quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vencemos o coronelismo, vencemos o Ibope.

21 de setembro de 2010

*Elias Reis

Domingo, dia 02 de outubro de 2006, pouco depois das 11 da noite, o candidato à Governador da Bahia Paulo Souto telefona para seu adversário, Jaques Wagner, e reconhece a derrota. Quase em seguida, na Praça Municipal, seguindo pela Rua Chile e se estendendo até a Praça Castro Alves, em Salvador, começa a comemoração, e surge uma faixa carregada pelos petistas e aliados: “Vencemos o coronelismo, vencemos o Ibope”. Sintetizava a perda do controle de ACM sobre mandonismo político baiano e o resultado surpreendente e desmoralizador sobre o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, presidido pelo mercantilista Carlos Augusto Montenegro.

Ciro Gomes (PSB), ainda pré-candidato à Presidente da República, numa entrevista concedida no final do mês abril deste ano ao programa “É Notícia”, apresentado pelo jornalista da Folha de São Paulo Kennedy Alencar, fez um contundente comentário desqualificando as pesquisas realizadas pelo Ibope no país. Referindo-se as pesquisas divulgadas pelo instituto na época, Ciro disse que o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, “vendia até a mãe para ganhar dinheiro”.

“O Montenegro vende até a mãe para ganhar dinheiro, isso aí eu conheço de longuíssimas datas, vende e vende mesmo. O brasileiro não pode deixar o dinheiro, a manipulação dos institutos de pesquisa tirar a sua consciência”, disparou Ciro.

Na Bahia, em 2006, o Ibope previa até a véspera da eleição a vitória sacramentada de Paulo Souto, ainda no primeiro turno, acima de 51% dos votos válidos. Naquela eleição Wagner sempre esteve atrás, começando e se mantendo sempre em segundo lugar em todas as pesquisas, com chances remotas de sucesso. A partir do mês de agosto, a coordenação da coligação e até mesmo o candidato do PT não acreditavam em nenhuma hipótese vencer a eleição no 1º turno, tanto que sua assessoria trabalhava forte na tentativa de levar a eleição para o 2º turno. A presença de ACM na campanha para reeleição de Paulo Souto era sinal, aparentemente, de conforto e estabilidade. E, as pesquisas favoráveis contribuíam para certa tranqüilidade. Ledo engano!

Apurações feitas e, detectou-se de imediato que o Ibope errou. E errou drasticamente. Numa virada inesperada, até mesmo para o candidato Wagner, os baianos, de fato, acabavam de vez com o coronelismo instalado na primeira capital do Brasil. Às 23h, com quase 90% das urnas apuradas, não havia mais o que fazer. ACM sentado numa poltrona da governadoria do Estado refletia a grande derrota, deixando a lágrima rolar. Já no dia seguinte, 03/10, o TRE totalizava o resultado na Bahia: Jaques Wagner, eleito já no primeiro turno, contrariando as previsões dos Institutos de pesquisas, especialmente do Ibope e até mesmo os petistas mais otimistas, obtendo 52,89%, enquanto Paulo Souto, apoiado por ACM, teve apenas 43,03 dos votos dos eleitores. Situações semelhantes ocorreram em outros estados. Existem provas, segundo Ciro Gomes, que os Institutos de pesquisas manipulam. Principalmente o Ibope do mercenário Montenegro.

O candidato Jaques Wagner não confia plenamente no Ibope e sorri de forma amarelada sobre sua pontuação; os militantes estão desconfiados; parte da mídia tenta emplacar e formar opinião positiva em torno do 13, pois sabem muito bem, que as pesquisas de opinião não refletem verdadeiramente a verdade, devido o número mínimo de pesquisados. A própria vitória de Wagner em 2006, o deixa desconfiado neste pleito. Sabe que tudo é possível.

O Wagner sabe que as amostras dos institutos são estratificadas por região geográfica, capital e alguns municípios, num total máximo de 40 cidades. Em cada estrato, num primeiro estágio, são sorteados os municípios que farão parte do levantamento. Num segundo estágio, são sorteados os pontos de abordagem onde serão aplicadas as entrevistas. Por fim, os entrevistados são selecionados aleatoriamente para responder ao questionário, de acordo com cotas de sexo e faixa etária. E, sabe lá Deus como são abordados os pesquisados. Outro agravante que vem preocupando a coligação “PRA BAHIA SEGUIR EM FRENTE” é que o estado tem 417 municípios. Ou seja, existem 377 cidades que ainda não foram pesquisadas e, os números de Wagner hoje, são bem semelhantes aos de Paulo Souto em 2006. Ambos com grandes cabos-eleitorais. Em 2006 Paulo Souto se apoiava em ACM. Hoje, o galego se encosta em Lula.

*Elias Reis é articulista e Presidente do Sindicato dos Radialistas de Ilhéus.

eliasreis.ilheus@gmail.com

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