sexta-feira, 28 de março de 2014

Governo e Legislativo reúnem esforços para combater obesidade nas crianças

Por Agência da Câmara

Especialistas avaliam aspectos da doença que já atinge 15% das crianças brasileiras. Quinze projetos na Câmara propõem soluções para a obesidade como problema de saúde.
Site OMEP-BR-MS / Creative Commons
Obesidade Infantil
Dados do IBGE apontam que 15% das crianças com idade entre 5 e 9 anos têm obesidade.
Nos últimos anos, a obesidade infantil se tornou problema de saúde pública e motivou o governo e o legislativo a proporem iniciativas para levar mais informação à população, promover parcerias com escolas públicas e privadas e educar as crianças sobre a importância de uma alimentação saudável e exercícios físicos.
Especialistas apontam que os fatores genéticos são só uma das causas do problema. A influência do ambiente em que a criança está inserida e os hábitos da vida contemporânea têm papel preponderante.
O Instituto Alana, organização não governamental que luta pelos direitos da infância, levou crianças com idade entre 5 e 10 anos a um supermercado e apresentou diversos tipos de alimentos a elas.


Infância e consumismo 
A experiência do Instituto Alana virou vídeo do Projeto Infância e Consumismo que tem o objetivo de esclarecer pais e autoridades sobre o problema. Em um primeiro momento são mostrados às crianças frutas, legumes e vegetais e, em seguida, alimentos industrializados. A maioria das crianças não soube identificar os produtos não industrializados.

Pães, biscoitos, arroz branco e doces já compõem quase 50% da cesta de compras do brasileiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e as crianças influenciam na hora da compra.
Preocupado com a situação, o deputado, que também é médico, Alexandre Roso (PSB-RS) apresentou dois projetos de lei sobre o assunto. O primeiro cria a Semana de Mobilização Nacional contra a Obesidade Infantil (PL 3874/12) e o segundo proíbe a propaganda de refrigerantes e alimentos de baixo teor nutritivo em escolas (PL 5043/13).
Arquivo/ Gustavo Lima
Alexandre Roso
Roso defende investimentos em políticas de prevenção e educação.
Roso afirma que quando chegou à Câmara, em 2011, para seu primeiro mandato, se assustou com a quantidade de projetos que garantiam assentos para obesos em aviões e ônibus em vez de propor ações para combater a doença. Hoje, já são 15 projetos na Casa que propõem soluções para a obesidade enquanto problema de saúde.
Prevenção
Roso defende investimentos em políticas de prevenção e educação. "Coisa que não se pensava no passado, por exemplo, crianças com hipertensão arterial, crianças com doenças vasculares, crianças com doenças ortopédicas, ou seja, com lesões por excesso de peso, que era uma raridade de se presenciar, hoje, ficou muito mais comum."

A coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime, concorda que é mais efetivo prevenir a obesidade do que tratar o problema depois.
Saúde na Escola 
Para isso, o governo criou o programa Saúde na Escola em parceria com Ministério da Educação em todos os municípios brasileiros. São cerca de 80 mil escolas publicas do País, onde se afere peso e altura das crianças e se oferece orientação nutricional.

Patrícia explica que o ministério também fez um acordo com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) para transformar as cantinas escolares em espaços educativos e de promoção da alimentação saudável. "Trabalhamos com um manual das cantinas escolares saudáveis e desenvolvemos um curso de educação a distância para capacitar o conjunto de merendeiros, diretores de escolas, para apoiar as escolas e transformá-las em um espaço promotor da saúde."
A educação alimentar passa ainda pelo esclarecimento acerca de ideias ultrapassadas, como o "fechar a boca" das dietas restritivas. A coordenadora do projeto Genética de Transtornos Alimentares da Universidade de São Paulo, Sophie Deram, explica que a maioria das dietas não funciona porque aumentam a vontade de comer.
Dietas restritivas
Segundo Sophie Deram, as crianças, em especial, devem emagrecer comendo alimentos saudáveis com fibras e baixo teor de açúcar, gordura e sódio. "Fazer dietas restritivas, especialmente em crianças que estão em crescimento, compromete o equilíbrio fome/saciedade deles, também diminui o metabolismo e a pessoa fica mais obcecada pelo alimento."

Crianças sedentárias
A diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, Maria Edna de Melo, destaca também o papel da atividade física tanto na prevenção, como no tratamento da obesidade.

Maria Edna avalia que a falta de segurança pública e de espaços de convivência têm contribuído para que as crianças fiquem cada vez mais sedentárias. "Quando a gente vai atender um paciente com obesidade infantil, não é só o peso, não é só a doença, é um pacote social que a gente tem que resolver. Espaços de lazer, praças, parques.”
Na opinião da diretora o problema é menor para quem mora em zona urbana, grandes centros, mas para “quem mora na periferia, que é onde a gente tem a maior densidade da população, eles não têm acesso a isso, eles não conseguem sair de casa. E a atividade física nas escolas é muito restrita. Tudo isso vai favorecer um comportamento de a criança ficar ou com um celular, ou com o smartphone, ou de frente pra um computador, ou na frente da televisão, comendo um lanchinho."
Projetos em discussão
Os 15 projetos em discussão na Câmara que propõem ações de prevenção e combate à obesidade tramitam em conjunto (PL 1234/07 e apensados) e ainda devem passar por uma comissão antes de serem analisados pelo Plenário.

Entre as propostas, estão a criação do programa de prevenção, orientação e tratamento da obesidade infantil (PL 6522/09) e a criação da semana de conscientização dos malefícios da obesidade nas escolas públicas (PL 3652/12). Outros dois projetos propõem a inclusão da disciplina Educação Alimentar na grade escolar do ensino fundamental e médio (PLs 325/07 e 128/07).

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