quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

UFPB inaugura “Memorial Agassiz Almeida”


“Da ampla visão educacional de Margareth Diniz e Maria Luíza          Feitosa, projetou-se a criação deste ‘Memorial’ que leva o meu nome.” Agassiz Almeida


Sob a visão de um projeto nacional de incentivar a cultura do país com destaque a personalidades que marcaram sua história em defesa de causas que ajudaram a modificar sistemas de relações sociais e políticas arcaicas como as estruturas agrárias e coronelistas do país, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), criou o “Memorial Agassiz Almeida”, baseado no seu acervo literário, documental, político e fotográfico. Agassiz Almeida foi aluno, professor da UFPB e fundador da Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande. Apoiado neste importante acervo histórico cujo alcance abrange o período entre 1950 e 2014,no último dia 29 de novembro a reitoria desta instituição inaugurou o “Memorial Agassiz Almeida”, evento este que contou com a presença de representantes dos mais diferentes segmentos sociais, sobretudo de personalidades do mundo político e intelectual.

Iniciando a solenidade falou Edval Cajá: “O nome de Agassiz Almeida é um monumento histórico diante do qual as gerações atuais e as do amanhã muito aprenderão”.

Em seguida discursou a professora Maria Luíza: “O acervo literário, documental e fotográfico que a UFPB recebeu como doação de Agassiz Almeida, amplamente catalogado, servirá, decerto para estudos e pesquisas durante um conturbado período da nossa história, sobretudo da época da ditadura militar”.

 Damião Cavalcante, representando o governador Ricardo Coutinho, destacou: “A história de Agassiz Almeida é muito rica, tanto por sua atuação política, como por sua obra literária, destacadamente ‘A república das elites’ e a ‘Ditadura dos generais’. Elas apontam, sem dúvida, uma visão de profunda análise da recente história do país. Parabéns à UFPB pela inauguração do ‘Memorial Agassiz Almeida”.

Agradecendo as homenagens disse Agassiz Almeida: “Que palavras posso dizer aos dirigentes da UFPB no momento em que vejo criado aqui, neste prédio, o ‘Memorial’ que leva o meu nome? Que palavras posso dizer àqueles companheiros mudos, meus livros que estão ali perfilados como apóstolos do saber, e que deles por anos e anos recebi tantos ensinamentos?

Nos meus 18 anos, há mais de meio século, eu cruzava os umbrais desta faculdade, prédio construído pelos jesuítas no final do século XVI, e nela embalei os meus sonhos e utopias, entre as letras e a política. Escolhi o caminho da vida pública, direcionando a minha ação norteada no objetivo de romper e modificar estruturas agrárias arcaicas e um coronelismo selvagem.

Fundamos associações rurais nas várzeas férteis do Nordeste, ao lado de Francisco Julião, Assis Lemos, João Pedro Teixeira, Clodomir Morais e Gregório Bezerra.

Desafiei o coronelismo nos cariris paraibanos fundando cooperativas, entre as quais, a de Cabaceiras em 1958, da qual fui o seu primeiro presidente.

Com o apoio de Darcy Ribeiro, criei em 1961 a Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande, unidade inicial para a fundação da Universidade Livre do Nordeste.

Em 1964, desaba sobre o país o golpe militar, cujas garras me atingiram violentamente com a cassação do meu mandato de deputado estadual e a demissão das funções de professor da UFPB e promotor de justiça, culminando com a minha prisão em Fernando de Noronha em 11 de abril daquele ano. Em 1965 descubro o minério bentonita. Em 1967 por pressão do regime militar deixei a Paraíba, indo residir em Vitória da Conquista, e posteriormente em Londrina.

A convite de Ulysses Guimarães em 1968, participei da fundação do MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

Com a lei de anistia em 1979, volto à Paraíba. Em 1986 elejo-me deputado federal constituinte, participando intensamente dos trabalhos da Assembleia Nacional. Em 1990, deixo a vida política e me dedico ao mundo das letras. Produzi obras que estão ali naquele “Memorial”, entre as quais: “500 anos do povo brasileiro, A república das elites, A ditadura dos generais e o Fenômeno humano”.

Que palavras posso dizer aos meus companheiros que estão ali melancolicamente mudos para o adeus da despedida?

Companheiros, ventu venturi, os ventos que hão de vir os protejam da estupidez humana”.
Encerrando a sessão falou o pró-reitor Isaque Medeiros: “O Memorial Agassiz Almeida que a UFPB abrigou, será, sem dúvida, um espaço de estudos e pesquisas, proporcionando sem dúvida, importante contribuição às atuais e futuras gerações”.


Agassiz Almeida marcou uma época ao lado de personalidades como Darcy Ribeiro, com quem fundou a Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande. Parabéns, Agassiz Almeida, a sua história é a história de uma geração”.

Ascom - Maria Yohanha

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