.
Veja vídeo feito por Isadora Faber.
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