domingo, 15 de março de 2009

Outra vítima do aedes aegypti morre no HGE


Estéfanie Soares dos Santos, 8 anos, pode ser a terceira vítima da dengue hemorrágica deste ano em Salvador, a 16ª na Bahia. Ela estava internada no Hospital Geral do Estado (HGE), desde quarta-feira, e faleceu na madrugada de sexta-feira, dia 13. Segundo o atestado de óbito, assinado pelo dr. Vladimir Matos Moreira, a causa da morte foi “desidratação, d. sanguínea, dengue hemorrágica”, mas a confirmação oficial só sairá em cerca de 10 dias, após exame no Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz (Lacen). Estéfanie morava na Rua Sérgio de Carvalho, Vale da Muriçoca, Vasco da Gama. Até a sexta, 13, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) confirmou apenas uma morte por dengue hemorrágica na capital: a do garoto Samuel Santos, de 5 anos, no último dia 6. O pai de Estéfanie, o ajudante de serviços gerais Antônio Márcio Andrade, 27, disse a A TARDE que, na próxima segunda-feira, pretende entrar em contato com a Defensoria Pública para processar o Estado. Segundo ele, a menina não recebeu tratamento adequado nos dois lugares onde recebeu atendimento. Estéfanie começou a ter febre alta e dores no corpo no último sábado. No mesmo dia, a menina foi levada ao 5º Centro de Saúde, onde foram receitados Dramin, contra enjoo, e Dipirona, para a dor, conforme receita assinada pelo 2º Ten. Médico Luís Washington Marinho, e foi liberada. Quatro dias depois, por volta das 19h, Estéfanie desmaiou quando ia à igreja com a avó e foi levada para a emergência do HGE. “Ela já chegou sem pulsação. Tiveram que fazer um corte na virilha dela para pegar a veia”, disse o pai da garota. Ele conta que, às 2h, os médicos o autorizaram a ver a menina. “Ela estava cheia de manchinhas espalhadas pelo corpo, com os olhos virados, e tinha uma secreção verde saindo pelo nariz”, relatou. Às 4h, Márcio foi informado que a filha falecera. O avô, o aposentado Jorge Alves Soares, com quem a menina morava, não se conforma: “Tenho 10 filhos e 12 netos e nunca perdi nenhum deles. Estou desgostoso da vida”. Estéfanie foi sepultada no cemitério Quinta dos Lázaros. Ela cursava a 3ª série na escola estadual Iacy Vaz Fagundes. “Ela já estava lendo”, suspira a avó, Rita de Cássia Martins. Desolada, a mãe, Silvana, 22, foi levada para o interior do Estado.
Diagnóstico – O relato do pai de Estéfenie sobre o atendimento que ela recebeu é semelhante ao descrito por parentes de Catharina Miranda da Silva, de 17 anos, que morreu também na madrugada do dia 12, esta na clínica São Marcos, na Graça. A despeito de o atendimento ter sido feito em unidade pública, no caso da primeira, ou privada, como a segunda, os relatos convergem para o mesmo ponto: a não detecção do diagnóstico imediato do quadro de dengue. Em ambos os casos, as garotas foram tratadas inicialmente como pacientes de virose. “Diante de um surto de dengue, como acontece neste momento na Bahia, deve-se ter uma atenção maior aos casos suspeitos. Qualquer caso de febre, dor no corpo e na cabeça deve ser tratado como tal”, orienta o médico infectologista Fernando Badaró. Segundo ele, o diagnóstico de dengue é relativamente fácil de ser obtido: por meio do hemograma (exame de sangue) e da prova do laço: “É só fazer o garroteamento no braço e esperar alguns minutos. Se aparecer pintas vermelhas na pele é certo que é dengue”. O médico observa que o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a complicação do quadro de dengue.
Desvio de função no combate à dengue no interior

Aguirre Peixoto*, do A TARDE
Fernando Vivas / Agência A TARDE

Secretário explica que existe uma situação endêmica-epidêmica já há dez anos na Bahia
O secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, afirmou neste sábado, 14, que agentes de combate ao mosquito da dengue estão sendo desviados de suas funções em municípios baianos, trabalhando em funções administrativas enquanto deveriam cuidar da visitação a campo para prevenir focos da doença.
“Descobrimos que existem municípios que contratam os agentes e fazem desvio de função. São usados para atividades administrativas da prefeitura”, disse o secretário à imprensa durante evento que reuniu os 31 diretores regionais de saúde do Estado, com o objetivo de discutir a descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS). Solla completou: “Chegou uma denúncia ao Ministério Público Estadual em relação a um município específico, mas isso pode estar ocorrendo em outros”.A reportagem de A TARDE apurou que a denúncia, de autoria do deputado estadual Zé Neto (PT), é em relação à cidade de Feira de Santana. “De 350 agentes, cerca de 60 foram colocados à disposição da máquina administrativa. Estamos identificando que esta situação está ocorrendo também em outros locais do Estado”, revelou Zé Neto, por telefone. O deputado disse ainda que solicitou ao Ministério Público Estadual (MP-BA) uma investigação em todos os municípios baianos para apurar a execução das funções dos agentes.O prefeito Tarcízio Pimenta (DEM), de Feira de Santana, publicou um decreto no início do mês exigindo que todos os funcionários contratados para o projeto de combate à dengue comparecessem ao local original de serviço. Segundo ele, essa medida irá coibir desvios de função, mas o prefeito negou que existissem agentes executando atividades administrativas. “O combate não é só com o trabalho de campo. Existe coleta de dados, análise de laboratório, e eles podem estar nessas funções”, justificou Pimenta.Intensificação – No encontro com os diretores regionais de saúde, o subsecretário de Saúde do Estado, Amauri Teixeira, cobrou a intensificação do combate à dengue. “Essa é a absoluta prioridade de nossas ações”, enfatizou. Solla ponderou que as ações de campo são a principal forma de combate à proliferação da doença, mas tem sido insuficientes até o momento. Os números mais recentes da secretaria registram cerca de 16 mil notificações da doença no Estado, sendo 157 confirmações da forma mais grave da dengue, a hemorrágica. Esse quadro resultou em 38 notificações de morte, das quais apenas 21 foram confirmadas como relacionadas à doença. As crianças são as mais acometidas: 30% a 40% dos casos são de menores de 15 anos. O secretário explicou que existe uma situação endêmica-epidêmica já há dez anos na Bahia, o que significa que a incidência de casos oscila em certos períodos. Ele anunciou no evento a aquisição de 61 novos veículos pela Sesab, que serão distribuídos pelas diretorias para auxiliar nos trabalhos de campo.A preocupação máxima é nas regiões dos municípios de Itabuna, Jequié, Ilhéus, Jacobina, Porto Seguro e Irecê, onde têm ocorridos muitos casos.Meningite – De janeiro até este sábado, já haviam sido registrados 11 óbitos por meningite no Estado. Dessas ocorrências, uma foi pela forma meningocócica (variação mais grave), que teve ainda 22 casos. As outras formas de meningite possuíram 179 casos registrados. Solla explicou que o aumento é comum após o Carnaval, mas que o número é menor do que no mesmo período do ano passado. “Já cuidamos de diagnosticar e investigar os casos”, disse.

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