“Da
ampla visão educacional de Margareth Diniz e Maria Luíza Feitosa, projetou-se a criação deste
‘Memorial’ que leva o meu nome.” Agassiz Almeida
Sob a visão de um projeto nacional de incentivar a
cultura do país com destaque a personalidades que marcaram sua história em
defesa de causas que ajudaram a modificar sistemas de relações sociais e
políticas arcaicas como as estruturas agrárias e coronelistas do país, a
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), criou o “Memorial Agassiz Almeida”,
baseado no seu acervo literário, documental, político e fotográfico. Agassiz
Almeida foi aluno, professor da UFPB e fundador da Faculdade de Ciências
Econômicas de Campina Grande. Apoiado neste importante acervo histórico cujo
alcance abrange o período entre 1950 e 2014,no último dia 29 de novembro a reitoria desta instituição
inaugurou o “Memorial Agassiz Almeida”, evento este que contou com a presença
de representantes dos mais diferentes segmentos sociais, sobretudo de
personalidades do mundo político e intelectual.
Iniciando
a solenidade falou Edval Cajá: “O nome de Agassiz Almeida é um monumento
histórico diante do qual as gerações atuais e as do amanhã muito aprenderão”.
Em
seguida discursou a professora Maria Luíza: “O acervo literário, documental e
fotográfico que a UFPB recebeu como doação de Agassiz Almeida, amplamente
catalogado, servirá, decerto para estudos e pesquisas durante um conturbado
período da nossa história, sobretudo da época da ditadura militar”.
Damião Cavalcante, representando o governador
Ricardo Coutinho, destacou: “A história de Agassiz Almeida é muito rica, tanto
por sua atuação política, como por sua obra literária, destacadamente ‘A
república das elites’ e a ‘Ditadura dos generais’. Elas apontam, sem dúvida,
uma visão de profunda análise da recente história do país. Parabéns à UFPB pela
inauguração do ‘Memorial Agassiz Almeida”.
Agradecendo
as homenagens disse Agassiz Almeida: “Que palavras posso dizer aos dirigentes
da UFPB no momento em que vejo criado aqui, neste prédio, o ‘Memorial’ que leva
o meu nome? Que palavras posso dizer àqueles companheiros mudos, meus livros
que estão ali perfilados como apóstolos do saber, e que deles por anos e anos
recebi tantos ensinamentos?
Nos
meus 18 anos, há mais de meio século, eu cruzava os umbrais desta faculdade,
prédio construído pelos jesuítas no final do século XVI, e nela embalei os meus
sonhos e utopias, entre as letras e a política. Escolhi o caminho da vida
pública, direcionando a minha ação norteada no objetivo de romper e modificar
estruturas agrárias arcaicas e um coronelismo selvagem.
Fundamos
associações rurais nas várzeas férteis do Nordeste, ao lado de Francisco
Julião, Assis Lemos, João Pedro Teixeira, Clodomir Morais e Gregório Bezerra.
Desafiei
o coronelismo nos cariris paraibanos fundando cooperativas, entre as quais, a
de Cabaceiras em 1958, da qual fui o seu primeiro presidente.
Com
o apoio de Darcy Ribeiro, criei em 1961 a Faculdade de Ciências Econômicas de
Campina Grande, unidade inicial para a fundação da Universidade Livre do
Nordeste.
Em
1964, desaba sobre o país o golpe militar, cujas garras me atingiram
violentamente com a cassação do meu mandato de deputado estadual e a demissão
das funções de professor da UFPB e promotor de justiça, culminando com a minha
prisão em Fernando de Noronha em 11 de abril daquele ano. Em 1965 descubro o
minério bentonita. Em 1967 por pressão do regime militar deixei a Paraíba, indo
residir em Vitória da Conquista, e posteriormente em Londrina.
A
convite de Ulysses Guimarães em 1968, participei da fundação do MDB (Movimento
Democrático Brasileiro).
Com
a lei de anistia em 1979, volto à Paraíba. Em 1986 elejo-me deputado federal
constituinte, participando intensamente dos trabalhos da Assembleia Nacional.
Em 1990, deixo a vida política e me dedico ao mundo das letras. Produzi obras
que estão ali naquele “Memorial”, entre as quais: “500 anos do povo brasileiro,
A república das elites, A ditadura dos generais e o Fenômeno humano”.
Que
palavras posso dizer aos meus companheiros que estão ali melancolicamente mudos
para o adeus da despedida?
Companheiros,
ventu venturi, os ventos que hão de vir os protejam da estupidez humana”.
Encerrando
a sessão falou o pró-reitor Isaque Medeiros: “O Memorial Agassiz Almeida que a
UFPB abrigou, será, sem dúvida, um espaço de estudos e pesquisas,
proporcionando sem dúvida, importante contribuição às atuais e futuras gerações”.
Agassiz
Almeida marcou uma época ao lado de personalidades como Darcy Ribeiro, com quem
fundou a Faculdade de Ciências Econômicas de Campina Grande. Parabéns, Agassiz
Almeida, a sua história é a história de uma geração”.
Ascom - Maria Yohanha
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