sábado, 20 de abril de 2013

Gabrielli: a Ponte Salvador-Itaparica já está sendo construída

O secretário estadual do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, tem dedicado os últimos meses a dois grandes projetos: a Ponte Salvador-Itaparica e o suporte aos prefeitos no Planejamento Plurianual. O problema é que além da complexidade inerente aos processos em si, os avanços das discussões abrem espaços para a capitalização política, de um lado e do outro. Afinal, Gabrielli é um dos quatro petistas que disputam a indicação para concorrer à sucessão do governador Jaques Wagner em 2014.

As vozes que se levantam no meio político, dentro e fora do partido, ganham força. Ora, no caso da Ponte trata-se de uma obra que pode custar R$ 7 bilhões e será a segunda maior da América do Sul, atrás da Rio – Niterói, e a 23ª do mundo. Ao mesmo tempo, enfrenta a pressão dos munícipes da Ilha de Itaparica e cidades vizinhas que desejam a melhorias na infraestrutura local de imediato.

No último sábado (13), Gabrielli apresentou o projeto no II Salão Baiano de Turismo. Enfrentou um auditório desconfiado e indignado com os problemas atuais. Após responder uma saraivada de perguntas de agentes de turismo, moradores das regiões envolvidas no projeto e interessados em geral, foi ao estande do Bocão News, para defender o ponto de vista.

Confira um trecho da entrevista:

Bocão News: Secretário, quais os principais pontos da Ponte numa projeção focada no turismo? Existe a defesa de que o equipamento ponte trará soluções em diversos aspectos, diversas soluções, mas nós gostaríamos de focar no recorte do turismo.

José Sérgio Gabrielli: A ponte faz parte de uma mudança no sistema de acesso a cidade de Salvador, com a ponte você vai ter hoje o que se vê pela BR 324. Vai ter outra alternativa de se entrar na cidade de Salvador e de sair pela ponte. A ponte vai, portanto, ter um impacto muito grande no trânsito pela BA-001, que vai até Valença, e a partir de Santo Antônio de Jesus pela BR-101 e a partir de Castro Alves pela BR-116 e segue pela BR 242. Então, consequentemente, vai existir uma nova maneira de chegar a Salvador. Isso vai fazer com que haja uma mudança completa porque serão encurtados 150 km de distância e algumas áreas vão reduzir 40% tempo para chegar em Salvador e poderemos integrar muito mais o Baixo Sul e o Litoral Sul a Salvador. Pelo ponto turístico, os investimentos nos últimos anos realizados na Costa do Dendê e na Baía de Todos os Santos foram pequenos em relação aos investimentos realizados no Litoral Norte, então o que nós esperamos é que haja uma reversão no fluxo de investimentos em direção ao Litoral Sul.

Queria que o senhor comentasse as diversas críticas a respeito de ser uma obra eleitoreira. Nós ouvimos ontem o deputado federal Felix Junior (PDT) falando que preferia construir uma ponte para a educação, porque são R$ 7 bilhões, a diferença da fatia do orçamento, do investimento, esforço de captação do recurso para ser aplicado num vetor de desenvolvimento e infraestrutura e os outros tipos que devem ser mantidos. Analise essas duas perspectivas.

Em primeiro lugar, a ponte é um projeto muito complexo e com um impacto muito grande em toda uma região que envolve o Baixo Sul, o Recôncavo, parte do Portal do Sertão, a RMS e parte do Litoral Norte, então várias regiões do estado vão ser afetadas pela existência da ponte. Estamos com uma licitação na rua para estudos de sondagem para do subsolo da Baía de Todos os Santos para com isso ter o melhor projeto possível para fazer as fundações da ponte. Nós estamos com uma licitação internacional no mercado para detalhamento do projeto de engenharia que envolve métodos construtivos. Vamos sair nas próximas semanas com licitações para o plano urbanístico, que são os impactos da ponte sobre, principalmente, na Ilha, Vera Cruz, e sobre os impactos ambientais. Portanto, nós estamos com um conjunto de ações que fazem transformar a ponte cada vez em algo concreto, por que a ideia é que o início da construção seja disparado no primeiro trimestre de 2014. Portanto, ela é uma ponte que já está sendo construída. A construção não é só botar o cimento, precisa fazer as etapas preliminares. Em relação ao custo e ao financiamento, é um equívoco dizer que é possível usar o recurso para outra finalidade. O recurso não pode ser usado em qualquer coisa, nós vamos montar um modelo de financiamento da ponte que vai envolver recursos da União, do estado, das dívidas do construtor, da captura de ganhos imobiliários que virão pela existência da ponte e do pedágio. Esses recursos que vão financiar a ponte e não podem ser usados na educação, são duas origens diferentes que não tem como confundir uma coisa com a outra.

O senhor é uma pessoa iniciada nos assuntos da complexidade e claro que toca projetos como a ponte e o PPA municipal, e em conjunto também está tocando a sua vida política. A perspectiva de uma candidatura ao governo do estado. Como o senhor vê isso e como está o movimento dentro do PT?

O diretório estadual do partido decidiu que: primeiro, o PT vai pleitear junto aos aliados a indicação do candidato à sucessão do governador Jaques Wagner. O PT é o partido que saiu das eleições de 2012 com o maior número de votos, com um milhão a mais que o segundo partido mais votado. O PT é o partido que teve a maior bancada de prefeitos eleitos, elegeu 92 prefeitos. O PT tem a maior bancada de deputados estaduais e federais. O PT é o líder dessa coalizão de forças políticas. Então o PT acha que tem o direito e a legitimidade para pleitear um candidato. Esse é o elemento chave. E o PT tem quatro pré-candidatos que estão se colocando como possibilidades. Incluindo uma discussão com outros partidos da base aliada. O governo de Wagner é um governo de sucesso, que fez transformações fundamentais no estado no que se refere à democracia, a obras estruturantes, no que se refere a definição de projetos, que precisam ser continuados. A continuidade é a continuidade da liderança do PT nessa coalizão que vai ser feita. O PT não está pretendendo ser o único no governo, pelo contrário, está defendendo uma ampla aliança com diferentes segmentos. Como é que o PT vai convergir para um candidato? É um processo que vai acontecer naturalmente no partido. Não acredito que é o momento de decidir, pois esse momento deve ser dedicado para fazer a realização das obras do governo, fazer a implementação e transformação dos projetos em ação, de tal maneira que nós temos um conjunto de ações para realizar em 2013 e 2014. Não acho, portanto, que seja o momento para se decidir quem será o candidato do PT. Acho que o PT tem maturidade suficiente para fazer esse processo amigável de consulta, de convergência, de discussões e chegaremos a um consenso adequado no momento adequado.

Mas isso tem sido discutido e nesse sentido queria saber o seguinte: muitos dizem que Rui Costa (chefe da Casa Civil) é o candidato do governador. Você já ouviu isso de Wagner?

Eu não vou comentar sobre isso. Porque acho que esse não é um tema relevante nesse momento.

Mas é um tema que vem se consolidado dentro do partido...

Mas não tem relevância nesse momento. Mas se Rui (Costa), se (Luiz) Caetano, se (Walter) Pinheiro forem os candidatos de Wagner e do PT então serão os meus candidatos. Acho que eles também me apoiarão se eu for o candidato. O processo vai envolver o governador Jaques Wagner como a principal figura deste processo , sem dúvida nenhuma, porque ele é o líder principal que nós temos.

Vamos falar um pouco sobre o PPA municipal.

O PPA municipal é uma coisa que nós consideramos muito importante para os municípios. Há uma obrigação legislativa de que os municípios, acima de 20 mil habitantes, vão ser obrigados a apresentar o PPA para os próximos cinco anos em 2013. A Secretaria do Planejamento está oferecendo aos municípios um curso para treinamento dos técnicos das secretarias de planejamento ou dos órgãos no município que vão trabalhar com o PPA. Para treinar sobre metodologia do Plano, como identificar as fontes de recursos do município que são aderentes ao PPA estadual, como se relacionam com o PPA federal, como operar os sistemas. O curso será entre os dias 18 e 19 de abril para os municípios. Para os municípios abaixo de 20 mil nós recomendamos que os prefeitos tentem fazer seus PPA´s. Não é uma obrigação legal, mas eu acho que é uma boa prática para se pensar o futuro deles. O curso será bancado inteiramente pela Seplan.

É muito difícil de se incutir a filosofia do planejamento dentro de municípios que historicamente não têm esse tipo de tradição, qual é a estratégia para trabalhar isto?

A prefeita de Valença, anteontem (quinta-feira 11) disse no encontro dos diálogos territoriais do Baixo Sul, que o prefeito tem que matar um dragão todo dia, aí eu disse para ela: sim prefeita é verdade porque a situação dos municípios é difícil, a arrecadação do município é pequena, as demandas vão aumentando porque a população vai aumentando as exigências, então é uma situação difícil. Mas eu disse: sim prefeita, mas se você mata um dragão por dia e não pensa mais adiante, algum dragão pode vir e matar a senhora um dia. É esse o problema do planejamento, é dosar a exigência do dia-a-dia, que você tem que ter uma resposta muito precisa e faz parte do processo da vida das pessoas, com a necessidade de pensar um pouco mais adiante. Acho que é um processo, o governo do estado está avançando mais na recuperação dessa ferramenta de planejamento e os municípios vão crescer nesse tipo de situação.

Por: Luiz Fernando Lima (twitter: @limaluizf) Publicada no dia 14 de abril de 2013 no Bocão News

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oposição versus situação: o cenário político em Ilhéus

  Por Jamesson Araújo do Blog Agravo. A disputa eleitoral em Ilhéus está pegando fogo! Em 2020, já tínhamos uma ideia clara de quem seriam o...