A imprensa precisa denunciar. Chega
de ignorar!
No dia de ontem, 28, por volta das 14h30min, me dirigia com o
colega repórter Júlio Cesar (Rádio Bahiana de Ilhéus) ao Salobrinho, onde iriamos
fazer uma visita a um companheiro naquele bairro. Logo após a entrada do Teotônio
Vilela, à margem esquerda da BA, registramos dois sujeitos espancando e
labutando em esfaquear um jovem rapaz, de aproximadamente 20 anos, cor clara,
1,70m, camiseta regata branca e bermuda azul.
Estacionei do outro lado da pista, apelamos para que não
fizessem aquilo, mas os dois sujeitos armados com duas peixeiras enormes
continuavam o ataque. Júlio Cesar imediatamente ligou para a Polícia. Chamava,
chamava, chamava e ninguém atendia. Por incrível que pareça não passava ninguém
na pista naquele momento que pudessem nos ajudar e, nem mesmo carro algum
circulava. Incrível.
Os dois comparsas, um moreno e um claro, todos de bicicleta,
depois do ataque seguiram em velocidade em direção ao Banco da Vitória. Nesse
momento Júlio César tenta desesperado ligar para o SAMU. Depois de várias
tentativas é atendido. Enquanto o rapaz agoniava, a atendente do SAMU
perguntava mil coisas, idade do cara, altura, nº do manequim, se era branco, se
era preto... PEDIU a identificação de Júlio e o nº do seu celular...depois de
tanta enrolação a linha do celular cai e perde-se o contato. Eu tentando seguir
os sujeitos e até mesmo a atropelá-los para impedir suas fugas. Revoltei-me com
a cena. Em vão. Entraram no ramal próximo ao Libidos Motel, não mais sendo
vistos. Voltamos em seguida onde estava exposto a vitima, já sem vida. Nem
presença de Polícia e muito menos de SAMU.
Depois sem mais ter o que fazer e puto da vida pela falta
ações rápidas, tanto da polícia, mas, principalmente do SAMU que em nenhum
momento se mostrou interesse em dar assistência, retornei a ligar e falei com a
atendente: Vocês são irresponsáveis,
permitiram que uma vida fosse ceifada por falta de assistência, vou denunciar vocês
a imprensa e ao Ministério Público e falei ainda que todos eles seriam
representados como responsáveis também pelo crime. A atendente me ouvia
calada e ao final me respondeu: “Senhor,
desculpe, mas o problema não é nosso. É que só temos uma ambulância do SAMU pra
atender todos os casos. E essa, infelizmente, quando o Sr. Júlio Cesar ligou,
já estava em outra diligência. Se quiser reclamar, ligue pra prefeitura, pois
quase todos os carros estão quebrados, não podemos fazer nada”. E desligou
o telefone.
O direito à vida é o mais fundamental de todos os direitos,
já que se constitui em pré-requisito à existência e exercício de todos os
demais direitos. E o SAMU 192 faz parte da Política Nacional de Urgências e
Emergências, desde 2003, e ajuda a organizar o atendimento na rede pública
prestando socorro à população em casos de emergência. Pena que em Ilhéus as coisas não funcionem desta forma.
Elias Reis é Presidente do Sindicato
dos Radialistas de Ilhéus.
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