A primeira fábrica de chocolate oriundo da agricultura familiar do Brasil representa um novo horizonte para a economia sul-baiana e reduz a dependência da lavoura em relação às grandes indústrias, avalia o prefeito de Ibicaraí, Lenildo Santana (PT). A unidade foi inaugurada no último sábado (18) pelo prefeito, o governador Jaques Wagner. “Produzindo cacau e sem agregar valor, a região só enriquecia grandes indústrias como a Cargil e a Nestlé. Mudamos uma cultura de mais de dois séculos, quando apenas se pensava em produzir cacau”, afirma Lenildo.
A fábrica instalada em Ibicaraí, às margens da BR-415, recebeu investimentos de R$ 2,04 milhões do governo do Estado e da prefeitura de Ibicaraí, já emprega 10 funcionários e beneficiará diretamente 300 produtores cadastrados pela Cooperativa da Agricultura Familiar da Bacia do Almada e Adjacências (Cooafba). Ela começa a operar com capacidade de produção de seiscentos quilos de chocolate fino com concentração de 52% de cacau. O quilo do Bahia Cacau será comercializado a R$ 40,00.
O cacau processado pela fábrica é selecionado (premium) e o produtor terá um preço até 50% maior pelas amêndoas em relação ao que o mercado tradicionalmente paga. A arroba do cacau será adquirida pela fábrica, na média, a R$ 130,00, enquanto o mercado paga por volta de R$ 85,00, não importando se o cacau é comum ou selecionado. “É um projeto que organiza, valoriza e fortalece a agricultura familiar”, assinala o prefeito de Ibicaraí.
PIONEIRISMO SUL-BAIANO
O governador Jaques Wagner ressalta a força da agricultura familiar no estado e cita o pioneirismo de Ibicaraí e baiano na produção de chocolate fino a partir da amêndoa. “Essa história mudou e o cacau daqui, agora passa a valer mais, aumentando a renda e estimulando a lavoura”. Wagner usou exemplos de países como a Bélgica, que produzem chocolate sem ter um pé de cacau plantado, enquanto a Bahia não tinha uma fábrica similar à inaugurada no município sul-baiano.
O governador ressaltou a qualidade do produto que sairá do forno em Ibicaraí, com concentração de 52% a 70% de cacau. Os números quentes do chocolate que cai na tempeiradeira da fábrica revelam o impacto dessa nova realidade tanto para os agricultores familiares como para a economia regional, principalmente a ibicaraiense.
A fábrica é um embrião de diversos projetos na agricultura familiar que estão sendo desenvolvidos na região que tem Ibicaraí como polo. O secretário de Desenvolvimento e Integração Regional, Edmon Lucas, enfatizou que uma indústria de laticínios será inaugurada em breve no vizinho município de Coaraci. Articular de ações na área de agricultura familiar, o consultor Soares Neto afirma que os governos estadual e federal estão investindo cerca de R$ 12,5 milhões em projetos voltados à agricultura familar no eixo Ibicaraí-Coaraci.
RECEITA DE R$ 8 MILHÕES
Operando em turno de oito horas por dia, a unidade produzirá 600 quilos diários de chocolate, comercializados inicialmente a R$ 40,00 o quilo. A receita anual pode ser estimada em aproximadamente R$ 8 milhões, por ano. Os lucros da venda do produto serão divididos com os agricultores cadastrados.
Dos mais de R$ 2 milhões investidos no projeto assessorado pelos especialistas Raimundo Mororó e Rogério Pinto, R$ 240 mil foram aplicados na capacitação de funcionários da fábrica e agricultores associados. O Sebrae é o responsável pela capacitação dos envolvidos no projeto.
O deputado federal Geraldo Simões fez referência à qualidade do chocolate ibicaraiense e à organização do agronegócio cacau no sul da Bahia. “Algumas indústrias dizem que fazem chocolate, quando não passa de uma paçoca com o mínimo de cacau”. O sul do estado terá mais 19 fábricas de chocolate nos moldes do projeto PAC do Cacau, que destina R$ 2,52 bilhões à economia sul-baiana. “É uma virada de página para a região”, acrescentou o secretário estadual de Agricultura, Eduardo Salles.
ASCOM Ibicarai.
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