sexta-feira, 4 de março de 2011

QUEM PODERÁ NOS SOCORRER?

Credito Blog do Gusmão

Por Gustavo Felicíssimo

“as escolas estão aprovando alunos que não possuem a menor condição de avançar. O resultado prático reside no fato de que, sabendo de tal postura, parte dos jovens quando comparecem à escola, nem sempre participam das aulas e não se dedicam ao estudo”

Nunca me senti tão inseguro. A violência que campeia a Bahia é fruto de grande descaso não apenas com a segurança, mas, sobretudo, com a educação.

Tenho a convicção de que a péssima situação encontrada em nossas escolas e a falta de apoio, sobretudo aos professores, que são obrigados a conviver cotidianamente com pressões políticas que facilitam a vida do alunado por conta dos índices do famigerado IDEB que precisam, a todo custo, serem elevados ano após ano, ainda que à custa do analfabetismo funcional da população, está na raiz do problema.

Para ser mais claro: as escolas estão aprovando alunos que não possuem a menor condição de avançar. O resultado prático reside no fato de que, sabendo de tal postura, parte dos jovens quando comparecem à escola, nem sempre participam das aulas e não se dedicam ao estudo.

Isso porque, quanto menos repetências e desistências a escola registrar, melhor será a sua classificação, numa escala de zero a dez. Sendo assim, se a escola passar seus alunos de ano sem que reúnam condições, ela estará colaborando para que o estado alcance suas metas e receba mais recursos.

Desse modo, nossas salas de aula estão sendo habitadas por marginais mirins que desafiam o ambiente educacional, não colaborando com os professores, e o que é pior, levando armas e drogas para um espaço que deveria ser sagrado, mais sagrado que qualquer templo religioso.

Prova inconteste do que afirmo é o fato ocorrido com uma amiga, onde um aluno, insatisfeito por ter sido colocado para fora da sala por azucrinar o ambiente, atirou nela uma grande cesta repleta de lixo e dejetos de alimentos, fato que foi contemporizado pela direção escolar que, por sua vez, precisa aprovar o aluno ao final do ano, transformando-o em número saudável para o FUNDEB.

Por isso, e por outros motivos que não cabem nessa crônica, a notícia de que nos últimos dez anos a Bahia passou de décimo para o quarto estado mais violento do país, não me espanta.

Gustavo Felicíssimo é escritor.

www.sopadepoesia.blogspot.com

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