A insistência do deputado Ciro Gomes (PSB-SP) em levar adiante a sua candidatura à Presidência da República vai criar, na Bahia, uma situação no mínimo exótica: três partidos que integram a base do presidente Lula – PT, PMDB e PSB – terão palanque no Estado e estarão, durante a campanha, defendendo a continuidade do projeto político do atual governo.
A candidatura de Ciro só deve ser confirmada em fevereiro do próximo ano – depois que o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, e o presidente Lula avaliarem a alternativa socialista. Mas a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), que é candidata ao Senado na chapa à reeleição do governador Jaques Wagner (PT), não vê problema subir em dois palanques.
A parlamentar, que é presidente do PSB na Bahia, diz taxativa: “Se Ciro (candidato) vier ao Estado, será recebido pelo nosso partido. Tenho repetido que o palanque do PSB será o palanque do Wagner, governo que ajudamos a eleger, ajudamos a administrar e que estaremos nas primeiras linhas de frente do nosso esforço pela sua reeleição”, declarou a deputada, que foi uma das palestrantes da IV Convenção da Agência Brasileira de Viagens da Bahia (Abav), que acontece no Othon Palace, em Salvador.
Indagada se esse cenário se manteria até mesmo quando a ministra Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência da República, viesse em campanha à Bahia, a deputada disse que sim. “O nosso projeto político para a Bahia passa pelo fortalecimento e consolidação de um projeto de governo que não está vinculado apenas a um líder, que é Wagner [a quem temos admiração, respeito, afeto e amizade], mas pelo projeto que ele implanta na Bahia”.
Em outras palavras, ao PSB interessa assegurar a continuidade do modelo de governo implantado pelo presidente Lula, qualquer que seja seu sucessor – Dilma Rousseff ou Ciro Gomes. O deputado cearense, que ontem à tarde era aguardado no congresso da Abav-BA, cancelou sua vinda à Capital baiana a pedido do presidente Lula, que decidiu incluir a cidade de Mauriti, no Ceará, no relação de vistorias às obras do projeto de revitalização do rio São Francisco.
Lula reafirmou, durante a sua passagem de três dias pelo Velho Chico, o desejo de que a eleição presidencial de 2010 fosse “plebiscitária” e tivesse apenas um candidato do governo. “Eu gostaria que todos nós tivéssemos apenas um candidato, que fizéssemos uma eleição plebiscitária, ou seja, nós contra eles, pão pão, queijo queijo”. Mas reconheceu que tanto Dilma quanto Ciro têm disposição para vôo solo.
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