23 de outubro de 2009.
Elias Reis
O QI (Quociente de Inteligência) não é um fator isolado para o sucesso de uma pessoa na vida profissional e na vida privada ou familiar. Hoje, alguém que almeja ser feliz de modo pleno precisa contar com um conjunto de qualidades aplicadas. Trocando em miúdos: deve ser bem preparado intelectual e afetivamente. Precisa ser dotado do chamado QE (Quociente Emocional), que nada mais é do que o jogo de cintura ou a capacidade de se relacionar bem com as pessoas: saber falar, ouvir e argumentar e, sempre olhando direto nos olhos, sem esquivar. Isso parece simples, mas muitas pessoas não equilibram esses fatores em suas vidas. Aquele que fala muito é um chato de galocha, quem só ouve é um mudo e quem não fundamenta seus argumentos não estabelece um diálogo nem expõe as idéias com clareza. E, mesmo fundamentado, é preciso respeitar a opinião do outro, suas limitações.
Ter competência relacional, como se vê, exige algo mais do que preparo intelectual, que, obviamente, é indispensável. Mas, hoje, sem participação, troca de idéias e experiências, otimismo, saber dividir e somar, capacidade de trabalhar em equipe e, por que não, alegria, nenhuma pessoa vai para frente, em qualquer campo. Por mais ‘cabeça’ que seja. Veja um exemplo para ilustrar esse caso. Você conhece dois vereadores, ambos bem preparados. Só que o primeiro mantém um distanciamento humano com seus eleitores, apesar de andar sempre arrumadinho e cheiroso, é seco, nunca tem tempo de ouvir sua comunidade de base, pouco fala no plenário e, quando fala é sempre concordando com tudo, na garantia das benesses. Apesar de sapiente, pouco explora a sua legitimidade. Já o segundo sabe ouvir, é paciente, sabe explicar todo o tramite de um projeto e sua viabilidade de aprovação, é gentil, humano e sempre coerente, justo e ético. Qual dos dois o leitor escolheria? A resposta é previsível. Não há dúvidas de que as pessoas preferem gente objetiva, simpática e comunicativa, o que explica por que a competência relacional anda tão valorizada. No mundo de hoje não basta ser só competente, mas também ter habilidade no trato com o próximo. Não basta apenas conhecimento, há necessidade da coerência, da humildade e equilíbrio emocional. A história nos mostra quantos intelectuais diante de um fato alheio a sua vontade, cai no desespero, em face da falta de equilíbrio, vez que, apesar de bem sucedido, vive num mundo isolado e egoísta.
Não estou dizendo que todo mundo deva fazer marketing pessoal para ser o máximo, ser feliz. Esse é outro assunto. Até porque, infelizmente, tem muita gente que fala muito e nada diz. Com uma boa lábia, essas pessoas podem chegar a algum lugar, conquistar algo, enganar alguém, mas na primeira chuva de verão o verniz de conhecimento e de humanidade desaparece. Ter boa lábia não é se relacionar bem, é enrolar. Com raríssimas exceções, o político profissional é o próprio retrato falado.
O meu recado, ao contrário disso, é que mesmo as pessoas retraídas por natureza, mas que possuam algum conteúdo, devem aprender a se relacionar bem com o próximo. Você pode achar isso impossível, mas não é. Ninguém neste mundo nasce e morre do mesmo jeito. Alguém que não se relaciona bem com os outros pode vir a aprender, seja com um pouco de boa vontade e treino, seja com a ajuda de um terapeuta.
“O temperamento não se muda, de fato, mas o comportamento sim.”
(Jornalista Eduardo Anunciação).
Romper a casca da timidez vale a pena. Toda pessoa merece ser e viver melhor, para o seu próprio bem e o bem dos outros. É fundamental se relacionar bem com as pessoas de todas as origens e formações diferentes e ter capacidade de se adequar as circunstancias da vida, principalmente nas perdas e fracassos, vivendo a vida de uma forma mais leve.
O que levamos da vida, é a vida que levamos!
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