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Escrito por Rans postado no Agravo Ilheense |
COM INFORMAÇÕES DO UOL
Caiu o número de jovens na escola a
partir dos 15 anos de idade. O dado da Pnad 2011 (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), explicita um problema que preocupa há algum
tempo pesquisadores da educação: a escola não consegue reter o
adolescente.
Segundo a Pnad, 83,7% dos jovens entre
15 e 17 anos estudavam em 2011. O número é mais baixo do que o apurado
em 2009, quando a taxa era de 85,2%. Isso siginifica 1,7 milhão de
jovens fora da escola - população equivalente à de Curitiba.
"O jovem que vai à escola não encontra o professor de determinada
disciplina ou não tem a aula de maneira adequada. Esse jovem percebe que
essa escola [da maneira como é oferecida] não garante um lugar no
mercado de trabalho. Então considera que o mais lógico é abandonar a
escola", explica a professora Marcia Malavasi, da Faculdade de Educação
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "Dessa maneira, a escola
'expulsa' os jovens do ensino médio", conclui.
DESINTERESSE - "O jovem
diz que não tem interesse, não tem saco, não gosta da escola", afirma
Haroldo Torres, diretor de análise e disseminação de informações da
Fundação Seade. Segundo ele, até existe um reconhecimento de que estudar
"é importante para o futuro", mas isso não se traduz em esforço para se
manter na escola.
A falta de interesse do aluno parece ser
resultado de um conjunto de situações, que vão da baixa qualidade do
ensino, falta de professores e altos índices de reprovação a problemas
de infraestrutura escolar, como a falta de bibliotecas e salas de
estudo.
"O jovem tem dificuldades para chegar
até a escola, pois é longe e o transporte é caro. Quando ele chega, não
tem professor e a escola sequer tem uma biblioteca para manter o aluno
ali estudando", critica Marcia.
RETENÇÃO - A
probabilidade de evasão do jovem aumenta conforme o número de
repetências no histórico escolar. "O nosso sistema é muito reprovador,
sobretudo em algumas regiões. No Nordeste, por exemplo, é muito comum as
pessoas ficarem retidas no ensino fundamental", explica Torres.
O Censo Escolar de 2011 revelou que a taxa de reprovação no ensino médio brasileiro atingiu 13,1%, maior número desde 1999.
A avaliação de que os altos índices de
retenção desestimulam o aluno ecoa na fala do pesquisador Simon
Schwartzman, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
"A educação pública brasileira é em
geral muito mal gerenciada, com níveis absurdos de reprovação e
dependência. Basta "arrumar a casa", garantir que os professores venham e
dar aulas de reforço para os alunos que ficam para trás para que os
indicadores comecem a melhorar", diagnostica.
ESTRUTURA - Apesar do
aumento no investimento no ensino médio, com a criação do Fundeb (Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação) que atende toda a educação básica, os números
do ensino médio não melhoraram. Uma das hipóteses é de que o currículo
não agrade a esse jovem.
"É importante deixar de obrigar todos a
seguirem os mesmos currículos, abrir espaço para escolhas, e ampliar de
maneira muito significativa a alternativa de formaçao profissional sem
mantê-la atrelada ao ensino médio regular", argumenta Schwartzman.
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