quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

NOTÍCIA DE FALECIMENTO

Professora, Cientista Politica e Antropóloga - Mariza Corrêa


É com enorme pesar e grande consternação que a Diretoria da Associação Brasileira de Antropologia vem comunicar a seus associados e à comunidade antropológica no Brasil que faleceu a Professora MARIZA CORRÊA, Presidente da ABA no período de 1996 a 1998. 



Mariza Corrêa, nascida em Porto Alegre, Rio Grande doo Sul, em 1 de dezembro de 1945, formou-se como professora na Escola Normal, tendo exercida a profissão ao mesmo tempo em que, movida pelo desejo de se tornar escritora, iniciou o curso de graduação em Jornalismo, que concluiria em Belo Horizonte. 

Durante a graduação, estagiou no periódico gaúcho Zero Hora (no qual foi a única mulher na reportagem geral), tendo integrado, já formada, a primeira equipe da revista Veja. Estabelecendo-se anos depois em Campinas lá, por sugestão de Peter Fry, tomou contato com a antropologia, tendo defendido um estudo pioneiro na área de gênero, orientado por Verena Stolcke (1973-1975), que resultaria nos livros Os Crimes da Paixão (São Paulo: Brasiliense, 1981), e Morte em família: representações jurídicas de papéis sexuais (Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983). Em março de 1976, passaria a integrar o Corpo Docente do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas onde desenvolveu extensa carreira, completa em todos os sentidos (da pesquisa à extensão, da docência à administração universitária). 

De 1978 a 1982 cursou na USP o Doutorado em Ciência Política sob a orientação da Professora Ruth Corrêa Leite Cardoso, etapa durante à qual lançou-se como pioneira numa das áreas que distinguiria sua trajetória: os estudos sobre história da antropologia feita no Brasil e sobre o Brasil. A tese que então defendeu intitulada As ilusões da liberdade - a Escola Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil (que ensejou livro homônimo publicado, publicado em Bragança Paulista, pela Editora da Universidade São Francisco, em 2000) abordava ainda as questões raciais. A partir dessas linhas mestras muitos foram os livros e artigos publicados, assim como os orientandos desde a iniciação científica até o doutorado. Na Unicamp, foi ainda uma das idealizadoras e criadoras do seu Núcleo de Estudos de Gênero – o Pagu.

Na ABA, a Professora Mariza Corrêa integrara antes de a presidir as diretorias encabeçadas pelos Professores Roberto Cardoso de Oliveira (1984-1986) como Tesoureira, e João Pacheco de Oliveira Filho (1994-1996), como Diretora Regional. Na gestão do Professor Antonio Augusto Arantes Neto, presidiu a Comissão Organizadora da XVI Reunião Brasileira de Antropologia. Integrou o Conselho Científico da ABA de 1984 a 1988 e, desde 2000, na qualidade de ex-presidente, passou a integrá-lo vitaliciamente. Foi também através de seu trabalho sobre a história da nossa disciplina e de nossa Associação que a documentação da ABA foi acolhida no Arquivo Edgard Leuenroth, o que lhe permitiria escrever e publicar, na ocasião do evento comemorativo dos 50 anos da realização da I Reunião Brasileira de Antropologia, em 2003, o livro As reuniões brasileiras de antropologia: cinquenta anos, 1953-2003 (Campinas: Editora da Unicamp/Brasília: ABA).

Seu legado é extenso, vive, e viverá, não apenas nos trabalhos de nossa Associação mas também nos das gerações de pesquisadores formadas por ela e por seus trabalhos.

Postado por https://www.facebook.com/ABA.antropologia/?fref=nf e https://www.facebook.com/groups/209790145735718/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oposição versus situação: o cenário político em Ilhéus

  Por Jamesson Araújo do Blog Agravo. A disputa eleitoral em Ilhéus está pegando fogo! Em 2020, já tínhamos uma ideia clara de quem seriam o...