sábado, 10 de setembro de 2011

Corrida ao Paranaguá - uma prova de fôlego

Postado por Jornal Bahia On Line

Walmir Rosário

Crédito: Ascom

Walmir Rosário 
O Partido dos Trabalhadores (PT) em Ilhéus até que tenta, mas não consegue fazer decolar uma candidatura majoritária ao Palácio Paranaguá. O que temos visto é que o partido ensaia, patina, porém não sai do lugar. Nem mesmo após o seu principal parceiro, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), colocar “a bola na marca do pênalti e mandar o PT chutar em gol”. Não se sabe o porquê, mas não dado certo.
O certo é que, atônitos, os petistas não têm conseguido esboçar uma reação à altura. Talvez porque as facilidades têm sido tamanhas e eles ainda não conseguiram lidar com a nova situação. Ser governo não é nada fácil, notadamente quando o principal executivo é de outro partido, o que causa a falsa impressão de continuar na oposição, apesar do contracheque no final de cada mês.
E o que digo não é nenhum demérito de ordem ética ou política. Simplesmente provoca uma crise de identidade do tipo “ser ou não ser”. “Eis a questão”. O motivo: A tendência majoritária em Ilhéus “Construindo um Novo Brasil” (CNB), liderada pelo deputado federal Josias Gomes, alimentou a ideia de fazer o deputado candidato a prefeito. Josias nega ter feito alguma promessa desse tipo; os militantes pensam e afirmam o contrário.
Na última segunda-feira (5), o deputado Josias Gomes veio a Ilhéus, distribuiu afagos aos militantes, sejam da sua CNB ou de outras tendências, embora não tenha dito nenhuma novidade. À imprensa disse que poderia ser candidato, mesmo tendo incentivado uma alternativa local, mas não descartava “ter que partir para o sacrifício” caso os “companheiros” não viabilizassem um nome à altura. Aos “companheiros” explicou o seu projeto de continuar na Câmara Federal, incentivou a incursão de outros nomes.
Entre os nomes citados por Josias para concorrer ao Palácio Paranaguá o de Alisson Mendonça foi o mais incentivado, inclusive jurou apoiá-lo nesta difícil empreitada. Nada mais que “um balão de ensaio”, acredita grande parte dos políticos ilheenses, conhecedores que são das diferenças internas do PT, embora não se conheça um nome para concorrer nesse páreo, haja vista a falta de mobilização interna e o estofo para tanto de alguns.
Dentre os petistas de destaque na política ilheense Alisson Mendonça é visto como o mais preparado, por acumular a experiência de dois mandados como vereador e a presidência do legislativo. Acrescenta-se, ainda, o desempenho no cargo de secretário municipal da Indústria, Comércio e Planejamento, uma Pasta imponente e importante, exercida em sua plenitude, com a coragem e a atitude de quem sabe comandar.
Mas isso ainda é muito pouco para quem deseja chegar ao cargo executivo majoritário de Ilhéus. Não basta saber gerenciar, é preciso demonstrar liderança dentro e fora do partido. E isso talvez seja o “calcanhar de Aquiles” de Alisson Mendonça. Se no âmbito interno partidário conseguiu o apoio dos “companheiros” de outras tendências, inclusive do deputado estadual Rosemberg Pinto, que anda às turras com o deputado federal Geraldo Simões (padrinho político de Alisson), no âmbito externo a conversa é outra.
Dos partidos que compõem a base do governo federal e estadual até o presente momento não chegou uma só frase de solidariedade ou empolgação pela candidatura do vereador-secretário. Desconheço o resultado “das andanças” de Alisson para “vender seu peixe” junto aos atuais coligados, mas caso esses encontros tivessem prosperado as notícias, por certo, teriam sido conhecidas, tanto para afirmar a possibilidade de um futuro compromisso, ou pelo simples “vazamento” de algum dos interessados.
Dos partidos políticos com pré-candidaturas postas, o Partido Progressista (PP) não descarta conversar com o PT, pelo contrário, fala até em dispor a vaga de vice. Será que é Alisson se contenta com isso? Aceitaria essa possibilidade? Encontraria abrigo na chapa do Partido Republicano Brasileiro (PRB) junto ao ex-companheiro Rui Carvalho? Convenceria o PSDB ou PSD (a definir) de Mário Alexandre a juntar os nomes numa mesma chapa? Caso cheguem a um bom termo, quem seria o protagonista e quem aceitaria atuar como coadjuvante?
Só o andamento das conversas mostrará quem terá “fôlego e jogo de cintura”para convencer os futuros coligados. De um lado, o PSB, parceiro de governo, conseguiu arregimentar 10, 11 partidos num encontro para debater a sucessão ilheense, não em torno de uma queda-de-braço, na qual o vencedor é considerado mais forte, mas em torno de ideias com a finalidade de elaborar um projeto comum para Ilhéus.
E nesse tabuleiro político, além das peças mais bem colocadas, a exemplo de Jabes Ribeiro, Rui Carvalho, Cacá Colchões, surge o vice-prefeito Mário Alexandre, que ganha musculatura e densidade eleitoral ao substituir – interinamente – o prefeito Newton Lima, acometido por problemas de saúde. Não se pode desconhecer a simpatia e o compromisso que o prefeito nutre pelo seu vice. Um handicap nada desprezível caso esse premissa passe a ser verdadeira.
Outra situação ainda não analisada é qual o comportamento do governador Jaques Wagner em relação à campanha política do próximo ano. Pela vontade de Jabes Ribeiro, o governador não deveria “se meter” na campanha, a não ser para indicar o nome do vice em sua chapa, mesmo que fosse Alisson Mendonça. Pelo que dizem os correligionários de Jabes, juntaria o que os une (no caso, a base de sustentação estadual e federal) e passaria a debater as diferenças, na busca de uma solução que interessasse a todos.
Em tese, parece fácil. Mas esse tratamento diferenciado agradaria aos outros partidos da base, que defendem os mesmos governos, mas que possuem interesses locais diferentes? Essas são perguntam que não querem calar, principalmente quando se trata da conquista do poder. Cada um desses partidos acredita ser chegada a hora de vencer. Todos eles consideram que reúnem as melhores propostas, as condições mais favoráveis, os melhores candidatos.
Nesse caso, qual seriam os argumentos mais convincentes para fazer esses partidos desistirem de chegar ou se manter no poder? Como costuma dizer o arquiteto Ronald Kalid, “Poder não se dá, poder se toma!”, qualquer deslize ou falta de habilidade das partes envolvidas será fatal para as pretensões. O resultado poderá ser desastroso, como num jogo em que o time com mais chances de vencer perca por WO (não entre em campo).
O autor é advogado, jornalista e editor do site www.ciadanoticia.com.br


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