Do G1, em São Paulo
O
Relatório Anual à Nação sobre a Situação do Câncer nos EUA, que abrange o
período de 1975 a 2009, aponta que a incidência de tumores de boca,
garganta e ânus tem aumentado no país. Para contribuir com essa
elevação, entre os anos de 2008 e 2010, a aplicação de vacina contra o
vírus do papiloma humano (HPV) – que é sexualmente transmissível e pode
causar alterações celulares – manteve-se baixa entre as adolescentes.
Uma seção especial do documento, que será publicado na edição online
da revista "Journal of the National Cancer Institute", é dedicada a uma
avaliação dos casos e tendências de tumores ligados ao HPV. O texto
mostra que, entre 2000 e 2009, os níveis de câncer na região da
orofaringe aumentou entre homens e mulheres brancos, assim como a
incidência de tumor anal em brancos e negros de ambos os sexos.
Pediatra
Judith Schaechter, da Universidade de Miami, na Flórida, aplica vacina
contra o HPV em adolescente de 13 anos em imagem de setembro de 2011
(Foto: Joe Raedle/Getty Images North America/Arquivo AFP)
Em mulheres brancas e negras, também subiu o número de casos de
câncer de vulva. Já as taxas de câncer de colo do útero diminuíram, com
exceção das americanas de origem indígena, do Alasca e das que têm baixo
nível socioeconômico. Entre os homens, a ocorrência de câncer de pênis
ficou estável.
Segundo o diretor do Instituto Nacional do Câncer (NCI, na sigla em
inglês) dos EUA, Harold Varmus, o relatório destaca a relação do HPV com
vários tipos de tumores e vê nas vacinas a principal forma de combater o
vírus. Os investimentos feitos em pesquisas para desenvolver doses
seguras e eficazes, porém, só terão o retorno esperado se as taxas de
imunização entre meninos e meninas melhorarem bastante, a ponto de os
protegerem quando eles forem adultos e se expuserem ao vírus.
O documento revela, ainda, que em 2010 menos da metade (48,7%) das
meninas americanas entre 13 e 17 anos havia recebido pelo menos uma dose
da vacina contra o HPV. E apenas 32% tinham tomado as três injeções
recomendadas. As populações de meninas que tiveram menos vacinas
aplicadas foram as hispânicas, as que moram no sul dos EUA e aquelas que
vivem abaixo da linha de pobreza.
Imagem do vírus do papiloma humano (HPV)
(Foto: Pasieka/APA/Science Photo Library)
(Foto: Pasieka/APA/Science Photo Library)
A atual cobertura nacional com três doses de vacina tem ficado muito
abaixo do objetivo do governo americano, que espera que até 2020 80% das
adolescentes entre 13 e 15 anos sejam alcançadas. Atualmente, as taxas
de vacinação no Canadá variam de 50% a 85%, e no Reino Unido e na
Austrália são superiores a 70%.
De acordo com os autores do relatório, as falhas na vacinação são
decorrentes de uma série de fatores, como recomendações inadequadas,
preocupações com reembolso e sistemas inadequados de lembretes para
concluir as três doses.
Outros tipos de câncer
O documento ressalta, ainda, que a mortalidade por tumores de mama, próstata, pulmão e colorretal tem caído nos EUA, tanto em homens quanto em mulheres. Apesar disso, entre 2000 e 2009, cresceram os óbitos por câncer de pele do tipo melanoma – apenas no sexo masculino –, fígado, pâncreas e útero.
O documento ressalta, ainda, que a mortalidade por tumores de mama, próstata, pulmão e colorretal tem caído nos EUA, tanto em homens quanto em mulheres. Apesar disso, entre 2000 e 2009, cresceram os óbitos por câncer de pele do tipo melanoma – apenas no sexo masculino –, fígado, pâncreas e útero.
Esse declínio nas taxas gerais de mortes por câncer é uma tendência
que começou no início dos anos 1990. De 2000 a 2009, as taxas caíram
1,8% por ano entre os homens e 1,4% entre as mulheres. A mortalidade
entre crianças de até 14 anos também se reduziu 1,8% por ano.
Entre os homens, de 2000 a 2009, os índices de mortalidade caíram em
dez dos 17 cânceres mais comuns: pulmão, próstata, colorretal, sangue
(leucemia), medula óssea (mieloma), sistema linfático (linfoma
não-Hodgkin), rim, estômago, cavidade oral e faringe, e laringe. Por
outro lado, as taxas aumentaram para câncer de pele do tipo melanoma,
pâncreas e fígado.
Durante o mesmo período, a mortalidade de mulheres diminuiu em 15 dos
18 tipos de câncer mais comuns: mama, colo do útero, pulmão,
colorretal, ovário, sangue (leucemia), medula óssea (mieloma), sistema
linfático (linfoma não-Hodgkin), cérebro e sistema nervoso, rim,
estômago, bexiga, esôfago, cavidade oral e faringe, e vesícula biliar.
Na contramão, subiram os casos de tumor de pâncreas, útero e fígado no
sexo feminino.
Em relação à incidência da doença, de 2000 a 2009, os casos de câncer
diminuíram 0,6% por ano entre os homens, mantiveram-se estáveis entre
as mulheres e aumentaram 0,6% por ano entre as crianças de 0 a 14 anos.
Nesse intervalo, a incidência de tumores nos homens baixou em cinco
tipos (próstata, pulmão, colorretal, estômago e laringe) e subiu em seis
(rim, pâncreas, fígado, tireoide, melanoma e mieloma).
Entre as mulheres, caiu em sete tipos (pulmão, colorretal, bexiga,
colo do útero, cavidade oral e faringe, ovário e estômago) e aumentou em
outros sete (melanoma, tireoide, rim, pâncreas, leucemia, fígado e
útero). A ocorrência de câncer de mama em mulheres e de linfoma
não-Hodgkin nos dois sexos ficou estável.
Segundo o diretor executivo da Sociedade Americana do Câncer (ACS, na
sigla em inglês), a contínua queda na mortalidade por tumores nas
últimas duas décadas é razão para comemorar. O desafio agora é criar
ferramentas de prevenção e controle para enfrentar os novos obstáculos,
como os gerados pelo HPV e pela obesidade.
Esse relatório é produzido desde 1998 por pesquisadores do NCI, da
ACS, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e da Associação
Norte-Americana de Registos Centrais de Câncer (NAACCR).
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