sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Membros de comissões do pré-sal receberam doações de empresas interessadas


Rollemberg foi único que não recebeu recursos de empresas ligadas ao setor.


















Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) foi único que não recebeu recursos de empresas ligadas ao setor. "Pesou o fato de eu ser fiel ao governo e de estudar o assunto", disse, anunciando que vai priorizar educação e ciência e tecnologia no fundo.

Dos oito deputados federais escolhidos para ocupar postos de comando nas comissões do pré-sal, sete receberam na campanha eleitoral doações de empresas diretamente interessadas no setor, aponta levantamento feito pela Folha junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O presidente e o relator da comissão que vai tratar da partilha do pré-sal- projeto considerado o mais importante pelo governo federal- foram financiados pela construtora Camargo Correa. Parceira da Petrobras em diferentes obras, a construtora repassou R$ 319 mil a deputados envolvidos nos projetos, sendo a empresa que mais doou, em volume de recursos, aos comandantes das comissões.

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), relator da principal proposta, recebeu R$ 100 mil da Camargo Correa, que é parceira da Petrobras na construção da térmica de Termoaçu, no Estado do deputado. Já o presidente da comissão, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ganhou R$ 169 mil da Camargo Correa, além de R$ 150 mil da Construtora OAS, associada ao IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo).

Procurados, Eduardo Alves e Chinaglia afirmaram que não há constrangimento porque as doações não influenciam em nada o trabalho deles. Relator do projeto da capitalização da Petrobras, o deputado Antonio Palocci (PT-SP) foi um dos que mais receberam doações de empresas ligadas ao setor petrolífero. Ganhou recursos da UTC e da WTorre, empresas que constroem, respectivamente, plataformas de exploração de petróleo e diques secos para a Petrobras. Palocci não foi localizado para comentar o assunto.

O presidente da mesma comissão, Arnaldo Jardim (PPS-SP) -único deputado da oposição em um dos postos de comando nas comissões-, também recebeu R$ 50 mil da Camargo Correa e R$ 100 mil da Construtora OAS. "Não me sinto constrangido em relação a essa questão porque tenho pensamento próprio e autonomia", afirmou o deputado, que é a favor da participação de quem já usou o FGTS para a capitalização da companhia.

Responsáveis pela comissão que vai criar a Petro-Sal, os deputados Brizola Neto (PDT-RJ, presidente) e Luiz Fernando Faria (PP-MG, relator) contaram com doação da Ipiranga, empresa comprada pela Petrobras em parceria com a Braskem, em 2007.
"Não há conflito de interesses porque a Ipiranga, mesmo depois da fusão, não atua com produção, apenas com derivados de petróleo", diz Brizola Neto, que pretende realizar audiências públicas fora do Congresso para debater o pré-sal. O relator também não vê empecilhos: "Não tem nada a ver uma coisa com a outra, sou parceiro da Ipiranga há mais de 40 anos, pois tenho um posto de gasolina, mas eles nunca me pediram nada".

Na relatoria da última comissão, a que cria o fundo do pré-sal, estará João Maia (PR-RN). Ele recebeu R$ 48 mil da Tora Transportes, que tem entre seus clientes a Petrobras. Irmão de Agaciel Maia -ex-diretor do Senado afastado por ocultar da Justiça uma mansão-, o deputado caiu nas graças da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) desde que relatou a Lei do Gás. Maia não quis falar sobre as doações.

Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) foi único que não recebeu recursos de empresas ligadas ao setor. "Pesou o fato de eu ser fiel ao governo e de estudar o assunto", disse, anunciando que vai priorizar educação e ciência e tecnologia no fundo.

A Folha procurou todas as empresas doadoras para saber o que as motivou a colaborar financeiramente e a expectativa com relação ao pré-sal. As que se dispuseram a falar disseram que as doações foram feitas com transparência e seguiram regras estabelecidas por lei.

Do jornal Folha de S. Paulo

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