domingo, 2 de maio de 2010

Collor contraria PT e anuncia interesse em disputar governo de Alagoas

Carlos Madeiro Especial para o UOL Eleições De Maceió

O ex-presidente e senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL) afirmou a


aliados políticos que deverá ser candidato ao governo de Alagoas nas


eleições de 2010. A decisão racha o “chapão” (aliança de partidos em


Alagoas que compõem à base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva),


que deveria montar palanque único para a disputa contra a reeleição do


governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e para a presidenciável Dilma


Rousseff (PT) no Estado.



Collor foi um dos idealizadores do “chapão” em Alagoas e teria


garantido, em reunião com integrantes do grupo, que não seria


candidato a nada este ano. O grupo definiu, então, o nome do


ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) para a disputa majoritária. O


ex-presidente ainda não se pronunciou oficialmente sobre a


candidatura.



Nessa quinta-feira (29), no entanto, o cenário começou a ser definido.


Segundo o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Collor telefonou para


anunciar o que desde o início da semana já era alardeando por todo o


Estado. “Ele me ligou e disse que tinha interesse em ser candidato. Eu


o respeito, mas disse que mantenho minha palavra de apoiar Ronaldo


Lessa ao governo”, disse o colega de Senado.



A tática de manter o silêncio sobre uma candidatura e trabalhar apenas


nos bastidores não é uma novidade para Collor. Em 2006, ele se lançou


à disputa ao Senado faltando apenas 28 dias para a eleição. Mesmo


assim foi eleito, batendo o próprio Ronaldo Lessa na disputa.



Embora esteja em um partido que compõe a base do governo Lula, a


pré-candidatura de Collor não agrada ao PT em Alagoas, que já decidiu


se afastar do ex-presidente. “Não há possibilidade de apoiarmos


Collor. Isso já foi decidido pela base em congresso. O candidato nosso


é de Dilma é Ronaldo Lessa”, afirmou o presidente da legenda no


Estado, Joaquim Brito.



Collor acredita que a situação - que parecia já definida com a escolha


de Lessa - pode ter uma reviravolta. Na próxima semana, ele e líderes


nacionais do PTB devem ter um encontro com o ministro do Trabalho e


presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para que ele tente convencer


Lessa a não disputar o governo do Estado e abra espaço para uma


candidatura única dos partidos que apóiam Dilma. O encontro foi


confirmado por "colloridos" alagoanos. "O ideal seria essa candidatura


única. Mas mesmo que não aconteça, ele deve manter a candidatura",


disse um aliado próximo.



Mas segundo o próprio Lessa, que foi convencido a disputar o governo


após reunião com o presidente Lula, não existe a possibilidade de


abrir mão da disputa para apoiar Collor. “Minha candidatura é


irreversível e tem o apoio do presidente Lula e de Dilma. Vamos ter


três candidatos fortes, com características bem definidas. Vai ser


mais emocionante assim”, declarou nesta sexta-feira (30).



Lessa disse que Collor telefonou para ele esta semana e, embora não


tenha anunciado a candidatura, afirmou que queria conversar com


pessoalmente e pediu para que o pedetista vá a Brasília na próxima


semana. “Eu já tinha sido informado dessa disposição dele de ser


candidato. Não me espanta. É um direito que ele tem”, disse.



Já o prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP), que até março era tido


como o candidato mais forte do “chapão” para a disputa, insinuou que


Collor traiu o grupo ao se lançar candidato. “A melhor coisa que fiz


foi desistir da candidatura. Essa rasteira que deram nele [Ronaldo


Lessa] seria dada em mim. Sabia que ia levar um ‘toco’ e sai”,


afirmou.



O UOL Eleições tentou contato com a assessoria de comunicação de


Collor, em Brasília, mas as ligações não foram atendidas. A reportagem


também telefonou para o presidente do PTB de Maceió, deputado federal


Augusto Farias, mas um assessor atendeu o celular e informou que o


parlamentar tinha ido jantar com a família, sem previsão de retorno.

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