Agencia da Câmara
Em audiência na Câmara, Mário Negromonte afirmou que as doações de empreiteiras ao PP foram legais e que o órgão não é responsável pela contratação de obras.
Pedro França
Negromonte: "Quem contrata é o ente federado."
Segundo reportagem da revista, no ano passado o secretário nacional de Saneamento do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski, também trabalhava como tesoureiro nacional do PP, arrecadando recursos para financiar a campanha do partido. De acordo com o ministro, porém, o secretário deixou a tesouraria da legenda ao assumir o cargo, em 2010.
A matéria diz que o ministério teria liberado pagamentos irregulares em favor de três empreiteiras que doaram mais de R$ 15 milhões ao PP nas eleições de 2010. Conforme a Isto É, as obras teriam sido consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Licitações
Negromonte ressaltou que as empresas que realizam as obras de saneamento, habitação e mobilidade urbana, ligadas às secretarias nacionais do ministério, não são contratadas diretamente pelo ministério. “Quem contrata empresas é o ente federado, responsável pela licitação e execução da obra”, disse. Portanto, segundo ele, “um servidor do ministério não pode destinar verba para privilegiar esta ou aquela empresa”.
Ele negou ainda que as obras fossem irregulares. Conforme o ministro, acórdão do TCU solicitou adequação de preço e recomendou expressamente a continuidade das obras.
De acordo com Negromonte, o partido não cometeu ilegalidade ao receber doações das empreiteiras que realizam obras para a pasta. “As doações foram legais e informadas ao Tribunal Superior Eleitoral. Ao contrário do que tentou estabelecer a revista, não há vínculo entre as doações das empreiteiras a partidos políticos e a realização de obras legais, realizadas com licitação”, disse. “Nenhuma empresa que doar recursos poderá realizar obras no governo?”, questionou.
Em resposta ao deputado da oposição Heuler Cruvinel (DEM-GO), o ministro informou que recebe representantes de empresas no ministério, mas “com transparência” e sempre com a presença de “um assessor na sala”.
O ministro disse ainda que as denúncias são anteriores à sua posse. Negromonte afirmou que a revista tenta imputar ao ministério um “aparelhamento” que não existe e que ele tem se pautado pela escolha de corpo técnico qualificado. Segundo o ministro, de 1.060 funcionários, apenas 45 foram nomeados por ele.
Líderes
Na audiência, os líderes do governo, do PP, do PT e do PMDB prestaram apoio ao ministro. O líder do governo, deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), destacou a ausência de questionamento da oposição em relação às declarações de Negromonte e disse que o governo Dilma Rousseff tem “confiança absoluta” no ministro.
Já o líder do PP, deputado Nelson Meurer (PR), afirmou que Negromonte representa “com muita dignidade” o partido no governo Dilma. Meurer elogiou também a iniciativa do ministro de comparecer espontaneamente à comissão para prestar esclarecimentos sobre as denúncias.
O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), por sua vez, destacou que considera Negromonte “excessivamente rigoroso e cuidadoso” na condução dos trabalhos da pasta. “O Ministério das Cidades é exemplar”, afirmou. O líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), também manifestou apoio do partido ao ministro e disse que não aceita tentativa de desunir a base.
Para Negromonte, a ausência da oposição na audiência demonstrou a falta de consistência das denúncias.
Reportagem - Lara Haje
Edição - Daniella Cronemberger
Edição - Daniella Cronemberger
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