quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Bernardo Toro defende sistema único de ensino como caminho para melhorar a qualidade da educação pública

Postado por São João do Cariri

  

 Roberto Corsário- Comitê de Ilhéus-Ba e Bernardo Toro - Filósofo e Educador da Colômbia
 
Se os filhos de ocupantes de importantes cargos públicos ou de empresários estudassem na mesma escola que os filhos de seus funcionários, como seria a qualidade do ensino oferecida nessa unidade de ensino?



O questionamento foi feito na sexta feira, 14 de outubro, pelo filósofo e educador colombiano, Bernardo Toro, durante exposição realizada na tarde de encerramento do I Seminário Internacional de Mobilização Social pela Educação – Interação família-escola-comunidade, evento realizado em Fortaleza, Ceará.



Bernardo Toro, um dos mais importantes pensadores e autores sobre educação e democracia na América Latina falou aos participantes sobre como “Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob interpretação e sentido também compartilhados”.



O palestrante ainda estimulou os participantes do Seminário a refletirem em relação à Educação “não como algo divino”. Por isso, lembrou que para ter qualidade o sistema de ensino deve garantir dois elementos fundamentais: Motivação e Método.



Bernardo Toro também afirmou aos mobilizadores sociais pela educação participantes do evento que o papel de defender qualidade para a Educação não é exclusivo dos educadores, mas de toda a sociedade. Explicou que o saber social é um conjunto de conhecimentos, práticas, destrezas, ritos, mitos, valores e instrumentos que permitem à sociedade, entre outras alternativas, sobreviver, conviver, produzir e dar sentido à vida.



O educador e filósofo lembra que a combinação de ciência e cultura permite o bom funcionamento e a qualidade do sistema educacional. “Necessitamos um sistema que tenha um projeto de vida, que nos permita participar de redes sociais e saber como usar a informação em benefício próprio e da coletividade”, refletiu.



Toro ressalta que, na América latina, a maioria dos educadores públicos têm filhos estudando em escolas privadas. A mudança dessa realidade é um dos primeiros desafios apontados por ele para integrar a pauta da mobilização social pela qualidade da educação pública. O palestrante defende que, se os filhos de formadores de opinião e ocupantes de cargos de poder forem estudantes de escolas públicas, seus pais atuarão de maneira mais contundente na defesa de qualidade para a educação oferecida nessas unidades de ensino. “Um país que tenha dois sistemas de ensino (se referindo a um público e um privado) não consegue ter, não é possível ter educação pública de qualidade”, pondera.



Ainda na defesa de um sistema único e de qualidade para todos, Bernardo Toro destacou a frase de autoria do professor e economista brasileiro, Cláudio de Moura e Castro, que também escreve sobre educação: “Se o Brasil dedicasse à Educação a mesma atenção que dedica ao futebol, teria a melhor educação do mundo”.



Toro também defendeu a aprovação, no Brasil, do Projeto de Lei n°. 480 que tramita no Senado Federal, de autoria do senador Cristovam Buarque. A lei obrigaria todo político eleito a colocar seus filhos em escolas públicas. A proposta do senador tem como o objetivo fazer com que os políticos enxerguem a questão da educação por outro ângulo: o de dentro de casa. E isso, segundo Cristovam, incentivaria a melhoria da qualidade de ensino no país.


Após divulgar algumas de suas observações sobre a realidade da educação pública na América Latina e no Brasil, Bernardo Toro conduziu a segunda parte do painel preparado para o Seminário orientando a ação dos mobilizadores sociais pela educação. O conteúdo desta etapa da exposição do educador será divulgado no site e no blog da Mobilização nos próximos dias, complementando a série de publicações sobre o I Seminário Internacional de Mobilização Social pela Educação – Interação família-escola-comunidade.


Blog da Mobilização 

 
 

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