O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) selou definitivamente o rompimento da aliança do PMDB com o PT no Estado, ao classificar nesta quinta, 06, a administração Wagner como “governo medíocre”. Agora, só faltam as exonerações dos dois secretários peemedebistas (Rafael Amoedo, da Indústria e Comércio, e Batista Neves, da Infraestrutura) e do pai de Geddel, Afrísio Vieira Lima, da presidência da Junta Comercial da Bahia (Juceb).
O acirramento na relação entre Geddel e Wagner, que começou a piorar a partir da eleição do ano passado, chegou ao clímax nesta quinta, quando o peemedebista rebateu a nota em que Wagner disparou o seguinte recado: “Não contratei por lote e não reconheço partido político como agência de terceirização de mão-de-obra. Não preciso de intermediários para conversar com os meus secretários. Quando eles me procurarem, conversarei pessoalmente e aceitarei os pedidos de exoneração que me forem apresentados”.
A mensagem do governo, distribuída para a imprensa, foi em resposta a pedido de audiencia feito pelo ministro Geddel por telefone para Wagner, com o objetivo de entregar carta com a formalização do afastamento do PMDB da base governista e com os pedidos de exoneração dos cargos que a legenda ocupa na máquina estadual.
Traição – O ministro reagiu às palavras do governador e reafirmou sua autoridade na legenda. “Os secretários não vão procurar o governador porque quando eles foram indicados o governador procurou a mim. Eu telefonei para o governador como um ex-presidente do partido, imaginando que se tratava de um democrata irredutível. Se ele não quis conversar de uma forma como eu gostaria, civilizada, educada, não-passional, vamos protocolar as cartas de demissão dos secretários, que confirmarão a opção política que fizemos há dois anos, quando o PT nos traiu na eleição para a Prefeitura de Salvador”, garantiu o ministro, que, entretanto, preferiu não falar a data para a formalização dos pedidos de exoneração.
“Minha divergência não é com a figura pessoal do governador, é com o governo medíocre que ele vem realizando”, enfatizou Geddel, cuja declarada candidatura ao governo se coloca como possibilidade de um segundo palanque para a disputa presidencial de Dilma Rousseff, em 2010, na Bahia. “O governador diz que colocar os cargos à disposição é jogo de palavras; para mim, é manifestação política. Mas se o governador e o PT querem um papel, vamos entregar um papel”. A assessoria de comunicação de Wagner disse que não recebeu do PMDB nenhum pedido oficial de audiência.
O desfecho para o fim do casamento entre o PT e o PMDB vem na esteira de uma série de alfinetadas via imprensa, em paralelo com a intensificação dos movimentos de Geddel pelo interior em consulta às bases para a consolidação de sua candidatura, em contraposição ao projeto de reeleição de Wagner. Entre as trocas de farpas, estão as recentes declarações em entrevistas à rádio Tudo FM, em que o presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, disse que “daria umas boas palmadas no governo do PT”, e Wagner, por sua vez, disparou que “é melhor ter um adversário leal do que um aliado traidor”.
Wagner não respondeu ao fato de ter o seu governo classificado como “medíocre”, mas o líder do governo, Waldenor Pereira (PT), foi para a ofensiva: “Geddel, além de atingir o governo que ele compõe, trai o projeto do presidente Lula. Antes de Lula, ele foi um parlamentar inexpressivo, apagado, sempre vinculado a Fernando Henrique (ex-presidente pelo PSDB). O PMDB, antes de Wagner, era um partido inexpressivo na Bahia. Por isso, eu considero ele um ingrato”. O presidente estadual do PT, Jonas Paulo, disse que Geddel “funciona como uma linha auxiliar dos adversários de Lula na Bahia”.
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