Entrevistas concedidas ao Jornal A Região em 2004 ano de eleição para prefeito de Ilhéus.
Confira as entrevistas com: Jabes Ribeiro, Dr. Ruy e Ângela Souza.
29 de Maio de 2004
Jabes Ribeiro, prefeito de Ilhéus
"Valderico é perigoso e não tem ética"
afirma o prefeito Jabes Ribeiro ao fazer uma avaliação dos pré-candidatos de oposição. Para o prefeito, caso o empresário vença a eleição, hipótese que ele considera remota, o povo de Ilhéus vai passar quatro anos chorando lagrimas de arrependimentos.
"É inaceitável que um cidadão que não tem competência nem para administrar a própria empresa sonhe em governar nosso município".
Jabes também faz uma avaliação dos demais pré-candidatos, fala da indicação do nome para a sucessão municipal e faz um balanço dos mais de sete anos de governo. No final, algumas respostas que não saíram na edição impressa por limitações de espaço.
A Região - Qual sua principal realização nesses sete anos de governo?
Nesse período conseguimos organizar a máquina municipal. Hoje temos uma prefeitura organizada, um ajuste fiscal permanente. É por isso que garantimos os serviços básicos, a manutenção de salários e outros compromissos fundamentais. Até a oposição reconhece isso. Além disso, outras conquistas estão na educação.
AR - Mas pessoal da educação tem reclamado.
Por mais respeito que tenha à área sindical, sei que muitos só pensam no salário. Devemos também pensar em qualidade. Um dos pontos que mais nos prejudicaram no Escola Campeã foi justamente a freqüência dos professores. Apenas 42 municípios do país participam desse programa, desenvolvido em parceria com o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Banco do Brasil.
AR - E na área de saúde?
Com a municipalização, conseguimos fazer políticas preventivas, que inclusive levou a um problema para os hospitais. Na medida em que os investimentos em saúde preventiva se intensificam, diminuem os gastos com saúde curativa. O resultado é que o município hoje tem menos doentes nos hospitais.
AR - Como são desenvolvidas essas políticas preventivas?
Com o Programa da Saúde da Família (PSF), implantado também nos distritos. Outra conquista importante foi o serviço odontológico. A prefeitura tinha menos de 10 dentistas, hoje são mais de 80. Temos inclusive clínicas especializadas no tratamento odontológico.
AR - O senhor tem falado de investimento em saneamento urbano. O que é isso?
Foram recuperadas áreas importantes do ponto de vista turístico, como a Luís Eduardo Magalhães, a Orla Norte, as praças da cidade. Além disso, diversas obras foram realizadas nos bairros e morros.
AR - Essas obras do Viva o Morro têm apresentado resultados?
Só as pessoas que moram nos morros sabem o que isso significa. Antes, no período de chuva, o Ginásio de Esportes Herval Soledade ficava lotado de pessoas desabrigadas. Hoje não. Os problemas foram eliminados depois que construímos escadarias, contenção de encostas e outros benefícios através do projeto Viva o Morro.
AR - Por que a Soares Lopes não foi contemplada com obras?
O problema da Soares Lopes está ligado à não construção de um shopping em Ilhéus.
AR - Como assim?
Primeiro preciso explicar que a oposição jogou sujo com o povo de Ilhéus. Ela fez de tudo para que o shopping não fosse viabilizado achando que iria me prejudicar politicamente. Quando Helenilson Chaves estava para construir o shopping em Itabuna, o Grupo Iguatemi ganhou a licitação para começar o de Ilhéus, mas a oposição fez de tudo para que ele não saísse.
AR - Mas qual a relação entre o shopping e as obras de melhoria?
Todo o projeto da avenida estava ligado ao shopping porque o Iguatemi iria construir uma terceira via mais próxima do mar. Seria a contrapartida pela área que prefeitura estava cedendo. E aí a gente iria ter, além da urbanização, a humanização da Soares Lopes.
AR - Existem muitas reclamações com relação ao turismo. Por quê?
O turismo precisa maior envolvimento de todos os setores. Não dá para pensar que se resolve o problema do turismo com um toque de mágica. Melhoramos a infra-estrutura e desenvolvemos ações fundamentais para o turismo. Mas falta a participação de outros setores.
AR - Por que o turismo ainda enfrenta dificuldades?
Por exemplo, se dizia que faltava um centro de convenções para alavancar o setor. Está provado que não. Ele é um equipamento importante, mas que precisa ser bem utilizado. Existe a necessidade de se definir que tipo de turismo precisamos. Trabalhamos em dois deles: o cultural e o ecológico.
AR - O município não poderia investir mais?
O turismo cultural e o ecológico receberam investimentos fantásticos. No caso do cultural tem o Teatro Municipal, a Fundação Cultural, com a Casa Jorge Amado, com toda a história da vida do escritor baiano. Além disso, temos o Memorial da Cultura Negra, o Arquivo Público, o Quarteirão Jorge Amado, a Biblioteca Pública, o Centro Cultural de Olivença, ainda o Vesúvio, o Palácio Paranaguá, e o Bataclan, que iremos entregar nos próximos dias.
AR - E no turismo ecológico?
Temos a Maramata, com o Museu da Capitania. Fizemos muitos investimentos pensando na relação cultura/turismo. Todos esses equipamentos foram criados ou recuperados para fazer com que o turista chegue em Ilhéus e fique. Lógico que faltam alguns investimentos, como a construção de um hotel âncora, que seria fundamental para atrair uma série de eventos. Ilhéus tem bons restaurantes, tem infra-estrutura. O que falta mesmo é uma articulação melhor.
AR - Mas quem chega reclama da falta de eventos públicos.
Temos um bom carnaval, um excelente São João, em Olivença. Se o hoteleiro sabe que o São João atrai turistas, cabe a ele viabilizar a permanência das pessoas, oferecendo pacotes, descontos, etc. É o empresário quem tem de se preocupar com isso.
AR - Em que outros setores foram detectados avanços?
Fortalecemos a agroindustria, com a implantação de usinas de leite nos distritos, fábricas voltadas para beneficiamento de mandioca, investimentos na área pesqueira, entre outras ações, que estão minimizando a crise do cacau na zona rural da nossa cidade.
AR - E na cidade?
A ampliação do Pólo de Informática. Saímos de 10 indústrias para mais de 50. Também trabalhamos para estimular o comércio, que é grande gerador de empregos. Temos fortalecido o Porto Internacional de Ilhéus. A instalação do Porto Seco, por exemplo, foi para facilitar a embarcação de produtos pelo município. Esse ano vamos aumentar em pelo menos 20% o embarque de soja.
AR - Mudando para a política. Ilhéus tem oposição?
Tem sim. A oposição em Ilhéus hoje é Valderico Reis. Ele é um cidadão perigoso. A cidade precisa ter um prefeito ético, competente e que conhece os problemas do município. Ilhéus não suportaria um prefeito que aparecesse nos jornais e televisão acusado de corrupção, como a gente vê por aí. Além disso, o prefeito de Ilhéus deve ter preparo para buscar recursos nos governos estadual e federal. Valderico não se encaixa no perfil que o povo precisa.
AR - E os outros pré-candidatos?
Sou amigo do Rui Carvalho, inclusive ele foi secretário de Saúde no meu primeiro governo. As dificuldades dele não são comigo, é com o PT.
AR - Ainda tem Roland Lavigne, a vice-prefeita Ângela Souza, Pipa...
Estou cada dia mais convencido de que Roland não será candidato a prefeito. Ele não será candidato porque fez um acerto. O Roland está apostando que o deputado (federal) Coriolano Salles ganha a eleição para prefeito em Conquista e ele assuma, já que é suplente.
AR - E a vice-prefeita, Pipa...?
Eu gosto da Ângela. Ela foi movida pela ambição de ser prefeita de qualquer jeito, e ainda lhe falta o preparo necessário para governar. A Ângela não aproveitou esses anos para estudar, conhecer os problemas de Ilhéus. O Pipa fica caminhado de um lado para outro, como não quer nada, mas foi assim que derrotou Roland. Tem ainda o candidato preferido do Marcel Leal, um hoteleiro do qual não vou citar o nome (se refere a Edinei do Espírito Santo, dos hotéis Opaba e Canabrava)...
AR - Seu candidato pode ser de fora da lista atual dos pré-candidatos?
Na nossa lista existem nomes da melhor qualidade, mas tenho que manter meu leque de opções aberto e pode ser um que ainda não foi lançado, mas será com certeza um nome do qual eu possa me orgulhar. Estamos ouvindo o povo, os partidos, e conversando com nossos parceiros, que são o governador Paulo Souto, o senador Antônio Carlos Magalhães e o deputado Fábio Souto.
AR - Porque essa demora em anunciar o nome do seu candidato?
O período eleitoral começa a partir das convenções partidárias. Então não estou muito preocupado em anunciar logo o nome do nosso candidato.
31 de Julho de 2004
Ruy Carvalho, candidato a prefeito de Ilhéus
"Verdadeira oposição só existe uma"
quem afirma é o candidato a prefeito da frente formada pelo PT, PCdoB e PSB, o médico Ruy Carvalho.
Confiante de que vai ganhar as eleições, Ruy elaborou seu plano de governo para administrar Ilhéus contendo 13 pontos. E garante que seguirá o modelo petista de governar.
Médico, ex-secretário de Saúde e ex-vereador, Dr. Ruy sente-se preparado para administrar Ilhéus e diz que aceitou o desafio por se comover com o apelo do presidente Lula.
A Região - A frente de oposição fracassou?
De verdadeira oposição, só existe uma, que é essa da qual fazemos parte. O resto é oportunismo de um lado, sem compromisso com a nossa terra e os problemas do nosso povo, e do outro políticos defendendo apenas os interesses pessoais.
AR - Para essa frente dar certo faltou conversa ou sobrou vaidade?
Na verdade não faltou nem uma coisa nem outra. Faltou caráter e coerência por parte dessas pessoas que querem enganar o povo dizendo fazer parte de um bloco de oposição a esse governo que ai está.
AR - O senhor acha mesmo que as candidaturas de Roland, Valderico e Ângela estão a serviço do atual prefeito?
A candidatura de Roland tem fortes indícios de que é uma grande armação e está a serviço do grupo que está ai. Roland é a opção do atual prefeito caso seu candidato oficial venha a perder as eleições, o que é provável. Ele sempre esteve do mesmo lado onde estão hoje os aliados do prefeito. E, na nossa opinião, ele é o PFL 2.
AR - E os outros dois?
Valderico é um candidato movido somente pelos interesses pessoais e empresariais, já que ele diz que briga com o prefeito, mas fazia ou faz parte do mesmo grupo. E Ângela precisa se definir politicamente e dizer de qual lado ela está, porque até hoje ninguém sabe.
AR - O PT nunca elegeu prefeito em Ilhéus. Mesmo assim o senhor está confiante?
Tenho absoluta convicção disso. Até porque minha candidatura não é só do PT. Temos uma coligação formada por partidos e pessoas sérias que querem de verdade o melhor para nossa cidade. Além disso, temos recebido manifestações de apoio dos mais variados segmentos e do próprio povo, o que faz com que nossa candidatura extrapole a esfera do PT.
AR - De onde o senhor espera conseguir recursos para tocar essa campanha?
A campanha está sendo tocada pelo partido, por amigos e pela forte militância que nós temos, que é uma ajuda valiosa e que não nos custa nem um centavo. Enquanto os outros candidatos pagam para o povo fazer suas campanhas e segurar suas bandeiras, na nossa campanha as pessoas voluntariamente participam dos eventos.
AR - Eleito prefeito de Ilhéus, quais serão as prioridades do seu governo?
No nosso plano de governo temos, por exemplo, a reestruturação do sistema SUS, a reconstrução da Central de Abastecimento, a criação de centros integrados de educação comunitária, a urbanização das praias, a revitalização da avenida Soares Lopes, a reforma completa do centro, a criação da escola técnica federal de turismo e informática e o desenvolvimento de cooperativas comunitárias nos distritos, vilas e comunidades. No total, são treze pontos que irão nortear a nossa administração.
AR - Mas o seu governo vai se concentrar apenas nesses pontos?
Esses 13 pontos de governo serão apenas a base da nossa administração. Além disso, vamos nos basear nas experiência petista de governar, realizando ações como o orçamento participativo, onde o povo define suas prioridades. O grande diferencial é que nosso governo não terá a cara de Ruy Carvalho, será a administração que o povo de Ilhéus quer.
AR - O que o senhor pretende fazer para diminuir o alto índice de desemprego?
Fiquei estarrecido ao ouvir o atual prefeito falar em uma emissora de rádio que gerar empregos não é função do governo municipal. Isso é um absurdo, pois cabe ao prefeito sim buscar alternativas para gerar empregos. Iniciaremos esse trabalho fazendo Ilhéus voltar à sua condição de uma cidade bonita, bem zelada, para atrair os turistas e fazer com que eles voltem. Com isso vamos criar mais alternativas de emprego.
AR - Depois de 8 anos de administração, onde o senhor acha que o prefeito errou?
Ele começou errando já na primeira administração e depois, quando fugiu dos caminhos que tinham sido traçados pelos que acreditavam nele, com o adesismo irresponsável e traidor ao grupo do senador ACM. Hoje o prefeito governa pela força da caneta e da opressão. Ele não tem mais o apoio das pessoas e dos segmentos que o viam como a provável liderança regional. Ele implantou aqui o neo-coronelismo.
AR - Então o senhor acha que o prefeito traiu as pessoas que acreditaram nele?
Tenho plena certeza. Hoje ele caminha com as pessoas que ele criticava e que também o criticavam. Hoje o prefeito é um homem só, sem amigos, e sem apoio das lideranças políticas que o acompanhavam. E só será tolerado até o dia 31 de dezembro.
AR - O senhor faz oposição ao Governo Estadual e apoia o Federal. Como será a relação?
Com o governo estadual será acima de tudo respeitosa e fundamentada na defesa dos interesses de Ilhéus. Até porque temos uma relação com o governador Paulo Souto que nos permite fazer as reivindicações, e vamos explorar ao máximo nossa profunda ligação com o Governo Federal. Hoje somos o único político de Ilhéus com condições de ir à Brasília buscar as verbas necessárias para administrar esta cidade. Para isso temos o apoio de vários ministros e mais de 90 deputados federais do nosso partido.
AR - Por que os programas sociais do Governo Federal não decolam em Ilhéus?
Porque esse prefeito há muito tempo perdeu a sensibilidade. O prefeito de Ilhéus é mal assessorado, porque quer, e tem feito com que os programas sociais do Governo Federal pareçam programas eleitorais mantidos por ele. Para evitar isso, é necessário acabar com a distribuição dessa maneira solerte com que é feita, fazendo a política baixa do paternalismo. Não podemos continuar levando sacolas de dinheiro, principalmente para o interior, fazendo cadastros eleitorais com os programas sociais.
AR - Nos últimos 10 anos não se candidatou a nenhum cargo público. Por que hoje?
Pensava realmente em não ser mais candidato, mas eu, como filho dessa terra, fiquei profundamente comovido com o apelo que recebi, não só por parte do presidente Lula, mas também pelo desejo do nosso povo em ter um governo sério e comprometido com a nossa cidade. Aceitei esse desafio por entender que é necessário resgatar Ilhéus para os ilheenses, para que nossa cidade volte a ocupar o lugar de destaque que sempre teve na região cacaueira.
10 de Julho de 2004
Angela Sousa, candidata a prefeita de Ilhéus
"A política nunca deu espaço para as mulheres"
e a participação feminina, embora importante, ainda é muito tímida. A avaliação é da professora Ângela Sousa, única candidata a prefeita de Ilhéus. Filiada ao Partido dos Aposentados da Nação (PAN), Ângela faz questão de deixar claro que está preparada para administrar Ilhéus, mas que não desenvolverá essa tarefa sozinha.
Ela se diz retaliada pelo prefeito Jabes Ribeiro, que não lhe teria dado condições de trabalho, e afirma que rompeu porque "o atual prefeito prometeu muito e cumpriu pouco". Afirma que também faz oposição ao grupo carlista.
A vice de Jabes chegou a ser considerada sua possível escolha em 2003, mas de repente se desligou do grupo e passou para um partido de oposição. Nos últimos meses foi tida como vice de vários outros candidatos, mas afinal se manteve como cabeça de chapa.
A Região - O fato de ser a única mulher entre os candidatos ajuda ou prejudica?
Nossa preocupação no momento não é com o sexo e sim com o desejo de ver uma Ilhéus melhor e mais comprometida com o povo, mas é claro que o fato de eu ser a única mulher concorrendo à Prefeitura pode ajudar um pouco se as mulheres tiverem um grau de consciência e capacidade de mobilização grande. Vou levar para o meu governo a sensibilidade e o zelo, típico das mulheres, para que o povo seja tratado com mais respeito e decência.
AR - Por que em Ilhéus a participação da mulher na política ainda é tão tímida?
Porque a própria política ilheense nunca deu muito espaço para as mulheres, ainda traz resquícios da cultura coronelista e patriarcal, mas aos poucos as mulheres vêm conquistando seu espaço em diversos setores. Na política não é diferente, já temos uma vereadora e Ilhéus vai ter a sua primeira prefeita.
AR - A senhora afirma que rompeu com o prefeito. O que lhe levou a tomar essa decisão?
O sistema de governo por ele aplicado, de muitas promessas e poucas ações, desde o início não me agradava e eu percebi que era possível fazer muito mais pelo povo, então resolvi não compactuar com este sistema e rompi com ele.
AR - A senhora se sente traída por Jabes?
Infelizmente o método de trabalho dele é este e ele não dá espaço a quem pretende desenvolver um trabalho pelo povo. Jabes limitou a minha capacidade de ação. Para se ter uma idéia, meu gabinete contava com um orçamento mensal de míseros R$2 mil para atender uma população carente de mais de 110 mil pessoas e o telefone do gabinete está cortado desde o mês de março.
AR - As pessoas indicadas pela senhora ainda ocupam cargos de confiança na Prefeitura?
Como vice-prefeita eleita pelo povo, tenho três funcionários no gabinete, porém já foram colocados à disposição do prefeito, a quem compete nomear e exonerar. Fora isso não tenho nenhum cargo de confiança na Prefeitura, apenas continuarei sendo a vice-prefeita até o dia 31 de dezembro de 2004, ele queira ou não.
AR - A senhora afirma que é carlista e o prefeito também. Como fica o carlismo aqui?
Pelo que me consta só existe uma candidatura a prefeito apoiada pelo governo do estado, que é a do grupo de Jabes. Eu sou oposição ao poder municipal e ao carlismo também.
AR - Por que a escolha do ex-vereador Cipá como seu companheiro de chapa?
Fizemos coligação com o PV e o PSDC e o nome do ex-verador Cipá, que tem uma conduta ilibada, foi indicado pelos companheiros para ser vice. Aceitamos com muita alegria, pois o seu passado político não tem nada que o desabone, também é bem querido e respeitado por aqueles que o conhecem, além de ter a mesma ideologia nossa, que é ver Ilhéus crescer social e economicamente.
AR - A senhora discutiu alianças com Roland, Pipa, Valderico, Jamil e Dr. Ruy?
No processo político é comum as conversações, pois sozinho não chegamos a lugar algum e precisamos unir as forças para uma mudança radical. Não houve acordo porque muitos deles nos subestimaram e não quiseram admitir que nós somos quem mais tem chances de tirar Jabes do poder. Alguns queriam nos colocar como vice, só que temos um projeto maior para Ilhéus. Estou feliz com a aliança que fizemos.
AR - Dizem que a senhora não está preparada para administrar Ilhéus. Está?
Temos dito sempre que não trabalharemos sozinha, mas com pessoas tecnicamente capacitadas e comprometidas com Ilhéus. Não adianta ter PHD em política ou ser político profissional e não ser sensível às necessidades do povo, e isto Deus tem nos dado e estamos aqui para fazer a diferença. Temos recebido apoio das mais diversas vertentes, pessoas que tem contribuído com idéias e projetos que futuramente poderão ser aproveitados. A elaboração do nosso plano de governo contará com pessoas gabaritadas e com a participação popular.
AR - Passados oito anos dessa administração, onde a senhora acha que o atual governo errou?
Em prometer muito e cumprir pouco. Não precisa falar muito porque toda a sociedade já avaliou o governo de Jabes e sabe onde ele pecou. É só andar pelas ruas da cidade.
AR - Se eleita prefeita de Ilhéus, quais serão as prioridades de sua administração?
Nossa proposta de governo está baseada no que temos observado no nosso lindo município. Ilhéus é eminentemente turística, conhecida nacional e internacionalmente, nossa cultura é forte e temos paisagens naturais belíssimas, por isso investiremos fortemente no turismo, pois com isso estaremos também gerando muito emprego e renda para a cidade. Vamos investir também na agricultura, trabalhar nos distritos com a diversificação agrícola e dar incentivos aos produtores.
AR - A senhora fecharia parcerias com o governo carlista, da qual é opositora?
Queremos firmar parcerias com o governo estadual, federal e com ONGs para efetivar uma forte política social, que atenda as necessidades do nosso povo. Uma boa educação e saúde são direitos fundamentais de todo cidadão e para garantir isto vamos elaborar programas que atendam os anseios da população com eficácia e dignidade. Além de todas essas prioridades estamos preocupados com o fortalecimento do comércio, do porto, da construção de uma nova ponte para o Pontal e muitas outras reivindicações. Enfim, faremos um governo transparente e participativo, sempre pensando no bem de Ilhéus.
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Confira as entrevistas com: Jabes Ribeiro, Dr. Ruy e Ângela Souza.
29 de Maio de 2004
Jabes Ribeiro, prefeito de Ilhéus
"Valderico é perigoso e não tem ética"
afirma o prefeito Jabes Ribeiro ao fazer uma avaliação dos pré-candidatos de oposição. Para o prefeito, caso o empresário vença a eleição, hipótese que ele considera remota, o povo de Ilhéus vai passar quatro anos chorando lagrimas de arrependimentos.
"É inaceitável que um cidadão que não tem competência nem para administrar a própria empresa sonhe em governar nosso município".
Jabes também faz uma avaliação dos demais pré-candidatos, fala da indicação do nome para a sucessão municipal e faz um balanço dos mais de sete anos de governo. No final, algumas respostas que não saíram na edição impressa por limitações de espaço.
A Região - Qual sua principal realização nesses sete anos de governo?
Nesse período conseguimos organizar a máquina municipal. Hoje temos uma prefeitura organizada, um ajuste fiscal permanente. É por isso que garantimos os serviços básicos, a manutenção de salários e outros compromissos fundamentais. Até a oposição reconhece isso. Além disso, outras conquistas estão na educação.
AR - Mas pessoal da educação tem reclamado.
Por mais respeito que tenha à área sindical, sei que muitos só pensam no salário. Devemos também pensar em qualidade. Um dos pontos que mais nos prejudicaram no Escola Campeã foi justamente a freqüência dos professores. Apenas 42 municípios do país participam desse programa, desenvolvido em parceria com o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Banco do Brasil.
AR - E na área de saúde?
Com a municipalização, conseguimos fazer políticas preventivas, que inclusive levou a um problema para os hospitais. Na medida em que os investimentos em saúde preventiva se intensificam, diminuem os gastos com saúde curativa. O resultado é que o município hoje tem menos doentes nos hospitais.
AR - Como são desenvolvidas essas políticas preventivas?
Com o Programa da Saúde da Família (PSF), implantado também nos distritos. Outra conquista importante foi o serviço odontológico. A prefeitura tinha menos de 10 dentistas, hoje são mais de 80. Temos inclusive clínicas especializadas no tratamento odontológico.
AR - O senhor tem falado de investimento em saneamento urbano. O que é isso?
Foram recuperadas áreas importantes do ponto de vista turístico, como a Luís Eduardo Magalhães, a Orla Norte, as praças da cidade. Além disso, diversas obras foram realizadas nos bairros e morros.
AR - Essas obras do Viva o Morro têm apresentado resultados?
Só as pessoas que moram nos morros sabem o que isso significa. Antes, no período de chuva, o Ginásio de Esportes Herval Soledade ficava lotado de pessoas desabrigadas. Hoje não. Os problemas foram eliminados depois que construímos escadarias, contenção de encostas e outros benefícios através do projeto Viva o Morro.
AR - Por que a Soares Lopes não foi contemplada com obras?
O problema da Soares Lopes está ligado à não construção de um shopping em Ilhéus.
AR - Como assim?
Primeiro preciso explicar que a oposição jogou sujo com o povo de Ilhéus. Ela fez de tudo para que o shopping não fosse viabilizado achando que iria me prejudicar politicamente. Quando Helenilson Chaves estava para construir o shopping em Itabuna, o Grupo Iguatemi ganhou a licitação para começar o de Ilhéus, mas a oposição fez de tudo para que ele não saísse.
AR - Mas qual a relação entre o shopping e as obras de melhoria?
Todo o projeto da avenida estava ligado ao shopping porque o Iguatemi iria construir uma terceira via mais próxima do mar. Seria a contrapartida pela área que prefeitura estava cedendo. E aí a gente iria ter, além da urbanização, a humanização da Soares Lopes.
AR - Existem muitas reclamações com relação ao turismo. Por quê?
O turismo precisa maior envolvimento de todos os setores. Não dá para pensar que se resolve o problema do turismo com um toque de mágica. Melhoramos a infra-estrutura e desenvolvemos ações fundamentais para o turismo. Mas falta a participação de outros setores.
AR - Por que o turismo ainda enfrenta dificuldades?
Por exemplo, se dizia que faltava um centro de convenções para alavancar o setor. Está provado que não. Ele é um equipamento importante, mas que precisa ser bem utilizado. Existe a necessidade de se definir que tipo de turismo precisamos. Trabalhamos em dois deles: o cultural e o ecológico.
AR - O município não poderia investir mais?
O turismo cultural e o ecológico receberam investimentos fantásticos. No caso do cultural tem o Teatro Municipal, a Fundação Cultural, com a Casa Jorge Amado, com toda a história da vida do escritor baiano. Além disso, temos o Memorial da Cultura Negra, o Arquivo Público, o Quarteirão Jorge Amado, a Biblioteca Pública, o Centro Cultural de Olivença, ainda o Vesúvio, o Palácio Paranaguá, e o Bataclan, que iremos entregar nos próximos dias.
AR - E no turismo ecológico?
Temos a Maramata, com o Museu da Capitania. Fizemos muitos investimentos pensando na relação cultura/turismo. Todos esses equipamentos foram criados ou recuperados para fazer com que o turista chegue em Ilhéus e fique. Lógico que faltam alguns investimentos, como a construção de um hotel âncora, que seria fundamental para atrair uma série de eventos. Ilhéus tem bons restaurantes, tem infra-estrutura. O que falta mesmo é uma articulação melhor.
AR - Mas quem chega reclama da falta de eventos públicos.
Temos um bom carnaval, um excelente São João, em Olivença. Se o hoteleiro sabe que o São João atrai turistas, cabe a ele viabilizar a permanência das pessoas, oferecendo pacotes, descontos, etc. É o empresário quem tem de se preocupar com isso.
AR - Em que outros setores foram detectados avanços?
Fortalecemos a agroindustria, com a implantação de usinas de leite nos distritos, fábricas voltadas para beneficiamento de mandioca, investimentos na área pesqueira, entre outras ações, que estão minimizando a crise do cacau na zona rural da nossa cidade.
AR - E na cidade?
A ampliação do Pólo de Informática. Saímos de 10 indústrias para mais de 50. Também trabalhamos para estimular o comércio, que é grande gerador de empregos. Temos fortalecido o Porto Internacional de Ilhéus. A instalação do Porto Seco, por exemplo, foi para facilitar a embarcação de produtos pelo município. Esse ano vamos aumentar em pelo menos 20% o embarque de soja.
AR - Mudando para a política. Ilhéus tem oposição?
Tem sim. A oposição em Ilhéus hoje é Valderico Reis. Ele é um cidadão perigoso. A cidade precisa ter um prefeito ético, competente e que conhece os problemas do município. Ilhéus não suportaria um prefeito que aparecesse nos jornais e televisão acusado de corrupção, como a gente vê por aí. Além disso, o prefeito de Ilhéus deve ter preparo para buscar recursos nos governos estadual e federal. Valderico não se encaixa no perfil que o povo precisa.
AR - E os outros pré-candidatos?
Sou amigo do Rui Carvalho, inclusive ele foi secretário de Saúde no meu primeiro governo. As dificuldades dele não são comigo, é com o PT.
AR - Ainda tem Roland Lavigne, a vice-prefeita Ângela Souza, Pipa...
Estou cada dia mais convencido de que Roland não será candidato a prefeito. Ele não será candidato porque fez um acerto. O Roland está apostando que o deputado (federal) Coriolano Salles ganha a eleição para prefeito em Conquista e ele assuma, já que é suplente.
AR - E a vice-prefeita, Pipa...?
Eu gosto da Ângela. Ela foi movida pela ambição de ser prefeita de qualquer jeito, e ainda lhe falta o preparo necessário para governar. A Ângela não aproveitou esses anos para estudar, conhecer os problemas de Ilhéus. O Pipa fica caminhado de um lado para outro, como não quer nada, mas foi assim que derrotou Roland. Tem ainda o candidato preferido do Marcel Leal, um hoteleiro do qual não vou citar o nome (se refere a Edinei do Espírito Santo, dos hotéis Opaba e Canabrava)...
AR - Seu candidato pode ser de fora da lista atual dos pré-candidatos?
Na nossa lista existem nomes da melhor qualidade, mas tenho que manter meu leque de opções aberto e pode ser um que ainda não foi lançado, mas será com certeza um nome do qual eu possa me orgulhar. Estamos ouvindo o povo, os partidos, e conversando com nossos parceiros, que são o governador Paulo Souto, o senador Antônio Carlos Magalhães e o deputado Fábio Souto.
AR - Porque essa demora em anunciar o nome do seu candidato?
O período eleitoral começa a partir das convenções partidárias. Então não estou muito preocupado em anunciar logo o nome do nosso candidato.
31 de Julho de 2004
Ruy Carvalho, candidato a prefeito de Ilhéus
"Verdadeira oposição só existe uma"
quem afirma é o candidato a prefeito da frente formada pelo PT, PCdoB e PSB, o médico Ruy Carvalho.
Confiante de que vai ganhar as eleições, Ruy elaborou seu plano de governo para administrar Ilhéus contendo 13 pontos. E garante que seguirá o modelo petista de governar.
Médico, ex-secretário de Saúde e ex-vereador, Dr. Ruy sente-se preparado para administrar Ilhéus e diz que aceitou o desafio por se comover com o apelo do presidente Lula.
A Região - A frente de oposição fracassou?
De verdadeira oposição, só existe uma, que é essa da qual fazemos parte. O resto é oportunismo de um lado, sem compromisso com a nossa terra e os problemas do nosso povo, e do outro políticos defendendo apenas os interesses pessoais.
AR - Para essa frente dar certo faltou conversa ou sobrou vaidade?
Na verdade não faltou nem uma coisa nem outra. Faltou caráter e coerência por parte dessas pessoas que querem enganar o povo dizendo fazer parte de um bloco de oposição a esse governo que ai está.
AR - O senhor acha mesmo que as candidaturas de Roland, Valderico e Ângela estão a serviço do atual prefeito?
A candidatura de Roland tem fortes indícios de que é uma grande armação e está a serviço do grupo que está ai. Roland é a opção do atual prefeito caso seu candidato oficial venha a perder as eleições, o que é provável. Ele sempre esteve do mesmo lado onde estão hoje os aliados do prefeito. E, na nossa opinião, ele é o PFL 2.
AR - E os outros dois?
Valderico é um candidato movido somente pelos interesses pessoais e empresariais, já que ele diz que briga com o prefeito, mas fazia ou faz parte do mesmo grupo. E Ângela precisa se definir politicamente e dizer de qual lado ela está, porque até hoje ninguém sabe.
AR - O PT nunca elegeu prefeito em Ilhéus. Mesmo assim o senhor está confiante?
Tenho absoluta convicção disso. Até porque minha candidatura não é só do PT. Temos uma coligação formada por partidos e pessoas sérias que querem de verdade o melhor para nossa cidade. Além disso, temos recebido manifestações de apoio dos mais variados segmentos e do próprio povo, o que faz com que nossa candidatura extrapole a esfera do PT.
AR - De onde o senhor espera conseguir recursos para tocar essa campanha?
A campanha está sendo tocada pelo partido, por amigos e pela forte militância que nós temos, que é uma ajuda valiosa e que não nos custa nem um centavo. Enquanto os outros candidatos pagam para o povo fazer suas campanhas e segurar suas bandeiras, na nossa campanha as pessoas voluntariamente participam dos eventos.
AR - Eleito prefeito de Ilhéus, quais serão as prioridades do seu governo?
No nosso plano de governo temos, por exemplo, a reestruturação do sistema SUS, a reconstrução da Central de Abastecimento, a criação de centros integrados de educação comunitária, a urbanização das praias, a revitalização da avenida Soares Lopes, a reforma completa do centro, a criação da escola técnica federal de turismo e informática e o desenvolvimento de cooperativas comunitárias nos distritos, vilas e comunidades. No total, são treze pontos que irão nortear a nossa administração.
AR - Mas o seu governo vai se concentrar apenas nesses pontos?
Esses 13 pontos de governo serão apenas a base da nossa administração. Além disso, vamos nos basear nas experiência petista de governar, realizando ações como o orçamento participativo, onde o povo define suas prioridades. O grande diferencial é que nosso governo não terá a cara de Ruy Carvalho, será a administração que o povo de Ilhéus quer.
AR - O que o senhor pretende fazer para diminuir o alto índice de desemprego?
Fiquei estarrecido ao ouvir o atual prefeito falar em uma emissora de rádio que gerar empregos não é função do governo municipal. Isso é um absurdo, pois cabe ao prefeito sim buscar alternativas para gerar empregos. Iniciaremos esse trabalho fazendo Ilhéus voltar à sua condição de uma cidade bonita, bem zelada, para atrair os turistas e fazer com que eles voltem. Com isso vamos criar mais alternativas de emprego.
AR - Depois de 8 anos de administração, onde o senhor acha que o prefeito errou?
Ele começou errando já na primeira administração e depois, quando fugiu dos caminhos que tinham sido traçados pelos que acreditavam nele, com o adesismo irresponsável e traidor ao grupo do senador ACM. Hoje o prefeito governa pela força da caneta e da opressão. Ele não tem mais o apoio das pessoas e dos segmentos que o viam como a provável liderança regional. Ele implantou aqui o neo-coronelismo.
AR - Então o senhor acha que o prefeito traiu as pessoas que acreditaram nele?
Tenho plena certeza. Hoje ele caminha com as pessoas que ele criticava e que também o criticavam. Hoje o prefeito é um homem só, sem amigos, e sem apoio das lideranças políticas que o acompanhavam. E só será tolerado até o dia 31 de dezembro.
AR - O senhor faz oposição ao Governo Estadual e apoia o Federal. Como será a relação?
Com o governo estadual será acima de tudo respeitosa e fundamentada na defesa dos interesses de Ilhéus. Até porque temos uma relação com o governador Paulo Souto que nos permite fazer as reivindicações, e vamos explorar ao máximo nossa profunda ligação com o Governo Federal. Hoje somos o único político de Ilhéus com condições de ir à Brasília buscar as verbas necessárias para administrar esta cidade. Para isso temos o apoio de vários ministros e mais de 90 deputados federais do nosso partido.
AR - Por que os programas sociais do Governo Federal não decolam em Ilhéus?
Porque esse prefeito há muito tempo perdeu a sensibilidade. O prefeito de Ilhéus é mal assessorado, porque quer, e tem feito com que os programas sociais do Governo Federal pareçam programas eleitorais mantidos por ele. Para evitar isso, é necessário acabar com a distribuição dessa maneira solerte com que é feita, fazendo a política baixa do paternalismo. Não podemos continuar levando sacolas de dinheiro, principalmente para o interior, fazendo cadastros eleitorais com os programas sociais.
AR - Nos últimos 10 anos não se candidatou a nenhum cargo público. Por que hoje?
Pensava realmente em não ser mais candidato, mas eu, como filho dessa terra, fiquei profundamente comovido com o apelo que recebi, não só por parte do presidente Lula, mas também pelo desejo do nosso povo em ter um governo sério e comprometido com a nossa cidade. Aceitei esse desafio por entender que é necessário resgatar Ilhéus para os ilheenses, para que nossa cidade volte a ocupar o lugar de destaque que sempre teve na região cacaueira.
10 de Julho de 2004
Angela Sousa, candidata a prefeita de Ilhéus
"A política nunca deu espaço para as mulheres"
e a participação feminina, embora importante, ainda é muito tímida. A avaliação é da professora Ângela Sousa, única candidata a prefeita de Ilhéus. Filiada ao Partido dos Aposentados da Nação (PAN), Ângela faz questão de deixar claro que está preparada para administrar Ilhéus, mas que não desenvolverá essa tarefa sozinha.
Ela se diz retaliada pelo prefeito Jabes Ribeiro, que não lhe teria dado condições de trabalho, e afirma que rompeu porque "o atual prefeito prometeu muito e cumpriu pouco". Afirma que também faz oposição ao grupo carlista.
A vice de Jabes chegou a ser considerada sua possível escolha em 2003, mas de repente se desligou do grupo e passou para um partido de oposição. Nos últimos meses foi tida como vice de vários outros candidatos, mas afinal se manteve como cabeça de chapa.
A Região - O fato de ser a única mulher entre os candidatos ajuda ou prejudica?
Nossa preocupação no momento não é com o sexo e sim com o desejo de ver uma Ilhéus melhor e mais comprometida com o povo, mas é claro que o fato de eu ser a única mulher concorrendo à Prefeitura pode ajudar um pouco se as mulheres tiverem um grau de consciência e capacidade de mobilização grande. Vou levar para o meu governo a sensibilidade e o zelo, típico das mulheres, para que o povo seja tratado com mais respeito e decência.
AR - Por que em Ilhéus a participação da mulher na política ainda é tão tímida?
Porque a própria política ilheense nunca deu muito espaço para as mulheres, ainda traz resquícios da cultura coronelista e patriarcal, mas aos poucos as mulheres vêm conquistando seu espaço em diversos setores. Na política não é diferente, já temos uma vereadora e Ilhéus vai ter a sua primeira prefeita.
AR - A senhora afirma que rompeu com o prefeito. O que lhe levou a tomar essa decisão?
O sistema de governo por ele aplicado, de muitas promessas e poucas ações, desde o início não me agradava e eu percebi que era possível fazer muito mais pelo povo, então resolvi não compactuar com este sistema e rompi com ele.
AR - A senhora se sente traída por Jabes?
Infelizmente o método de trabalho dele é este e ele não dá espaço a quem pretende desenvolver um trabalho pelo povo. Jabes limitou a minha capacidade de ação. Para se ter uma idéia, meu gabinete contava com um orçamento mensal de míseros R$2 mil para atender uma população carente de mais de 110 mil pessoas e o telefone do gabinete está cortado desde o mês de março.
AR - As pessoas indicadas pela senhora ainda ocupam cargos de confiança na Prefeitura?
Como vice-prefeita eleita pelo povo, tenho três funcionários no gabinete, porém já foram colocados à disposição do prefeito, a quem compete nomear e exonerar. Fora isso não tenho nenhum cargo de confiança na Prefeitura, apenas continuarei sendo a vice-prefeita até o dia 31 de dezembro de 2004, ele queira ou não.
AR - A senhora afirma que é carlista e o prefeito também. Como fica o carlismo aqui?
Pelo que me consta só existe uma candidatura a prefeito apoiada pelo governo do estado, que é a do grupo de Jabes. Eu sou oposição ao poder municipal e ao carlismo também.
AR - Por que a escolha do ex-vereador Cipá como seu companheiro de chapa?
Fizemos coligação com o PV e o PSDC e o nome do ex-verador Cipá, que tem uma conduta ilibada, foi indicado pelos companheiros para ser vice. Aceitamos com muita alegria, pois o seu passado político não tem nada que o desabone, também é bem querido e respeitado por aqueles que o conhecem, além de ter a mesma ideologia nossa, que é ver Ilhéus crescer social e economicamente.
AR - A senhora discutiu alianças com Roland, Pipa, Valderico, Jamil e Dr. Ruy?
No processo político é comum as conversações, pois sozinho não chegamos a lugar algum e precisamos unir as forças para uma mudança radical. Não houve acordo porque muitos deles nos subestimaram e não quiseram admitir que nós somos quem mais tem chances de tirar Jabes do poder. Alguns queriam nos colocar como vice, só que temos um projeto maior para Ilhéus. Estou feliz com a aliança que fizemos.
AR - Dizem que a senhora não está preparada para administrar Ilhéus. Está?
Temos dito sempre que não trabalharemos sozinha, mas com pessoas tecnicamente capacitadas e comprometidas com Ilhéus. Não adianta ter PHD em política ou ser político profissional e não ser sensível às necessidades do povo, e isto Deus tem nos dado e estamos aqui para fazer a diferença. Temos recebido apoio das mais diversas vertentes, pessoas que tem contribuído com idéias e projetos que futuramente poderão ser aproveitados. A elaboração do nosso plano de governo contará com pessoas gabaritadas e com a participação popular.
AR - Passados oito anos dessa administração, onde a senhora acha que o atual governo errou?
Em prometer muito e cumprir pouco. Não precisa falar muito porque toda a sociedade já avaliou o governo de Jabes e sabe onde ele pecou. É só andar pelas ruas da cidade.
AR - Se eleita prefeita de Ilhéus, quais serão as prioridades de sua administração?
Nossa proposta de governo está baseada no que temos observado no nosso lindo município. Ilhéus é eminentemente turística, conhecida nacional e internacionalmente, nossa cultura é forte e temos paisagens naturais belíssimas, por isso investiremos fortemente no turismo, pois com isso estaremos também gerando muito emprego e renda para a cidade. Vamos investir também na agricultura, trabalhar nos distritos com a diversificação agrícola e dar incentivos aos produtores.
AR - A senhora fecharia parcerias com o governo carlista, da qual é opositora?
Queremos firmar parcerias com o governo estadual, federal e com ONGs para efetivar uma forte política social, que atenda as necessidades do nosso povo. Uma boa educação e saúde são direitos fundamentais de todo cidadão e para garantir isto vamos elaborar programas que atendam os anseios da população com eficácia e dignidade. Além de todas essas prioridades estamos preocupados com o fortalecimento do comércio, do porto, da construção de uma nova ponte para o Pontal e muitas outras reivindicações. Enfim, faremos um governo transparente e participativo, sempre pensando no bem de Ilhéus.
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