terça-feira, 2 de agosto de 2016

Água Podre


O presente texto retrata relatos de jovens universitários moradores de um distrito da cidade de Ilhéus –BA, que em suas histórias de vida trazem expectativas de tentar reconstruir uma história diferente para a comunidade ao qual vivem. Trazem no contexto das suas histórias sonhos simples e gritantes, pois saber que é ilheense e só conhecer a mesma por imagens TV e contos dos seus familiares.

Onde esses contribuíram para história dessa cidade, que socialmente se veem excluídos da vida da sua sede, da sua identidade municipal, por não existir relações diretas entre seu distrito e sede, justificável pela falta de uma condução coletiva direta, alegada por eles a não existência de um transporte que faça o elo entre Ilhéus e seu distrito. E que hoje por sua distância e inviabilidade econômica, passa a se reportar a outras cidades vizinhas como acesso principal.

O que se pode esperar desses ilheenses, que tem seus nascimentos no campo, distante quase 100 km da sede, que tem como realização de desejos, nada como não ser médico, ou bombeiro, conhecer a Disney ou quem sabe assistir ao vivo o clássico Flamengo e Vasco, como fazia os jovens de ontem, esses ilheenses , tem como  um de seus vários desejos, conhecer, quem sabe um dia, o prazer de desfrutar das lindas praias, que até então muitos só conhecem através das notícias publicitadas nos canais parabólicas ou internet fixa, pelo celular nem pensar, quanto a esses, operadora alguma foi discutida a possibilidade de ficar sem a licença de uso de sinal caso não fizesse parte do pacote desses, senão lá teria esse benefício mundial.

É sabido que no cenário da política as  eleições estão chegando e os jovens  gostariam de votar em um conjunto político voltado para o desenvolvimento dos distritos, acessibilidade, transporte digno, estradas em perfeito estado 365 dias do ano, distritos compartilhando seus ICMS dentro do perímetro ilheense, com seus filhos domiciliados eleitoralmente em Ilhéus, pois conscientemente a esses lhes caberiam o direito a saúde, educação, assistencialismo, desenvolvimento econômico e transporte para o ir e vir garantido na carta magna, além do direito de ir  à praia aos domingos e feriados num transporte com preço popular ou quem sabe gratuito.

Esse distrito na década econômica do fruto de ouro (cacau) somou na história de Ilhéus , hoje se encontra aposentada dessa, mais seus filhos vivem, e estão atentos a projetos como o “Escola sem Partido” que a eles pouco trazem ou nunca traz nada de necessário a sua emancipação social, e como discente do curso de Ciências Sociais  percebo e trago uma reflexão e aprendizagem na obrigação de externar a quem interessa possa, o sonho desses jovens  ilheenses que vive a 100 km de distância da sede, que tinha como desejo conhecer a praia de Ilhéus, que não se transforme no “mito da caverna” que, possa servir para que outros saiam da caverna, e quem sabe dia 02 de outubro e utilize sabiamente seu poder do voto por um elo entre o distrito e a sede.

A escola é um dos lugares onde devemos construir os debates, discussões, onde se origina a formação cultural, filosófica e sociológica do indivíduo, é lá que se confronta as ideias e aperfeiçoam as estruturas filosóficas do pensamento humano. ’ Não podemos aceitar um projeto de lei que cerceia a liberdade de pensamento e contribui para criar indivíduos acríticos e alheios ao pensamento”. Soraya Smaili.

       Assim para o indivíduo esse conhecimento é a somatória de costumes, tradições e valores, é um jeito próprio de ser, estar e sentir o mundo, ora, “SER” é também pertencer, a tal lugar, a crença qualquer, fazer parte de algum grupo, seja família, amigos ou a um povo. Tentar fazer e ser a escola uma ferramenta instrucional fundamental a identificação pessoal e social, que norteia e integra indivíduos e gerações, termômetro terapêutico que desperta os recursos internos do indivíduo, fomentando sua interação com o grupo social, a proporção que esse indivíduo se realiza e desenvolve suas possibilidades.

       O titulo "Água Podre" era o nome dado a um córrego que passava próximo dessa comunidade, que hoje já não existe mais.

Roberto de Jesus
É discente de Ciências Sociais/UESC

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