terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os cargos cobiçados

Postado por Brasil Econômico
Diz a lenda que, eleito governador de Minas Gerais em 1982, Tancredo Neves recebeu um correligionário que o procurou com o mesmo objetivo de quase todos os que o visitavam naqueles dias: cavar uma vaga na administração.

O homem foi direto ao assunto e disse mais ou menos o seguinte:"Doutor Tancredo, corre nas minhas bases a notícia de que o senhor me nomeará para o governo. Eu preciso dar uma satisfação aos eleitores e gostaria que o senhor me autorizasse a dizer que serei secretário".
Com a voz pausada e tranquila de sempre, Tancredo respondeu:"Fique tranquilo, meu filho. Pode dizer a seus eleitores que você não será secretário".

Com a devida distância em relação ao momento e ao apetite dos aliados, o problema de Tancredo era muito parecido com o que está se passando em Brasília neste instante.
Todo mundo que ficou ao lado de Dilma acha que merece uma boa vaga no ministério e faz questão de anunciar isso em alto e bom som.

Desde seu primeiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou o hábito de acomodar aliados no governo nem que, para satisfazer a todos, fosse preciso criar cargos especialmente para tal finalidade.
O esquema funcionou como um calmante para muita gente - e é, com certeza, um dos responsáveis pelo fato de Lula haver atravessado oito anos sem opositores capazes de lhe dar trabalho.
A presidente eleita, Dilma Rousseff, não tem motivos para alterá-lo. O problema é que o apetite dos "aliados" neste momento não tem limites.

O deputado Ciro Gomes, por exemplo, se movimenta para assumir um posto cobiçadíssimo: a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
É pouco provável que leve. Assim como é generoso na distribuição de cargos, o modelo criado por Lula também prevê a reserva dos melhores postos para pessoas do seu círculo mais próximo.
A presidência do BNDES equivaleria àquela diretoria da Petrobras "que fura poço e acha petróleo" pleiteada e não obtida pelo ex-aliado Severino Cavalcanti. O modelo da fartura de cargos rende frutos. Mas também pode gerar ressentimentos.
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Ricardo Galuppo é diretor de redação do Brasil Econômico

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