segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Coisas de política


*Elias Reis, 05/08/2012
    Nesta eleição alguns fatos hilários vêm sendo percebidos. São candidatos que não sabem exatamente qual o papel do vereador, candidatos que nunca estiveram numa Câmara Municipal e muito menos assistiram a uma sessão.  Tem candidatos pobres - pobres de má-ré-dé-sí, que não tem dez tostões para gastar. Candidatos que não tem dinheiro nem pra pintar um murro, pra mandar fazer um santinho, confeccionar um banner e muito menos alugar uma bicicleta velhinha com corrente soltando, para tocar suas musiquinhas.
    Além do desequilibro econômico e financeiro, há um agravante mais horripilante. Existem candidatos que não sabem ler quase nada e malmente assinam seus garranchos. Ser pobre não é defeito, mas a eleição de um analfabeto na Câmara de vereadores é sinônimo de retrocesso. Alguns podem falar: “È melhor um analfabeto honesto que um doutor ladrão”. Engano. Tanto doutor como analfabeto gostam de dinheiro fácil, de falcatruas, de esquemas lesivos. Quem disse que pobre é mais honesto que rico? Quem disse que analfabeto é mais correto que doutor?
    Essa história de votar no candidato que é pobre, alegando que merece; votar no analfabeto achando que vai fazer diferença; votar em candidato sem preparo ou fraquinho alegando que é voto de repúdio -, ou votar nulo ou em branco, achando que resolve alguma coisa, é pura burrice. É reflexo de falta de conhecimento, de tato político e ignorância. Esses eleitores que se comportam dessa forma são piores do que os próprios candidatos analfabetos.
    Eleger um analfabeto para uma Câmara de vereadores é o mesmo que colocar um sujeito de muletas numa partida de futebol. Pode até participar, mas nada produz. O sujeito analfabeto terá condições de discutir com profundidade alguns temas? Sem ler, terá habilidade para apresentar emendas? Terá fundamento para contestar, defender posições de hermenêuticas; Terá condições de interpretar um texto ou discutir o Regimento interno ou LOM ou mesmo a Constituição? Seriamente, terá condições de participar de alguma comissão?
    Esses dias fui requisitado por uma determinada candidata a vereadora da região, para fazer sua promoção na imprensa. Perguntei quais os seus projetos. Respondeu: “trabaiar pelo povo que passa dificulidade e ganhar meu dinheirinho também”. – “eu preciso muito desse emprego seu Elias”. Perguntei se sabia assinar e ler. Respondeu: “sabo”. Dispensei a cliente.
    Outro fato interessante tem sido a divisão eleitoral na própria família. Cito um exemplo que se passa:  Maria de Lourdes, ex-vereadora em Ilhéus e de novo candidata pelo PSB, não vota no seu genro, Jorge Luiz (PSOL), candidato a prefeito. Maria de Lourdes vota e apoia Jabes Ribeiro (PP); Luiz Cardoso que é filho de Maria de Lourdes e cunhado de Jorge Luiz, que também é candidato a vereador pelo Psol, apoia à surdina a Professora Carmelita. Todos os filhos de Maria de Lourdes continuam no impasse, se apoiam o irmão ou a mamãe. Quanto a Jorge Luiz é caso perdido. Todos da família, com exceção de Luiz Cardoso, nesta eleição, são cabos-eleitorais de Jabes Ribeiro.
    Devido à discórdia política familiar e quem deverá ser o nome de consenso, de fato, rumo ao Legislativo ilheense, a ex-vereadora Maria de Lourdes buscou refúgio na Lapa. Onde se encontra pagando uma promessa para Bom Jesus, e buscando discernimento nas profundas grutas das causas impossíveis para descascar esse balacobaco intra-famliiar.
      *Elias Reis, Articulista, Presidente do Sindicato dos Radialistas de Ilhéus e
Discente do curso de direito da Faculdade de Ilhéus.

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