O DIA
POR Fernando Molica
Rio - O Ministério Público Estadual (MPE) identificou esquema de fraudes no concurso, realizado em 2007, para o preenchimento de cargos na instituição. De acordo com as investigações, pelo menos 125 pessoas (12 ex-PMs) foram aprovadas porque tiveram conhecimento prévio do teor das provas: 74 estão trabalhando por lá.
Diversos parentes — irmãos, pai e filho, marido e mulher — deram praticamente as mesmas respostas para as questões. Segundo os investigadores, fazer provas iguais seria muito mais difícil do que acertar as dezenas da Mega Sena.
Parentes unidos até na hora do concurso
Na Ação Civil Pública que corre na 14ª Vara de Fazenda Pública, o MPE acusou os 125 beneficiados — outros 32 suspeitos já haviam sido incluídos em denúncia anterior sobre o mesmo caso.
No processo, os promotores citam evidências de fraudes: apontado como responsável pela venda de questões, Marcelo da Silva Lisboa é irmão de Ronald da Silva Lisboa e vive com Priscila Silva Pereira — os três foram aprovados. Os irmãos Jacqueline, Jocelini, Jones e Jackson Alvarenga Baptista obtiveram a mesma pontuação final no concurso.
Um outro candidato, Vagner Nunes Pereira fez provas iguais às de Jocelini. A probabilidade de isso ocorrer é, segundo o MPE, de uma vez em 2,384 quatrilhões. Os gêmeos Marcelo e Marcio da Silva Fonseca e Maria Célia e Regina Alves de Andrade se parecem até nas provas: passaram juntos no concurso.
Pai e filho, Carlos Alberto da Silva Machado e Bruno Huguenin Machado se identificam tanto que fizeram provas iguais. Já a família Dexheimer comemorou o emprego novo de três de seus integrantes.Há também coincidências geográficas: 159 dos aprovados vivem em Duque de Caxias, que seria o centro da fraude. Entre moradores do Parque Paulicéia, 14 pessoas passaram na seleção.
Provas roubadas na UFRJ
O MPE acusa José Augusto Barbosa e Adriano Barros da Silva, funcionários do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, de terem furtado as provas.
O NCE organizou o concurso e fiscalizou a impressão das questões. Funcionários teriam agido da mesma forma em duas outras seleções, para a Polícia Rodoviária Federal e a Agência Nacional de Transportes Terrestres. A suspeita de fraudes levou à eliminação de aprovados nestes dois concursos, atitude ainda não tomada pelo comando do MPE.
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