sexta-feira, 9 de março de 2012

Jorjão e a Lei Maria da Penha.


Se havia algo que deixava o delegado Carlos Henrique consternado, era choro de mulher.
Ainda mais quando ela tinha 30 anos, era bonita e sensual:
- Mas, o que foi que aconteceu, meu anjo? Conta pra mim...

Maristela - era esse o nome da vítima - fez beicinho:
- Ele me bateu!!!
Dr. Carlos Henrique trincou os dentes:
- Ele, quem?
- O Jorjão!
Ele sentiu o peito arfar:
- E quem é esse Jorjão?
- É... Bem, como eu posso dizer? Ah, deixa pra lá, doutor. Acho melhor não registrar nada.
Dr. Carlos Henrique pousou a mão naquele ombro macio, carnudo:
- Posso lhe dizer uma coisa?
Maristela ficou em silêncio.
O delegado insistiu:
- Com toda a experiência que tenho nesses casos?
Ela balançou a cabeça, afirmativamente:
- Pode!
- Se você não denunciar esse patife, ele vai te bater de novo.
Ela abriu o olho roxo:
- O senhor acha?
- Tenho certeza, meu doce...
Alisou o hematoma:
- Aliás, vou expedir uma guia para o Instituto Médico-Legal fazer o exame de corpo de delito. Está horrível...
Apesar dos pesares, ela sorriu:
- O senhor ainda não viu nada.
- Ele fez pior ainda?
Maristela pôs a mão na coxa:
- Me deu um chute aqui...
- Ficou a marca
?
- Uma mancha enorme.
- Entre aqui no meu gabinete, que eu quero ver.
- Então, feche a porta, doutor.
Dr. Carlos Henrique deu três voltas com a chave e mais quatro com o ferrolho. Tapou o buraco da fechadura com uma fita adesiva:
- Assim está bom?
- Ótimo. Agora, ligue o ar e prepare uma bebida para nós dois.
- Vinho?
Maristela mordeu o lábio ferido e exigiu:
- Se
tiver uísque, eu prefiro.
- Tenho sempre um litro guardado para essas emergências, meu anjo. Puro ou com gelo?
- Puro.
O delegado serviu duas doses. Maristela pegou a sua e bebeu tudo em apenas três goles. Estalou os beiços:
- Vou tirar a roupa.
- Mostra tudo, meu doce. Quero ver todos os hematomas.
- Apague aquela luz ali. Deixa só a do corredor...
Dr. Carlos Henrique estava arrepiado:
- Isto aqui tá parecendo estúdio da Playboy... Tira tudo, meu anjo, tira.
- Tô tirando... Pronto!
O delegado, nervoso:
- Preciso acender. Quero ver de perto para poder descrever nos autos... Epa!!!
- O que foi, doutor?
- Você é homem, cara!
- É com isso que o Jorjão não se conforma, doutor ! !
!



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