quinta-feira, 20 de novembro de 2008

COLETA SELETIVA - ILHÉUS RUMO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento Sustentável é construído sobre “três pilares interdependentes e mutuamente sustentadores” — desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. Esse paradigma reconhece a complexidade e o interrelacionamento de questões críticas como pobreza, desperdício, degradação ambiental, decadência urbana, crescimento populacional, igualdade de gêneros, saúde, conflito e violência aos direitos humanos.
COLETA SELETIVA

Você sabe para aonde vai o seu lixo? Atenção, a responsabilidade é sua
Você já se perguntou para onde vão os resíduos do seu dia-a-dia depois que você dá adeus a eles? É bom se perguntar... A cada dia cresce a preocupação com o meio ambiente e com as conseqüências trágicas que nossas atitudes acarretam para o planeta. O lixo continua existindo depois que o jogamos na lixeira e a "varinha mágica" que pode fazê-lo desaparecer corretamente chama-se reciclagem. É aí que entra a coleta seletiva. A melhor solução é separar o lixo que produzimos e pesquisar as alternativas de destinação, ecologicamente corretas, mais próximas.
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Coleta seletiva e reciclagem: quem faz?
Segundo Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, os três "Rs" (reduzir, reutilizar e reciclar) têm importância fundamental. "É possível gerar menos lixo e provocar um impacto ambiental menor reduzindo o consumo de produtos desnecessários, reutilizando sempre que possível e separando sempre os materiais recicláveis", analisa.
É possível gerar menos lixo e provocar um impacto ambiental menor reduzindo o consumo de produtos desnecessários, reutilizando sempre que possível e separando sempre os materiais recicláveis
O objetivo da coleta seletiva é permitir essa reciclagem do lixo. "Quando misturamos o lixo orgânico (restos de alimentos, por exemplo) com o lixo reciclável, nós 'sujamos' o material retornável, praticamente inviabilizando a reciclagem. E a reciclagem é um processo muito importante porque reaproveita as matérias-primas, fazendo com que não tenham que ser novamente extraídas da natureza", explica Helio.
A reciclagem faz bem para o meio ambiente também porque, além de economizar matéria-prima, a fabricação de um produto a partir da reciclagem costuma consumir menos água e energia do que a partir do material virgem. "Para fabricar uma latinha de alumínio reciclada é preciso apenas 5% da energia demandada para produzir uma latinha a partir do alumínio virgem", conta Helio.

Dados alarmantes
Para você ter uma idéia do volume de lixo produzido diariamente, Helio Mattar dá um exemplo: "O montante produzido no Brasil todos os dias daria para pavimentar com 11 centímetros de lixo as duas pistas de uma estrada com 500 quilômetros de extensão. É um volume imenso. Naturalmente, este lixo precisa ser coletado, transportado e destinado pelo poder público, o que custa caro". No mundo inteiro, entre lixo domiciliar e comercial, são produzidos, por dia, dois milhões de toneladas.
Você sabe o quanto de lixo uma só pessoa produz ao longo de sua existência? Pare para analisar. "O Akatu fez um cálculo que mostrou que uma única pessoa, ao longo de sua vida (72 anos, em média), produz lixo suficiente para encher até o teto um apartamento de 50 metros quadrados. Se isso parece pouco, basta fazer esse cálculo para cinco famílias de quatro pessoas, que precisarão de um prédio inteiro de dez andares, com dois apartamentos de 50 metros quadrados por andar, para colocar todo o seu lixo. E se levarmos este cálculo à Zona Metropolitana de São Paulo e seus 17 milhões de habitantes, precisaríamos de 850 mil prédios. Para efeito de comparação, a cidade de São Paulo não chega a ter 25 mil prédios", contabiliza Helio.
Os números são mesmo alarmantes. Por isso, os benefícios da coleta seletiva são muitos. Segundo o diretor do Akatu, a coleta especificamente em bairros, clubes e pequenas comunidades, tem, também, a função de criar um movimento de a conscientização das questões relacionadas ao lixo, ao uso exagerado de embalagens e ao desperdício de alimentos.
Solucionando o problema
Em geral, a população pensa que cada um de nós faz pouca diferença com o volume de seu lixo individual. Mas esta preocupação precisa ser disseminada devagar e sempre. "É importante lembrar que, em longo prazo, o impacto dessas pequenas atitudes, multiplicadas por um número cada vez maior de indivíduos e que vivem cada vez mais tempo, pode definir o futuro do planeta em que vivemos. Isto porque, apesar de simples, tais atos têm um efeito em cadeia", ratifica Helio.
Os bons exemplos vêm das classes mais baixas, que representam a maioria dos consumidores conscientes. "O estudo Como e por que os brasileiros praticam o consumo consciente, divulgado pelo Instituto Akatu em 2007, revelava que, entre os consumidores conscientes brasileiros, 11% pertencem à classe A, 32% à classe B, 36% à classe C e 21% às classes D e E", diz o diretor.
Coleta seletiva > Todos pode ajudar
E as estatísticas continuam. A boa notícia é que, segundo relatório da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), dos 5.564 municípios brasileiros, 65% já possuem iniciativas de coleta seletiva. "O volume de lixo coletado no país saltou de 96 mil toneladas diárias em 2003 para 140 mil toneladas em 2007, um aumento de 45%. Desse total, 60% não têm um destino final adequado", ressalta Helio.
Segundo ele, a cultura do descartável propicia o acúmulo, nos lixões e aterros, de quantidades cada vez maiores de resíduos, produtos fora de uso e embalagens desnecessárias. "Nem todos precisariam ter como fim as latas de lixo. Até 30% dessa montanha produzida diariamente nas cidades brasileiras é composta por materiais recicláveis, que, se adequadamente separados, coletados e encaminhados, poderiam ser reaproveitados na confecção de novos produtos por meio dos processos de reciclagem", garante. A ABRELPE estima que cerca de 10 milhões de toneladas de resíduos sólidos deixem de ser coletados todos os anos e acabem por ter um destino incerto, geralmente inadequado.
A coleta, o transporte, o tratamento e a decomposição do lixo são processos que geram gases de efeito estufa
A coleta seletiva também contribui para conter o aquecimento global. Como? Helio Mattar explica: "A coleta, o transporte, o tratamento e a decomposição do lixo são processos que geram gases de efeito estufa. Primeiro pelo uso de combustíveis fósseis em todo o processo de coleta e transporte dos resíduos, depois pelo consumo de energia quando há tratamento do lixo e, finalmente, pela emissão de metano na sua decomposição". Assim, quanto menos lixo houver, menor será o volume de emissões de gases que agravam o efeito estufa.
Adesão à idéia
Muitas empresas aderiram ao movimento de preservação do planeta e incluíram a coleta seletiva em seu cotidiano. Agora, multiplicam as informações entre seus funcionários. "Em geral, as empresas estão dedicando mais atenção ao reaproveitamento e reciclagem de materiais especificamente. Podemos dizer que elas estão se tornando também mais responsáveis sócio e ambientalmente, pois desenvolvem mais ações nesse sentido", explica Mattar.
E o retorno é bastante positivo. Pelo que parece, os consumidores estão cada vez mais atentos ao comportamento das empresas em prol do meio ambiente. Segundo pesquisa realizada pelo Akatu, os brasileiros têm valorizado mais as empresas que caminham na direção da sustentabilidade. "Nos últimos anos, cresceu - de 36%, em 2005, para 43%, em 2006 - a proporção de consumidores que usam seu poder de compra e de comunicação para premiar empresas que tenham práticas adequadas de responsabilidade social e ambiental. O que mostra que a consciência no consumo é também levada à apreciação das empresas sob critérios sociais e ambientais, e não apenas os tradicionais critérios de preço, qualidade, inovação e design", compara o diretor do instituto.
Agora que você já sabe um monte de coisas sobre a coleta seletiva do lixo, faça a sua parte. Para começar, procure as cores da coleta multi-seletiva nas ruas e estabelecimentos comerciais: azul para papel e papelão, vermelho para plásticos, verde para vidros e amarelo para metais. Tente também separar seus resíduos domésticos e encaminhá-los para reciclagem. E não fique triste se cada um dos seus materiais, cuidadosamente separados, sejam lançados dentro do mesmo caminhão. Na cooperativa, eles são separados por tipo e subcategorias.
Iniciativas como esta e muitas outras contribuem para melhorar a nossa própria qualidade de vida - e o planeta só tem a agradecer. A reciclagem pode poupar muitos recursos naturais: a cada 50 quilos de papel velho reciclado, uma árvore é poupada; cada mil quilos de vidro reciclado poupa 1.300 quilos de areia; mil quilos de plástico reciclado salvam milhares de litros de petróleo e a mesma quantidade de alumínio que não vai para as latas de lixo economiza cinco mil quilos de minérios da natureza. E isto é só o começo. Bom, não é?
Carolina Mouta

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