domingo, 27 de maio de 2012

JABES: “TODOS TÊM O DEVER DE ESCLARECER QUALQUER FATO DENUNCIADO”

 
Pré-candidato à sucessão municipal em Ilhéus pelo PP, o ex-prefeito Jabes Ribeiro é tido como o nome mais forte na disputa e, não por acaso, tudo o que lhe ocorrer tende a ganhar destaque na mídia. Não foi por acaso, portanto, que uma visita nesta sexta-feira (25) à delegacia de polícia colocou o nome do pepista em todas as rodas políticas e em blogs da região, com várias versões sobre o episódio.
Em entrevista ao CENA BAHIANA, Jabes afirma que sua ida à sede da 7ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin) estava agendada há mais de um mês e foi, sob o seu ponto de vista, algo normal. “Não houve nenhuma surpresa”, afirmou o político, acrescentando que não foi levado à delegacia.
Neste bate-papo, Jabes também cutuca adversários, diz que o prefeito de Ilhéus não tem aptidão para o cargo e defende a formatação de políticas públicas que permitam a Ilhéus conviver com o Porto Sul sem abrir mão da sustentabilidade e da qualidade de vida da população.
Confira abaixo:

CENA BAHIANA – Há muito disse-me-disse e versões desencontradas sobre o episódio ocorrido com o senhor nesta sexta-feira (25). O que ocorreu de fato?
JR - Se você fala do fato da minha presença na delegacia para prestar esclarecimentos, tenho a dizer que considero isso um fato normal, principalmente com aqueles que não têm nada a temer, como é o meu caso. Fui convocado pelo delegado Amorim e marcamos nossa visita há mais de um mês. Não houve nenhuma surpresa como alguns da oposição tentaram jogar na opinião pública. Muito menos fui “levado” à delegacia. Prestei os esclarecimentos e irei quantas vezes forem necessárias, pois, conforme disse, nada temos a temer, uma vez que se trata de um procedimento rotineiro. Do presidente da República até o vereador, todos têm o dever de esclarecer qualquer fato denunciado, não havendo nada de anormal. No meu caso, é importante salientar que todas as denúncias partiram de adversários políticos, e o Ministério Público tem que cumprir a sua obrigação constitucional. Vejam o caso das casas do Teotônio Vilela: a oposição denunciou e explorou o assunto por mais de duas décadas, mas acabamos inocentados pelo Tribunal de Justiça e TCU.
CB – Essa “intimação” à delegacia exatamente durante um evento público não lhe pareceu estranha? O senhor vê algum tipo de influência política no episódio?
JR - Não houve nenhuma intimação naquele momento. Nossa presença já estava marcada para as 14 horas, mas como eu iria participar da abertura do programa Cacau Para Sempre, liguei para Dr. Amorim e marcamos para as 15h30. Nesse horário eu saí do evento e fui até a delegacia. Nada mais que isso. Agora, na cabeça daqueles que estão efetivamente preocupados com a aprovação que o povo de Ilhéus nos dá, ficam especulando situações totalmente sem sintonia com os verdadeiros fatos.
CB – Há informações de que o senhor ficou nervoso quando soube da presença da polícia no local do evento. Como o senhor se sentiu realmente?
JR - Mais uma inverdade plantada. A polícia não esteve em momento algum no evento. Chega a ser engraçada essa versão. Se houvesse uma intimação naquele momento, jamais seria para prestar declarações nos minutos seguintes. É uma versão fantasiosa e hilariante, mas entendemos bem o intuito dos adversários.
CB – Seus adversários batem muito na tecla de que o senhor é “ficha suja”. O que o senhor diz a esse respeito?
JR - Outra falácia. Quem não conhece a lei interpreta ao seu modo. A Lei da Ficha Limpa alcança aqueles que são condenados em instância colegiada, ou seja, segunda instância, ou teve contas rejeitadas por motivos insanáveis e que tenham causado danos ao erário e enriquecimento ilícito. No meu caso, nunca tive contas rejeitadas em mais de 30 anos que atuo na vida pública, seja como prefeito em três mandatos ou secretário de estado. As denúncias contra atos da administração serão todas derrubadas, pois provaremos que não ocorreram as irregularidades apontadas. Não me preocupo nem um minuto com isso. A oposição, sim, está preocupada e por isso lança no ar inverdades.

O nome é excelente. Tem probidade, inserção social e percepção política que por certo engrandece a chapa, mas não assumimos esse compromisso com o partido (sobre a participação de Israel Nunes, do PCdoB, na chapa majoritária).


CB – Falando especificamente sobre as eleições, houve um impacto muito grande quando do anúncio da aliança entre seu partido, o PP, e o PCdoB. Já está definido qual será o papel dos comunistas na chapa e no governo?
JR - O impacto foi realmente grande, pois o PC do B é um partido de muita tradição, com credibilidade e com quadros de envergadura que engrandecem qualquer ajuntamento político. O partido, com seus valiosos quadros, estará presente em todos os momentos da campanha e contribuirá bastante na formatação do plano de governo que estamos elaborando. Tentam passar à opinião pública de que o PC do B comporia a nossa chapa com o Dr. Israel Nunes na vice. O nome é excelente. Tem probidade, inserção social e percepção política que por certo engrandece a chapa, mas não assumimos esse compromisso com o partido. O vice será discutido até as convenções e sua definição será norteada dentro de uma visão estratégica que envolve vários fatores.
CB – O senhor participa das reuniões do conselho político formado pelo Governo da Bahia para discutir a sucessão. Como a situação de Ilhéus é vista no conselho, particularmente enfocando o confronto anunciado entre o PP e o PT, dois partidos aliados no âmbito estadual?
JR -  Não tem confronto algum com o PT. Lá tenho amigos e em nível estadual eles sabem do meu papel como parceiro, representando o PP. Em Ilhéus, entretanto, o PT tomou um rumo irreversível ao filiar um prefeito que a quase totalidade da população desaprova. Todos os membros do conselho político sabem da situação em que se encontra a administração do prefeito de Ilhéus, e sabem também da minha posição nesse cenário. Só recebo palavras de carinho e solidariedade.
CB – Ilhéus está para receber um projeto de logística grandioso, que é o Porto Sul, ainda pendente de aprovação do Ibama. Qual é a sua expectativa para esse empreendimento e que papel imagina para a gestão municipal sob o ponto de vista da formatação de políticas públicas necessárias para que a cidade conviva bem com um empreendimento de tal porte?
JR -  Primeiramente é preciso deixar claro que a cidade tem que se preparar para receber esses investimentos, tanto em termos de ações de desenvolvimento urbano como na esfera política. O próximo prefeito tem que estar preparado para tocar a administração com eficiência, buscando parcerias e recursos em outras esferas governamentais, e para isso é imprescindível que façamos bons projetos. Tenho experiência suficiente para buscar essas parcerias e montar uma equipe capaz de responder pelas demandas da população. Sustentabilidade é a palavra da moda e está na ordem do dia. O mundo demorou a descobrir e sintetizar em uma só palavra aquilo que precisamos para que o cidadão tenha qualidade de vida. E a qualidade de vida passa necessariamente pelo desenvolvimento sustentável. Buscaremos isso, caso o povo de Ilhéus nos coloque em posição de mais uma vez dirigir seu destino.

Na verdade o atual prefeito não tem aptidão alguma para o cargo. Não tem vocação, e aí a administração fica acéfala com cada secretário fazendo ou atirando de um lado e outro secretário mais afinado com o prefeito desfazendo do outro.
 CB – A cidade enfrenta problemas graves, como na saúde por exemplo. Nesta semana, o governo fez um acordo com hospitais particulares e vai complementar a tabela do SUS para garantir o atendimento nas emergências desses estabelecimentos, havendo denúncias de favorecimento a um hospital pertencente à família do secretário da Saúde. Como o senhor vê essa questão?
JR - Fazer acordos esse governo faz sempre. O difícil é cumpri-los. No caso específico, sabemos que os hospitais têm dificuldades de operarem com os repasses baseados nas tabelas do SUS, portanto algo tem que ser feito para viabilizar os atendimentos. Sobre favorecimento de A ou B, prefiro não entrar nessas questões, mas lhe asseguro que em caso de vitória, faremos uma auditoria e diagnóstico nos primeiros dias de governo, e dessa forma teremos instrumentos para verificar se houve efetivamente esses fatos denunciados pela imprensa.
CB – O que o senhor faria de diferente do atual governo?
JR - Tudo. Na verdade o atual prefeito não tem aptidão alguma para o cargo. Não tem vocação, e aí a administração fica acéfala com cada secretário fazendo ou atirando de um lado e outro secretário mais afinado com o prefeito desfazendo do outro. Um verdadeiro Exército de Brancaleone. Quando não há planejamento a administração fica apagando um incêndio a cada dia. Faremos diferente, e a população sabe disso, pois nos meus governos anteriores tivemos dificuldades, mas a cidade era bem administrada. Daí o clamor para que voltemos. E o povo de Ilhéus sabe que nosso compromisso é resgatar a cidade do estado lamentável em que se encontra. Não vamos decepcionar, portanto, caso as urnas nos sejam favoráveis.

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