terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Os melhores do ano

Ilhéus, 02 de fevereiro de 2010.

Elias Reis

eliasreis.ilheus@gmail.com


Todo ano sempre é a mesma coisa - as pessoas insistem na mania de eleger aquele ou aquela que mais se destacou no ano. Quem foi à melhor atriz, melhor apresentador de televisão, melhor cantora, melhor médico, melhor deputado, melhor executivo, melhor vereador, melhor advogado, melhores prefeitos da região, melhor esse, melhor aquele e por ai vai...

Esse hábito é universal e, claro, também acontece no eixo Ilhéus/Itabuna e não é infundado. Todos gostamos de ser enaltecidos. Porém, pelo amor ao trabalho ou por um feito que realizamos. Quem é íntegro tem essa vaidade, mas de forma profunda. Um exemplo é o Prêmio Nobel. Poucos ganham. Ele é concedido apenas a quem se destaca de verdade, em algumas áreas para o bem da humanidade. E é positivo que a humanidade saiba o que esse pesquisador fez, porque ele servirá de exemplo para as pessoas progredirem. Creio que nenhum ganhador do Nobel tenha trabalhado em função do prêmio, mas pelo resultado do trabalho. O prêmio é um mero reconhecimento, por maior que seja.

Mas o ser humano tem o dom de deturpar tudo, ou quase tudo... Há as listas que refletem somente a vaidade em seu sentido mais inconseqüente; promovendo pessoas que fez pouco ou quase nenhum esforço. Logicamente, nos referimos àquelas famosas listas do tipo as mulheres mais saradas ou os rostinhos mais bonitinhos. Dois exemplos bem definidos: A ‘apresentadora’ Sabrina Sato foi considerada por algumas revistas como uma das celebridades do ano da televisão brasileira, em 2009. E, Juliana Paes como uma das atrizes mais importantes e influentes do país. Afinal, o que exatamente soma essas duas figuras no cenário nacional? Quais as grandes ações e destaques dessas duas? Juliana Paes é bonita e tem um corpo exuberante, mas, longe de se tornar uma Fernanda Montenegro ou uma Suzana Vieira, nomes sagrados não apenas da televisão, mas do teatro, verdadeiras escolas da dramatização e do riso. Considerar Sabrina Sato como apresentadora é um absurdo. Pasmem celebridade da televisão brasileira! A imprensa do eixo Rio/SP, só falta mesmo chamá-la de uma grande formadora de opinião. A deturpação é tão absurda, que a imprensa do sudeste já intitula a Gaga de Ilhéus, Solange (Record) e Zina (RedeTV), como humoristas. Como classificaríamos então, Renato Aragão e Chico Anísio?

Há algum valor nesses títulos? Não creio. Atrás dessas promoções geralmente correm interesses, dinheiro, oportunismo e coisas inconfessáveis. Às vezes me pergunto: como se sente um Roberto Cabrini, apresentador sério, que trabalha a mais de 30 anos em coberturas jornalísticas investigativas, dia e noite, e vê sendo premiada uma ex-BBB, como apresentadora celebridade da televisão brasileira?

Como se sente um cientista brasileiro, anônimo, que ao longo de sua vida trabalhou duro para conseguir um avanço na cura de uma determinada doença e vê alguém sendo premiado por ser considerada apenas por ser sexy e, receber os louros do reconhecimento?

Mas, infelizmente é assim que o Brasil gira, entre expoentes que trabalham de alguma forma pela sociedade e exploradores que apenas vivem dela, como parasitas. Por isso, cabe a nós discernir o que beneficia a humanidade da mera badalação, deixando de lado apenas aqueles que querem vender revistas e faturar às nossas custas.

Nas listas dos melhores do ano, com raríssimas exceções, o promoter, normalmente, envia os convites anexados à fatura.

Acho que nos dias que correm há coisas mais sérias na vida para nos preocuparmos, certo?

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