Lançado em meio a Rio+20, o portal rede sustentável Brasil disse logo a que veio: atacar covardemente o projeto do Porto Sul. Na teoria, o site se apresenta como parte de um trabalho de fiscalização das cadeias produtivas de empresas brasileiras e estrangeiras instaladas no país para fazer denúncias de abusos e irregularidades sociais e ambientais. Na prática mostra-se como mais um espaço para “penas de aluguel” que sob o véu do anonimato defende e ataca projetos e empresas a partir de interesses particulares e não públicos.
A estréia dedica duas matérias com chamadas na home page ao Porto Sul e a Bahia Mineração (empresa que constrói o empreendimento em parceria com Estado). E exibe bandeira do movimento “Porto Sul Não”, que tem fan page no Facebook seguida por uma “multidão” de cerca de cem pessoas. São textos unilaterais, opinativos, com informações distorcidas, dados ultrapassados (o projeto evolui a partir das audiências públicas e muitas sugestões técnicas e de populares forma incorporadas e informadas ao Ibama) e que nada agregam às discussões sobre o projeto.
Na mesma home page, uma matéria que é só elogios ao Wall Mart. Na sanha de atacar e defender interesses obscuros, é, para o site, crime a Bahia Mineração ser ligada a uma empresa estrangeira. Mas é até um ato heróico uma empresa americana – a Wall Mart (que é dona dos supermercados Bom Preço e Hiper Bom Preço) – se instalar no Brasil e trazer para cá práticas ditas sustentáveis e civilizatórias (como se a civilização americana fosse modelo para alguma coisa. Aliás, o estado do mundo se encontra como está devido à exportação do american way of life).
Aí, pergunta-se: o site omitiu que o Wall Mart é uma das empresas que fazem parte do ranking de piores locais para se trabalhar por desconhecimento, incompetência ou desinteresse? A empresa supermercadista americana adota prática agressiva de preços. Para isto, explora trabalhadores estrangeiros ilegais, compra produtos piratas, com pequenas avarias e vende como novos, compra frutas, legumes e produtos perto do vencimento para vender mais barato (muitas vezes estes produtos continuam nas gôndolas mesmo com a validade vencida). E ainda pratica o dumping, prática que consiste na cobrança de preços a menor para quebrar a concorrência. É tão grave a atuação da empresa para pequenos e médios comerciantes que muitas prefeituras americanas proíbem que o Wall Mart tenha lojas no centro das cidades, só nos subúrbios e nos limites com municípios vizinhos.
Vale ainda uma lembrança: durante as últimas audiências públicas do Porto Sul, duas assessoras da Natura alimentavam a fan page do Porto Sul Não e formulavam perguntas para serem ditas por adolescentes contrários ao projeto. Na primeira delas, em Uruçuca, ao se infiltrarem na ala reservada à imprensa, se apresentaram como repórteres da rede sustentável. Já se tendo, portanto, a resposta sobre a diferença entre teoria e prática do site, pergunta-se ainda assim a seus autores: É ético, regular ou sustentável a cadeia produtiva da informação veiculada por esse portal? (do blog O Sarrafo)
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