domingo, 20 de março de 2011

Moradores de rua inovam na fórmula de se drogar



Enquanto a passeata “Todos contra as drogas” percorria as principais ruas de Ilhéus, 19/03, viciados em entorpecentes se destroem. A droga da vez agora é o esmalte de unha. (Na foto viciado inalando esmalte de unha em frente à ACI).

    No início usavam maconha, cocaína, cola de sapateiro, solvente, crack e, agora descobriram um novo de tipo de entorpecente: O esmalte de unha. A crise financeira também chegou a aqueles que moram na rua. São pedintes que, normalmente cruzam a cidade de um lado a outro, na busca de trocados com a finalidade exclusiva de comprar algum tipo de droga.

   Com a população sabedora do vício do pedinte, normalmente vem negando qualquer tipo de “esmola” monetária, já que todo dinheiro arrecadado é para a compra de drogas. No entanto, a turma do vício descobriu algo bem mais barato e de fácil acesso, porém, de destruição tão avassaladora como o solvente thinner.

   Na composição do esmalte de unha é encontrada muita química prejudicial à saúde: Polimetilacrilato; resinas de plástico; esteralcômio de hectorita, que é usado em baterias de celular, minério altamente tóxico de onde é extraído o lítio; O esmalte contém também nitrocelulose que é utilizado como detonador de explosivos; copolímetro de etileno e poliuretano para fabricação de látex. A inalação constate do esmalte deixa o usuário em estado de alucinação, fora de si, sem controle, podendo até mesmo chegar a óbito por insuficiência respiratória.

   “Foi hiper louvável se criar o dia municipal de manifestação contra as drogas; interessante as reuniões e seminários para discutir o assunto e, oportuno a criação de um comitê que dê sustentação as ações pertinentes. Mas, é muito pouco. Ilhéus precisa é de política pública para tratar das deficiências. Os centros de recuperações na cidade são limitados e carecedores de verbas para uma maior e melhor prestação de serviços”, diz João Paulo Lima, pai de um menor viciado em crack.

    Para Luiz Carlos Silva, ex-viciado em cocaína por 15 anos, a libertação das drogas se deu por sua própria luta em deixar o vício e o trabalho social que foi realizado em Caxias do Sul (RS) onde vivia. “Percebo que falta uma política pública na cidade, que coordene de forma eficaz a prevenção, o tratamento e principalmente a reinserção social. O Comitê precisa envolver o Ministério Público de forma mais ativo, a Polícia e o Judiciário no combate aos pontos de vendas de drogas na cidade e mais ainda: que o Comitê trabalhe de forma mais concreto e até mesmo ecumênico, dando atenção a todo tipo e espécie de drogas e drogados, como alguns pedintes, por exemplo, que utilizam e inalam o esmalte de unha como forma de vício, na frente de tudo e de todos, e sem se ver ninguém materializar as ações”, conclui Luiz Carlos.  

*Luciano Amaral é Free-lancer do JORNAL DO RADIALISTA.

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