quinta-feira, 10 de junho de 2010

Políticos e promessas.

10 de junho de 2010
Elias Reis
eliasreis.ilheus@gmail.com


“Os candidatos têm seus momentos de euforia nos quais tudo prometem... “
Antigamente se dava muito valor à palavra empenhada. Com assinatura ou sem assinatura, o que valia era o acordo pré-eleitoral, verbal, em que um político dava a um cabo eleitoral. A sua palavra! Tudo aconteceria conforme havia sido combinado. Hoje não é mais o que acontece. Hoje as coisas estão muito diferentes.
Depois que o político é eleito o prometido só é cumprido se for conveniente, financeiramente viável ou possibilitar reais vantagens a quem prometeu. Essa história de honrar a palavra dada é coisa de um passado distante, que convém nem lembrar a fim de afastar a vergonha que os antigos exemplos possam nos causar.
Politicamente, no passado, ainda que houvesse prejuízo, a palavra era mantida. Coisa ética, compromisso firmado que atualmente assume ares de tolice. “colaboradores, militantes, o povo -, somente nos interessa antes da campanha”, afirma alguns neo-políticos. Talvez o senso e inspiração do filósofo Nicolau Maquiavel.
Talvez você que tanto ajudou seu candidato, correu ruas, subiu morros, viajou pelo interior, deva estar pensando: “Isso aconteceu comigo, até hoje não fui procurado por aquele que tanto ajudei, aquele que conseguir tantos votos”. É isso mesmo. A gente se decepciona quando as coisas não acontecem em conformidade com as nossas expectativas, principalmente quando previamente tudo já estava acertado. Um sujeito que diariamente se encontra na praça J.J. Seabra, em Ilhéus, conhecida como praça da fofoca, não para de lamentar o seu empenho e luta por um candidato a vereador, em 2008, aqui da cidade. Naquele ano acordava todos os dias às 5h da manhã, entregava panfletos, participava de reuniões, realizava torneios de futebol, inventava bingos, caminhava lado a lado com o postulante, subia morro, descia morro, apoiava, gritava, esperneava, aplaudia, emprestava folhas de cheques e tudo mais. Foram 10 meses de adesão. Negócio fechado, amarrado e concretizado. Se fulano fosse eleito, o emprego estaria garantido na Câmara Municipal ou na Prefeitura. Tudo em vão. O político foi eleito, já começou a fazer fortuna e, nada de emprego para o seu cabo eleitoral. “Calma, tô vendo aí - espere um pouco, quem sabe mês que vem”, a mesma enrolação de sempre. Faz-se 18 meses de eleito e o vereador continua protelando aquilo que prometeu.
Hoje o cabo-eleitoral não tem mais esperança, pois não acredita como alguém tão amigo e morador de seu bairro é capaz de, depois de tudo acertado, dá pra trás e não reconhecer o seu empenho, a sua luta e sua disponibilidade. “Isso é ingratidão, isso é falta de compromisso, é falta de palavra”, afirma o militante, decepcionado e triste, por não ser contemplado com um emprego.
A vida é assim mesmo. Às vezes, estamos absolutamente certos acerca daquilo que queremos e nos forçamos a seguir nessa direção angariando a obrigação recíproca que, por inúmeros motivos, nem sempre se concretiza. É uma frustração enorme. O cabo-eleitoral chora, pois não se conforma com o desfecho de algo que estava completamente líquido e certo. Fazer o que?
Ruim para os dois lados. Pior para quem ficou com a promessa, a palavra empenhada. Mas não há no que se preocupar, na vida tudo passa. “há males que vêm pra bem”. O certo é esquecer esse político sem palavra, esquecer esse episódio amargo.
2012 será outro capitulo!

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