Da Agencia da Câmara
O Senado Federal aprovou hoje em segundo
turno, por 66 votos a zero, a chamada PEC das Domésticas. Agora, falta
apenas a emenda ser promulgada para se tornar lei, o ocorrerá na próxima
terça-feira (2), às 18 horas, no Senado. A proposta estende aos
domésticos os mesmos direitos dos outros trabalhadores, como carga de
trabalho de 44 horas semanais, sendo no máximo oito horas por dia; o
pagamento de hora extra; o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
obrigatório (hoje é facultativo), e multa de 40% para demissão sem justa
causa. Vários dos direitos previstos ainda precisarão ser
regulamentados para entrar em vigor.
Veja o que vale com a promulgação e o que precisa ser regulamentado
Um em cada dez trabalhadores brasileiros é empregado doméstico. São
7,2 milhões de pessoas que trabalham como cozinheiros, governantas,
babás, lavadeiras, faxineiros, vigias, motoristas, jardineiros,
acompanhantes de idosos e caseiros. Quase 95% são mulheres, que
trabalham sem jornada de trabalho regularizada e ganham menos da metade
da média dos salários dos trabalhadores em geral.
Demissões
Apesar de ter sido aprovada, a PEC das Domésticas está longe de ser unânime, e organizações de empregadores estimam um aumento no desemprego da classe em até 10%, já que o custo para o empregador manter o doméstico deve aumentar em cerca de 35%. Segundo a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Creuza Maria de Oliveira, com a legislação anterior, 70% das empregadas domésticas e diaristas já não tinham carteira assinada. Na região Norte, esse índice chegava a 90%.
O presidente da ONG Instituto Doméstica Legal, Mario Avelino, defende uma compensação do aumento de custo para os empregadores — uma "desoneração" da folha do patrão, com a redução da alíquota do INSS de 12% para 4%. Sem uma compensação aos empregadores, Avelino alerta para a possibilidade de demissões em massa. "Mais de 800 mil domésticas devem ser mandadas embora em menos de seis meses. Trata-se de um genocídio trabalhista", afirma.
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) concorda: “Mais da metade das empregadas domésticas será demitida, porque quando o patrão vir que a multa [em caso de demissão] vai ser tão grande, ele vai preferir ficar sem empregada e contratar uma diarista”.
Para o sociólogo Joaze Bernardino, estudioso do trabalho doméstico, sempre que se ampliam os direitos desses trabalhadores há ameaça de demissões — desde que a profissão foi regulamentada, em 1972. “Mas o vaticínio nunca se cumpriu, o nível de emprego das domésticas se manteve. Não dá para o Estado brasileiro, do ponto de vista político e moral, tratar um contingente tão grande de trabalhadores de forma diferenciada dos demais”, critica.
A presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas,
Creuza Maria de Oliveira, acrescenta: “Em 1988, quando conquistamos
cinco direitos pela Constituição, eram 5 milhões de domésticos no
Brasil. Hoje, somos 8 milhões”.
Projetos em tramitação que desoneram o empregador doméstico:
Veja o que vale com a promulgação e o que precisa ser regulamentado
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Demissões
Apesar de ter sido aprovada, a PEC das Domésticas está longe de ser unânime, e organizações de empregadores estimam um aumento no desemprego da classe em até 10%, já que o custo para o empregador manter o doméstico deve aumentar em cerca de 35%. Segundo a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Creuza Maria de Oliveira, com a legislação anterior, 70% das empregadas domésticas e diaristas já não tinham carteira assinada. Na região Norte, esse índice chegava a 90%.
O presidente da ONG Instituto Doméstica Legal, Mario Avelino, defende uma compensação do aumento de custo para os empregadores — uma "desoneração" da folha do patrão, com a redução da alíquota do INSS de 12% para 4%. Sem uma compensação aos empregadores, Avelino alerta para a possibilidade de demissões em massa. "Mais de 800 mil domésticas devem ser mandadas embora em menos de seis meses. Trata-se de um genocídio trabalhista", afirma.
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) concorda: “Mais da metade das empregadas domésticas será demitida, porque quando o patrão vir que a multa [em caso de demissão] vai ser tão grande, ele vai preferir ficar sem empregada e contratar uma diarista”.
Para o sociólogo Joaze Bernardino, estudioso do trabalho doméstico, sempre que se ampliam os direitos desses trabalhadores há ameaça de demissões — desde que a profissão foi regulamentada, em 1972. “Mas o vaticínio nunca se cumpriu, o nível de emprego das domésticas se manteve. Não dá para o Estado brasileiro, do ponto de vista político e moral, tratar um contingente tão grande de trabalhadores de forma diferenciada dos demais”, critica.
Projetos em tramitação que desoneram o empregador doméstico:
- PL 6465/09: elimina o pagamento da multa de 40% sobre o saldo do FGTS
- PL 2738/11: reduz de 20% para 10% a alíquota da contribuição previdenciária a ser paga por patrões (5%) e trabalhadores domésticos (5%)
- PLs 7082/10 e 6030/09: reduzem de 20% para 12% a alíquota da contribuição previdenciária a ser paga por patrões (6%) e trabalhadores domésticos (6%)
- PL 6707/09: anistia o empregador das dívidas junto ao INSS referentes a seu empregado doméstico
- PL 2388/11: simplifica o pagamento do FGTS pelo empregador ao seu empregado doméstico.
- PL 7279/10: regulamenta a profissão de diarista como aquela que trabalha até duas vezes por semana
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