sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

SUCESSÃO ESTADUAL

Do Pimenta na Muqueca

Por Marco Wense


Souto, Wagner e Geddel.
Enquanto o governador Jaques Wagner, do Partido dos Trabalhadores (PT), estiver em uma posição confortável nas pesquisas de intenção de voto, a implícita parceria entre o PMDB e o DEM vai continuar.

Os democratas e os peemedebistas, tendo a frente Paulo Souto e Geddel Vieira Lima, pré-candidatos ao Palácio de Ondina, estarão sempre unidos na missão de criticar o governoWagner.

Nada mais natural e democrático. A oposição faz seu papel. Se o governador da Bahia fosse do PMDB, DEM ou do PSDB, os petistas, com suas bandeiras vermelhas, em companhia dos comunistas e socialistas, fariam a mesma coisa.

Os tucanos, sob o comando de Imbassahy, presidente estadual do PSDB, de olho na eleição presidencial, torcem para que o namoro entre peemedebistas e democratas seja duradouro.

O problema é que a duração do namorico entre o PMDB e o DEM depende do andamento do processo sucessório, do cenário eleitoral futuro, mas precisamente do mês de maio, antes das convenções partidárias que acontecem em junho.

Se o momento político apontar para uma eleição em dois turnos, descartando a reeleição de Wagner na primeira rodada, o “love” do PMDB com o DEM passa a ser coisa do passado.

Como ninguém, pelo menos em sã consciência, acredita na hipótese do chefe do Executivo ficar de fora de um eventual segundo round, a disputa entre peemedebistas e democratas, com geddelistas e soutistas trocando “delicadezas”, é inevitável.

O confronto entre Geddel e Souto, em uma situação de empate técnico, seria duríssimo. Exemplificando com números, observe a seguinte hipótese: Wagner com 40%, Souto 23% e Geddel 19%.

O DEM não abre mão de ser o protagonista da oposição, assim como foi o PT na sucessão de 2006, quando o então candidato do partido, Jaques Wagner, liquidou a fatura no primeiro turno.

Se o PMDB tentar “roubar” a bandeira do oposicionismo, os democratas vão alegar, com toda razão do mundo, que os peemedebistas passaram quase três anos no governo Wagner usufruindo das benesses inerentes ao poder.

Em relação ao apoio de quem ficar de fora da disputa, é evidente que Paulo Souto, independente da eleição para presidente da República, fica com Geddel. O óbvio ululante é o DEM versus PT.

No caso de Geddel, com um segundo turno entre Wagner e Souto, a eleição presidencial é fator decisivo. Para muitos analistas políticos, o peemedebista fica com o democrata se a candidatura da petista Dilma Rousseff fracassar.

Sinceramente, não acredito que Geddel Vieira Lima, em detrimento de um pedido pessoal do presidente Lula para que apoie Wagner, passe para o lado do DEM. Seria uma inominável traição. Uma ingratidão imperdoável.

Geddel é o que é hoje, com o seu PMDB, graças ao presidente Lula. Sua ascensão política se deve ao Geddel como ministro da Integração Nacional. Se fosse um simples deputado federal não seria nada diante de um Jaques Wagner e Paulo Souto.

A sucessão estadual promete muitas emoções. “São tantas as emoções…”, diria o eterno rei Roberto Carlos.
AZEVEDO, ALICE E A INFIDELIDADE

É evidente que a presidente do DEM de Itabuna, Maria Alice, não concorda com um possível e cada vez mais provável apoio do prefeito Azevedo ao projeto de reeleição do governador Jaques Wagner (PT).

A ex-dama de ferro sabe que espernear não é o melhor caminho. Qualquer atitude intempestiva só vai acelerar a decisão do chefe do Executivo de apoiar o segundo mandato do petista.

Um outro detalhe é que o instituto da fidelidade partidária, tido como o eixo principal da tão propalada e decantada reforma política, “condicio sine qua non”, é igual a uma nota de R$ 3,00.

O presidente estadual da legenda, Paulo Souto, pré-candidato ao Palácio de Ondina, encara com naturalidade a declaração de apoio de prefeitos do DEM ao ministro Geddel (PMDB), conforme divulgou sua assessoria de imprensa.

A infidelidade só existe do DEM para o PT. Quando é do DEM para o PMDB é permitida. Sem dúvida, mais um sinal de que peemedebistas, carlistas e democratas estão de mãos dadas.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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