"O comprometimento da comunidade escolar (direção, professores, alunos e o envolvimento direto da família) é que faz a diferença no aprendizado", afirma jornal
Fonte: O Globo (RJ)
A série de reportagens do GLOBO com as ilhas de Ensino público de
qualidade em áreas de extrema pobreza oferece argumentos irrespondíveis
contra o mito de que a Educação brasileira patina em índices medíocres
de avaliação por conta, principalmente, de insuficientes dotações
orçamentárias. Com base neste falso pressuposto, desfraldam-se bandeiras
em defesa de mais verbas para a rubrica. O movimento mais visível nesse
sentido é a mobilização política que leva água para a reivindicação de
se dobrar, até 2022, o percentual destinado ao sistema educacional do
país, dos atuais 5,1% para 10% do PIB.
Defende-se a duplicação dos valores destinados à Educação com uma
premissa enganadora - a de que, sem a alocação de mais recursos nas
Escolas, não se melhora a qualidade do que ali se ensina. A realidade de
estabelecimentos Escolares públicos em áreas carentes do país que, com
orçamentos minguados, dão excelente formação a seus Alunos, como
relatado nas série de reportagens, derruba a lenda. Os exemplos
apresentados pelo jornal comprovam que não é o montante de recursos que
determina a excelência da sala de aulas. O comprometimento da comunidade
Escolar (direção, Professores, Alunos e o envolvimento direto da
família) é que faz a diferença no aprendizado.
Há o caso de uma Escola estadual no município de Eurinepé, a 1.200
quilômetros de Manaus, no interior do Amazonas, com Alunos (80%
beneficiários do Bolsa Família) que moram em palafitas, cujo Índice de
Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) pulou de melancólicos 2,7 em
2005 para 8,7 em 2009 (a média dos países desenvolvidos é 6). No Rio,
duas Escolas cujo corpo discente também está na base da pirâmide social,
uma na Zona Sul e outra na Zona Oeste da cidade, têm performance
semelhante: alto rendimento na medição do Ideb e baixos valores no
caixa. Ao todo, o país tem pelo menos 82 desses pontos de excelência
educacional que desafiam a pobreza e os baixos orçamentos.
Mas há outro viés que ajuda a desfazer a utopia da melhoria do Ensino
pelo simples manejo da chave do cofre. Um estudo da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube de países
industrializados, mostra o Brasil com uma despesa de US$ 18 mil por
Aluno entre 6 e 15 anos. Comparativamente, é investimento alto para um
retorno desproporcionalmente baixo. É uma alocação, por exemplo, que
supera em quase 45% a dotação orçamentária da Turquia - mas, no exame do
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o país fica 52
pontos acima do nosso. Nações como Estados Unidos, Noruega e Suíça
gastam mais de US$ 100 mil por Aluno, mas com resultados abaixo dos
obtidos por Coreia do Sul e Finlândia, com investimentos mais modestos.
De resto, no caso brasileiro, injetar mais recursos num sistema que
gasta mal corresponde apenas a aumentar o fluxo de dinheiro pelo ralo
(ou, não raro, a ampliar os buracos por onde são vazadas, para bolsos
particulares, as verbas públicas destinadas à Educação). O quadro se
repete em outros setores, como Saúde, também vítima de uma estrutura em
que parte das deficiências se deve à maneira incorreta como eles são
empregados. Uma questão de mau gerenciamento.Todos pela Educação, 12 jul. 2012. Disponível em http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na...
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