quarta-feira, 31 de março de 2010

Ciro Gomes: o Parlamento deve garantir a governabilidade do País

André Abrahão

Deputado federal de primeito mandato, Ciro Gomes (PSB-CE) trouxe para o Parlamento sua experiência pública adquirida como prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e duas vezes ministro de Estado (Fazenda e Integração Nacional). Advogado e professor universitário, 52 anos, ele se define como “uma voz incansável” na defesa da interligação do rio São Francisco aos rios secos do Nordeste setentrional. O projeto, que foi tema de intensos debates em todo o País, pode vir a beneficiar 12 milhões de pessoas da região mais castigada pelas secas.

Ciro Gomes foi também autor do substitutivo aos PLs 3937/04 e 5877/05. Aprovado pelo Plenário da Câmara em dezembro de 2008 e em análise no Senado, o texto propõe medidas para reduzir a burocracia do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e otimizar os processos de análise de condutas econômicas que possam trazer prejuízos ao consumidor.

O que considera mais importante para o Brasil manter boas taxas de crescimento?
Uma reforma profunda no Estado, com a profissionalização do serviço público, e a adoção de um modelo econômico que privilegie a austeridade fiscal, o câmbio flutuante e a inflação sob controle. O fortalecimento da indústria nacional, que torne o País mais competitivo, também é um grande desafio. Mas a isso deve estar aliado um trabalho intenso para a manutenção dos programas sociais que têm dado certo, e também a intensificação do ensino profissionalizante com a sua total interiorização, fazendo com que alcance os mais remotos cantos deste País. Há ainda uma questão preocupante que diz respeito à proteção de nossas fronteiras, onde se deve acentuar o combate ao tráfico e ao contrabando.

Uma reforma política também é importante neste contexto?
Nosso atual sistema político está falido e precisa ser reformado. O que me preocupa, verdadeiramente, é a novelização dos escândalos e dos maus feitos da política, o que faz com que o povo, notadamente a juventude, seja induzido a crer que a política é uma coisa inconsequente, quando, no entanto, foi ela quem venceu a inflação e colocou o País no rumo do desenvolvimento. É preciso que o povo eleja em 2010 um Congresso Nacional ativo, que se ponha à frente no combate à corrupção e acabe com o fisiologismo na política. Isso porque entendo que o Parlamento deve garantir a governabilidade.

O que o senhor tem priorizado em sua atuação parlamentar?
Tenho sido uma voz incansável na defesa da interligação de bacias do rio São Francisco aos rios secos do Nordeste setentrional. O projeto, que passou por amplos debates em todo o País, vai beneficiar 12 milhões de pessoas da região mais castigada do Brasil. Fui relator do projeto de lei que propõe medidas para reduzir a burocracia do Cade e otimizar os processos de análise de condutas econômicas que possam trazer prejuízos ao consumidor. O projeto foi aprovado pelo Plenário da Câmara em dezembro de 2008 e está no Senado. Também estou na linha de frente em defesa dos estados não produtores de petróleo para que estes garantam, no novo marco regulatório do pré-sal, recursos suficientes para mudar parte importante da injustiça no Brasil.

Quais são os seus planos no campo político?
Sou do PSB e o meu partido aceitou minha pré-candidatura à Presidência da República e trabalha por ela. Temos um projeto nacional e vamos encarar esta empreitada. Tenho experiência como ministro da Fazenda e sou um dos criadores do Plano Real, o mais bem sucedido no Brasil.

O Plano Real continua com impacto positivo?
O Plano Real foi objeto do compromisso firme com a governabilidade. Estabilizou a economia e o processo político no País e teve um impacto que perdura há 15 anos pela profundidade com que ele interveio na economia brasileira. Ele deve ser mantido, porque esta é uma herança que todo bom governante deve preservar.

Jornal da Câmara

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